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Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, João Monjardim, de três anos, mostra toda sua coragem ao andar com sua bicicletinha sem o auxílio das rodinhas laterais (veja aqui). Astuto ele até arrisca algumas manobras com o brinquedo.
Essa é apenas uma das demonstrações que João dá de sua coragem. Sua maior prova de valentia é a luta que trava diariamente contra um câncer. Porém, o caso dele é especialmente complexo: João tem um câncer nunca antes conhecido pela ciência e extremamente agressivo. A família, que vive em Vitória, no Espírito Santo, recebeu a notícia do diagnóstico em junho de 2016, quando foi descoberto o tumor no cérebro da criança.
Renato Fabris, médico e pai de João, conta que a doença do filho é muito agressiva por causa de sua evolução extremamente rápida em relação a outros cânceres e por causa das características das células do tumor. "Quanto mais as células do tumor forem parecidas com as células normais, mais o câncer é considerado o que chamamos de 'diferenciado', o que o torna um caso mais rápido de ser tratado. Já no caso do João, as células são muito distantes das características da célula normal, tornando o tumor 'indiferenciado', o que mostra que é um caso muito difícil de tratar. O dele, inclusive, não existia ainda na literatura médica. Para comparar, pode se dizer que é quase mais fácil ganhar na loteria do que ter um tumor desse", explica Fabris.
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Diagnóstico desconhecido
Tudo começou quando os pais e a avó do menino notaram que ele estava ficando cansado e com náuseas frequentes. João passou por diversos exames, mas nada era detectado. Até que um dia, sua avó descobriu que ele estava com dores na cabeça e os médicos fizeram uma ressonância. Assim, foi identificado o câncer.
A cirurgia para retirada do tumor foi feita com urgência e, durante a análise do material, os médicos perceberam que não existiam registros desse tipo de câncer, extremamente maligno e agressivo. "Foi então que começou o tratamento e ele recebeu as medicações mais fortes que existem. Foram três ciclos de quimioterapia e foi feito um transplante de medula autólogo", conta a avó Solange Monjardim.
Nesse procedimento, a medula do paciente é coletada e, depois do tratamento, ele recebe a medula de volta. Esse método apaga todo o sistema imunológico da criança, fazendo com que ela fique sem imunidade como um recém-nascido. Após 6 meses é iniciado o processo de vacinação novamente, para que seja reconstruída a imunidade do paciente. O período de recuperação pode chegar a um ano.
"Consideramos o dia 10 de outubro como o renascimento do João, quando ele recebeu a medula de volta", conta a avó. Após esse período, ele fez ainda radioterapia e, após 33 sessões feitas sob anestesia geral, a família torcia para que o tratamento estivesse encerrado. A última radio aconteceu no dia 9 de janeiro.
Metástase e tratamento personalizado
Porém, no início de fevereiro, em uma consulta de rotina, os médicos identificaram a metástase do câncer na medula de João.
Dessa forma, foi realizado um planejamento completamente novo e inédito de tratamento, pensado especialmente para o caso de João por um médico americano. "O especialista indicou de três a seis ciclos de quimioterapia diretamente na medula do João para diminuir a metástase. Ele já teve duas convulsões desde que começou essa nova fase do tratamento", relata Solange.
Ainda de acordo com a orientação do médico, quando houver sinal de melhora no quadro, João deve ir direto para San Diego, nos Estados Unidos, começar as 33 sessões de protonterapia, um método similar a radioterapia, mais eficiente e menos agressivo.
Por fim, João será submetido a um tratamento para produção de anticorpos. Não existe um protocolo a seguir uma vez que João é o primeiro caso com esse tipo de câncer, mas os médicos apostam nesse tratamento para que o pequeno possa se recuperar da doença da melhor forma possível.
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Financiamento coletivo
O tratamento de João é longo, complexo e requer alto investimento financeiro. Como forma de divulgar o caso do pequeno e pedir ajuda para a realização do tratamento, a família criou uma página no Facebook chamada Save João. Pela rede social, os familiares também fazem atualizações frequentes sobre o estado de saúde do menino.
Em uma estimativa, os pais do menino acreditam que o tratamento todo fora do Brasil deve custar em torno de 300 mil dólares - mais de 900 mil reais.
Se você quiser realizar uma doação, pode acessar esta página de financiamento coletivo ou realizar o depósito na conta a seguir:
Renato Gargano Fabris
Banco do Brasil
Agência: 0079-5
Conta Corrente: 6166-2
CPF: 271.788.228-64
Mesmo diante da situação delicada, João não perde o bom humor e nos vídeos captados por sua família aparece sorridente e carinhoso com quem está ao seu redor. "Ele é uma criança muito feliz, não reclama. Ele vive bem porque nós o adaptamos para essa realidade, então hoje ele sabe que tem uma 'casa em São Paulo', sabe que precisa ir ao hospital, que tem um dispositivo embaixo da sua pele para receber a medicação. Ele vive a vida", conta o pai.
Exemplo disso é um vídeo feito no hospital, em que os pais mostram o pequeno fazendo manobras e se divertindo com seu avião de brinquedo (veja aqui). A torcida que fica é para que João ainda possa alçar muito voos em sua vida.