Graduada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba em 1980. Especialista em Pediatria pelo Conselho...
iQuem não se emociona e se sensibiliza ao ver um bebê chorando em uma crise de cólicas? Fica-se sem saber o que fazer. O problema é que a cólica é um problema comum: elas ocorrem em cerca de 20% das crianças entre um e três meses de vida. Normalmente elas acontecem no final da tarde e início da noite, o que chamo de "horário da bruxa".
O mais comum é que elas seguem a regra do três:
- Dura cerca de três horas
- Repete três dias da semana
- Ao longo de três meses.
As cólicas costumam estar relacionadas à alimentação, mas mesmo mães muito cuidadosas com o que comem, a exposição do bebê e ambiente favorável podem precisar enfrentar o problema com seus filhos.
Como a homeopatia pode ajudar nas cólicas do bebê?
O uso da homeopatia nos dá um diferencial em relação a alopatia: conseguimos observar o bebê e caracterizar melhor a medicação de acordo com seus sintomas. Não é medicação para cólica simplesmente, mas para a cólica de seu bebê, afinal são crianças diferenciadas.
Para fazer essa avaliação, como os bebês não falam, é preciso observar alguns sinais:
- Se o bebê apresenta intolerância ao leite artificial, vomitando em jato e muito esforço e regurgita grande parte do que mama
- Se as cólicas vêm acompanhadas de muita flatulência, muito ruído no abdômen, que parece muito distendido e alivia eliminando gases
- Se os bebês gritam e se dobram com distensão do ventre, melhorando visivelmente se levantados seus bracinhos ou eliminando gases
- Se ao ser levado ao colo, o bebê esfrega continuamente o nariz no ombro de quem o segura
- Se a cólica melhora quando ele se dobra em superfície dura e elimina gases
- Se o bebe que se estica para trás, com muita flatulência.
Desta forma, olhando estes fatores, conseguimos resultado mais rápido por ser mais individualizado. Observar com atenção como é o choro e as posições que o bebê procura para melhorar ajudam nesta individualização.
Saiba mais: Como a dieta da mãe pode afetar as cólicas do bebê?
Cuidado gerais com as cólicas do bebê
São inúmeros os fatores que podem levar o bebê a ter cólicas. Pesquisas recentes demostram que parece existir no intestino dessas crianças uma diferença de flora bacteriana, existindo uma bactéria que aumentaria essa inflamação intestinal.
Imagine essa situação: bebê ficou nove meses com suas necessidades supridas pela mãe via cordão umbilical. Ele nasce, suga leite em sala de parto e aí tem de dar conta de sensações muito novas: sugar, arrotar, fazer digestão, fazer força e eliminar fezes e gases. É muita coisa nova e o bebê assusta. Existe uma imaturidade do intestino do bebê, não conseguindo ainda que os movimentos peristálticos do intestino sejam coordenados, além disso algumas enzimas aumentam a formação de gases.
Em relação ao leite materno, o leite de início da mamada tem mais água e lactose. Esta última, sendo um açúcar, fermenta produzindo cólicas. A lactose é importantíssima como prebiótico, então nem pensar em intolerância a lactose (quadro extremamente raro).
Amenizamos as cólicas orientando a mãe que dê essa mama ate o final, pois a troca de uma mama para outra faria a ingesta de mais leite de início, com mais lactose e mais cólica. Em contrapartida a lactose aumenta o movimento intestinal, aumentando o número de evacuações e com isso eliminando mais gases.
Em relação a mamada, posicionar adequadamente mama e bebê para que não degluta tanto ar o que também pode ser fator de cólicas.
No momento da dor, alguns cuidados podem ajudar:
- Não deixe seu bebê sozinho, acalente, embale suavemente andando pela casa
- Faça massagens na barriguinha sempre no sentido horário
- Use compressas quentes na região
- Tenha sempre muito contato com o bebê priorizando o olho no olho, carinho e muita solidariedade
- Se o bebê está em aleitamento materno exclusivo, não ofereça chás. Mas a mamãe pode tomar, de preferência de ervas frescas.
Também é importante que a mamãe faça um apanhado geral do que comeu no dia, às vezes temos um alimento novo que pode ser fator de agravação.
Mas de modo geral, a melhor receita ainda é compreensão, olho no olho, contato pele-a-pele, aconchego e acalento.