Dr. Franco Martins é pneumologista e gerente médico de vacinas da GSK. Ele é formado pela Unicamp e fez residência méd...
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O que é Tuberculose?
A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada por uma micobactéria capaz de atingir pulmão, ossos, intestinos e o sistema nervoso. A condição se divide em diferentes tipos e provoca sintomas como tosse, falta de ar e fraqueza.
Causas
A tuberculose sempre é causada pela infecção da micobactéria chamada Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK).
Como ocorre a transmissão da tuberculose?
A tuberculose é contagiosa e a transmissão é direta, de pessoa a pessoa. Portanto, a aglomeração de indivíduos é o principal fator de transmissão. A pessoa com tuberculose expele ao falar, espirrar ou tossir pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso, que é aspirado por outra pessoa.
Desnutrição, diabetes, tabagismo, uso de drogas e queda da imunidade são fatores de risco para que a microbactéria se multiplique e desenvolva a infecção.
Saiba mais: Você tem chances de ter tuberculose? Conheça os fatores de risco
Tipos
Tipos de tuberculose
Embora o único meio de transmissão da doença seja por vias aéreas, a bactéria pode entrar na corrente sanguínea e infectar outros órgãos, mesmo sem se manifestar. O sistema imunológico de cada paciente pode responder de forma diferente à contaminação.
Confira os tipos de tuberculose mais comuns:
- Tuberculose extrapulmonar: atinge com mais frequência pessoas com imunidade baixa, como recém-nascidos, pacientes com IST e pessoas com imunodeficiência.
- Tuberculose pulmonar: afeta os pulmões e é sua forma mais comum. O bacilo se instala no pulmão e causa sintomas como tosse seca, com sangue ou sem, dor e dificuldade de respirar.
- Tuberculose ganglionar: acontece quando a bactéria se instala nos gânglios, área que concentra células de defesa. Os sintomas se diferenciam da tuberculose pulmonar com inchaço dos gânglios, inflamação, vermelhidão e dor no local afetado.
- Tuberculose pleural: neste caso, o bacilo afeta a pleura, membrana que reveste os pulmões. Entre os sintomas mais comuns estão febre, astenia (perda ou diminuição da força física), emagrecimento, tosse e dor torácica. A tuberculose pleural é uma das principais causas do derrame pleural.
- Tuberculose óssea: o bacilo da tuberculose também pode afetar ossos, sendo os mais frequentes vértebras, metáfises dos ossos longos e grandes articulações (como quadril, joelho e tornozelo). Febre, emagrecimento, fraqueza muscular, dor óssea, limitação dos movimentos e atrofia estão entre os sintomas.
- Tuberculose miliar: também conhecida como tuberculose cutânea, esta doença se manifesta na pele de diversas formas, como através de úlceras, abcessos, nódulos e hiperqueratose (engrossamento da camada externa da pele).
Saiba mais: Tuberculose extrapulmonar é comum e tem tratamento
Sintomas
Sintomas de tuberculose
Os sintomas de tuberculose são variáveis, dependendo da imunidade de cada pessoa. Alguns pacientes não exibem nenhum indício da tuberculose, enquanto outros apresentam sintomas exuberantes. Os sintomas mais frequentes são:
- Tosse, com ou sem secreção, que pode ser espessa ou até sanguinolenta
- Cansaço excessivo
- Falta de ar
- Febre baixa, mais comum à tarde
- Sudorese noturna
- Falta de apetite
- Perda de peso
- Rouquidão
- Fraqueza
Os casos graves de tuberculose apresentam:
- Falta de ar limitante
- Expectoração de grande quantidade de sangue
- Colapso do pulmão
- Acúmulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão)
- Dor no peito
Diagnóstico
O infectologista Luis Santos explica que o método de diagnóstico da tuberculose pode variar de acordo com os sintomas do paciente. Se for um caso de tuberculose ativa, existem os testes de BAAR (mais antigos e mais disponíveis nos serviços de saúde no Brasil), o teste rápido molecular para tuberculose e o exame de cultura de escarro.
“Todos os três têm uma eficácia satisfatória. Porém, se for um quadro de tuberculose latente (em que o indivíduo já teve contato com o bacilo, porém não desenvolveu a doença), nos casos em que há indicação de tratamento, a triagem é feita pelo método de PPD”, conta o médico.
O exame é feito em laboratório através da aplicação de uma injeção que contém um derivado proteico purificado (PPD) no antebraço. Baseado na reação provocada na pele, o médico determina se o quadro é ou não de tuberculose.
No caso da tuberculose latente, o PPD é solicitado quando há uma condição que possa desencadear o surgimento da doença em sua forma ativa, como o tratamento com medicações imunossupressoras e casos de neoplasia.
Tratamento
Tratamento da tuberculose
O tratamento da tuberculose é baseado no uso de antibióticos. O tempo é variável, durando no mínimo seis meses, com a ingestão de comprimidos diariamente. Não pode haver abandono nem desistência do tratamento antes do término devido ao alto risco de resistência bacteriana.
Medicamentos inalatórios e ajuste da alimentação são complementos importantes para a melhora da qualidade de vida nesse período.
Além disso, deve haver pesquisa da infecção nos familiares e em pessoas que convivem com quem desenvolveu a doença. Pode ser necessário, também, um tratamento específico para se evitar o desenvolvimento e a propagação da doença.
Tuberculose tem cura?
Sim, a tuberculose tem cura se tratada corretamente. Porém, ela pode retornar caso ocorra queda de imunidade em algum momento da vida.
Prevenção
Para prevenir a tuberculose é necessário imunizar as crianças com a vacina BCG. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de Aids não devem receber a vacina. A prevenção da tuberculose inclui evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, e não utilizar objetos de pessoas contaminadas.
Saiba mais: Esclareça 7 dúvidas comuns sobre a tuberculose
Links Úteis
Sociedade Brasileira de Infectologia
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias
Referências
Capone D, Mogami R, Lopes AJ, Tessarollo B, Cunha DL, Capone RB, et al. Tuberculose extrapulmonar. Brazilian Journal of Health and Biomedical Sciences. 2006;5(2):54-67
Luis Gustavo Silva e Santos, médico infectologista e consultor da plataforma EuSaúde/Grupo RCS, CRMMG: 54.248