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iEm um comunicado, a Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos e a Faculdade Americana de Endocrinologia introduziram um novo termo para obesidade: a Doença Crônica Baseada em Adiposidade, o que enquadra o problema em uma categoria de doença crônica de grandes dimensões.
A declaração, publicada no dia 14 de dezembro no periódico Endocrine Practice, redefine o termo de diagnóstico médico para a obesidade e muda a ênfase para os efeitos patofisiológicos do excesso de peso ao invés do peso e/ou índice de massa corporal (IMC) em si.
O componente "adiposidade" do termo aponta para anormalidades na massa, distribuição e/ou função do tecido adiposo, enquanto a parte "doença crônica" destaca complicações associadas como hipertensão, diabetes e apneia do sono, que produzem morbidade e mortalidade.
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Os autores, liderados pelo professor clínico de medicina, Dr. Jeffrey I Mechanick, da Icahn School of Medicine, nos Estados Unidos, argumentam que a Doença Crônica Baseada em Adiposidade representa uma abordagem estruturada com foco na redução do risco da doença através de uma melhor nutrição, aumento dos níveis de atividade física e intervenções comportamentais.
"Ele permite uma capacidade mais robusta para diagnósticos baseados não apenas no peso e altura e circunferência da cintura, mas também imagem corporal e biologia molecular", disse o Dr. Mechanick em entrevista ao site americano Medscape Medical News.
O termo surgiu na Conferência de Consenso sobre Obesidade, em 2014, na qual participantes da biomedicina, agências governamentais, a indústria da saúde e organizações profissionais reconheceram uma desconexão entre o uso do termo obesidade em relação à saúde dos indivíduos.
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Além disso, o estigma associado ao termo foi reconhecido como uma barreira para o sucesso da gestão da doença.
Estigma da doença
Ainda em entrevista, Mechanick enfatizou que a nova declaração desafia o estigma e explicou que, embora a prevalência de sobrepeso/obesidade esteja estagnando na população geral dos Estados Unidos, a prevalência continua a crescer em alguns subgrupos, incluindo aqueles com obesidade grave, crianças e grupos minoritários.
"Não estamos diminuindo a curva como gostaríamos, por isso precisamos mudar a mensagem de saúde desta doença", disse o especialista. Ele observa que, apesar dos avanços na compreensão da doença, medicamentos, cirurgia e conscientização sobre a medicina de estilo de vida, "estamos perdendo as mensagens e comunicações corretas em torno da obesidade, incluindo o estigma associado a ela".
Mechanick diz que a Doença Crônica Baseada em Adiposidade ainda não está definida para substituir o termo obesidade. "Estamos introduzindo-o como um novo termo diagnóstico para que a comunidade médica possa familiarizar-se com a nomenclatura e reconceituar esta doença dentro dos pilares do DCBA".
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O objetivo também é melhorar os cuidados para as pessoas com obesidade. "Acreditamos que quando esta doença for vista através da lente do DCBA, ela se tornará mais clara e nós poderemos ajudar mais pessoas", disse ele. A declaração é destinada ainda a mudar o diálogo médico-paciente para a necessidade de prevenir complicações e problemas do tecido adiposo.
"A atividade física, os padrões alimentares, o sono, o comportamento, todos os meios não-farmacológicos e não-cirúrgicos de gestão da doença são centrais", destacou Mechanick. Ele também enfatizou que adotar a abordagem DCBA para a gestão de doenças eleva a prevenção para diversos níveis.
"Sabemos que esse paradigma faz parte da prevenção primária, secundária e terciária, mas é também a prevenção primordial, baseada na população, quando o risco não foi identificado. Isso funciona ainda no nível quaternário de prevenção, que previne o excesso de medicalização, onde os tratamentos e cirurgias podem representar alto risco se não forem absolutamente necessários. Nesta situação, mudanças de estilo de vida podem prevenir esse tratamento excessivo e complicações associadas", diz ele.
Outro grande desafio para o uso do termo DCBA, de acordo com os autores, é a identificação de marcadores/métricas apropriados, disponíveis e acessíveis que reflitam o efeito da adiposidade na saúde. Eles ressaltam que o IMC ainda desempenha um papel importante, mas que, "para combater esta doença prevalente, crônica e lesiva, os profissionais de saúde precisarão incorporar uma abordagem conceitual à gestão que vá além de um foco singular no IMC. O novo diagnóstico DCBA é um claro passo em frente".