Médica Infectologista graduada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com residência médica pela Universidade...
iEnquanto não ganhamos a briga contra o mosquito Aedes aegypti, ele continua a transmitir os vírus dengue, zika e também o chikungunya. O combate ao mosquito representa a diminuição de três viroses. Um dos vírus mais recentes e que tem tido um aumento significativo, segundo o Ministério da Saúde de 589,7% se comparado ao ano de 2015, é a chikungunya.
A incidência do vírus no País foi grande. No ano de 2016, os casos foram de 129,9 por 100 mil habitantes. A região com maior incidência foi o Nordeste, com 407,7 casos também por 100 mil moradores.
Este vírus causa uma doença febril aguda que normalmente ocorre por poucos dias, acompanhada de dores nas articulações, por vezes incapacitantes deixando o paciente com o corpo curvado, o que é bem representado pelo nome do vírus: chikungunya na língua maconde quer dizer ?aquele que se curva?.
Chikungunya tem cura?
Ainda não existem vacinas, mas o tratamento é feito com medicamentos para aliviar os sintomas e as dores, mas com cautela e orientação médica. Por exemplo, o mais comum são pacientes que se automedicam para dores de cabeça com aspirina ou anti-inflamatório. Para essa doença é proibido o uso deste tipo de medicamento que possa precipitar o sangramento, se não tiver sido descartada dengue. O uso de corticoides também não está indicado na fase aguda da doença.
A prevenção pode acontecer com o uso de repelentes, mas a forma mais eficaz de nos protegermos é combater o mosquito, mantendo reservatórios de água, em casa, no jardim e por aí afora, sempre cobertos.
Embora em geral não seja uma infecção grave, a chikungunya pode eventualmente ser fatal e, em alguns casos, causar bastante desconforto, especialmente dores articulares. A ideia é, portanto, não deixar o Aedes aegypti espalhar nenhuma das três viroses que têm, literalmente, dado muita dor de cabeça no nosso corpo.
Quando a transmissão ocorre
A transmissão acontece quando a fêmea do mosquito pica o indivíduo durante o dia ou a noite. O período de incubação, ou seja, entre a picada do mosquito até o início dos sintomas, varia de um a 14 dias, em média três a sete dias.
Outros sintomas além da febre e da artralgia (dor nas articulações), pessoas com a doença podem apresentar mal-estar, dor de cabeça, edema e manchas na pele. Estes sintomas em geral duram entre sete a 10 dias. Cerca de um terço dos pacientes pode manter sintomas por períodos mais longos, com dor ou edemas articulares. Metade destes pacientes pode evoluir com quadros crônicos de inflamação em uma ou mais articulações, que podem persistir por muitos meses. Uma pequena porcentagem de pacientes infectados podem não apresentar sintomas e a doença pode passar despercebida.
Chikungunya na gravidez
Além dos casos mais comuns, existe uma preocupação grande com pacientes gestantes. Algumas transmitiram o vírus a seus bebês e embora sejam descritos como casos raros de transmissão por meio de sangue contaminado, é importante ficarmos atentos. As manifestações de chikungunya não parecem ser mais graves em gestantes, elas podem estar associadas a risco de aborto espontâneo e em neonatos pode ser mais grave originando sintomas cardíacos e neurológicos que podem deixar sequelas.
Embora a doença mate mais do que o vírus da zika e da dengue, os casos de óbito por chikungunya acontecem de forma rara, mas normalmente em idosos e pessoas reincidentes com outras doenças. Nestes casos, pode haver sangramento, insuficiência renal, respiratória e meningoencefalite.