Gastroenterologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização pelo Hospital Federal de Lagoa...
iAzia é uma sensação de queimação na região do esôfago, no tórax, posterior ao osso esterno. Ela pode provocar dor ou incômodo que irradia para o pescoço ou garganta. Além de problemas com a alimentação, como comer ou beber demais, são diversas as condições de saúde que podem provocar a azia, conheça as principais:
1- Doença do refluxo gastroesofágico
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é definida pela presença do refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago, associada a sintomas ou complicações. O diagnóstico se baseia na presença dos seguintes sintomas:
- Azia
- Dor abdominal
- Regurgitação
- Dor para engolir
- Asma
- Tosse
- Dor torácica
E também no resultado de exames como em exames complementares, como endoscopia digestiva alta e phmetria de esôfago. Se não tratada corretamente, podem ocorrer complicações mais graves como úlcera, estenose (estreitamento do local), esôfago de Barrett e câncer.
O tratamento procura por causas específicas (quando identificadas), no ajuste da dieta e nas medidas posturais. Os medicamentos mais utilizados são aqueles que diminuem a acidez gástrica, como os antiácidos, antagonistas do receptor H2 e inibidores de bomba de prótons (como o omeprazol).
Existem cirurgias antirrefluxo que são usadas em casos específicos quando indicadas pelo médico responsável.
Saiba mais: Refluxo gastroesofágico pode causar complicações como úlceras e adenocarcinoma
2-Infecções
Alguns agentes infecciosos como fungos, vírus e bactérias podem acometer o esôfago e causar dor que geralmente piora com o ato de engolir (deglutição). Os fatores de risco para essas infecções são o uso de antibióticos e condições que prejudiquem a função do sistema imunológico, como:
O diagnóstico é feito através da endoscopia digestiva alta e comumente são realizadas biópsias para análise.
O tratamento é feito habitualmente é feito com medicamentos conhecidos como inibidores de bomba de prótons (omeprazol) associados a remédios específicos para a condição de cada paciente, como antifúngicos, antivirais e antibióticos.
3-Esofagite eosinofílica
Esta é uma condição crônica associada à presença de um grande número de eosinófilos (células associadas a alergias) no esôfago, em resposta a certas substâncias da dieta que atuam como agentes que provocam esta alergia ou ao próprio refluxo ácido.
Neste caso, a azia pode ser um sintoma inicial da esofagite eosinofílica, assim como dificuldade de deglutir certos alimentos. Deve ser considerada em pessoas com esofagite ou sintomas de refluxo gastroesofágico que não respondem bem ao tratamento com remédios inibidores de bomba de prótons.
Para estabelecer o diagnóstico é necessária a endoscopia digestiva alta. Este exame pode mostrar alterações características da doença ou revelar um esôfago macroscopicamente normal. Nos casos em que o exame é normal, a suspeita do médico é fundamental para indicar as biópsias para análise e assim definir o diagnóstico.
O tratamento é feito com a retirada de certos alimentos da dieta, uso de corticoides e inibidores de bomba de prótons.
Saiba mais: Cuidados na preparação dos alimentos evitam azia
4- Esofagite medicamentosa
A esofagite medicamentosa é uma lesão (erosão ou ulceração) da mucosa do esôfago causada pelo contato direto e prolongado com certos medicamentos, que também provoca azia. Pode ocorrer com vários remédios, dentre os quais destacam-se os anti-inflamatórios, alguns antibióticos e cloreto de potássio, porém o mais importante é o alendronato.
Este medicamento habitualmente é prescrito para redução do risco de fratura óssea. Ele deve ser tomado com um copo cheio de água e a pessoa não deve se deitar por pelo menos meia hora depois de toma-lo.
Para tratar uma crise de esofagite medicamentosa, podem ser utilizados inibidores de bomba de prótons e sucralfato para alívio dos sintomas e para acelerar a cicatrização das lesões.
É fundamental evitar a recorrência do problema, que pode ser feito orientando quanto à técnica correta para tomar os medicamentos, avaliar a troca por uma apresentação líquida do remédio ou o uso de uma alternativa endovenosa.