Graduado em medicina pela F.T.E Souza Marques, fez Residência Médica em Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria da UFR...
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A esquizofrenia é um transtorno mental caracterizado pela perda de contato com a realidade, por alucinações, delírios e falsas convicções. Porém, a forma como isso acontece em cada paciente define os diferentes tipos de esquizofrenia.
“A esquizofrenia pode comprometer funções cognitivas e motoras, além do relacionamento social e profissional”, afirma Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG - Residência Terapêutica.
As causas para o transtorno ainda não são estabelecidas, mas já é conhecido que a esquizofrenia passa de pai para filho, além de existirem fatores ambientais e neuroquímicos.
A seguir, conheça e entenda mais sobre os diferentes tipos de esquizofrenia e como a doença é tratada.
1. Esquizofrenia paranoide
A esquizofrenia paranoide é caracterizada por delírios e alucinações de cunho persecutório, ou seja, pela sensação de que está sendo perseguido por alguém. “O paciente normalmente escuta vozes acusatórias ou de cunho negativo, além de pensar que há um complô contra ele ou que está sendo perseguido por alguém conhecido ou, até mesmo, inexistente”, explica Ariel.
Essas alucinações e pensamentos conspiratórios normalmente giram em torno de um mesmo tema e são constantes. Justamente por essa crença, o paciente com esse tipo de esquizofrenia pode apresentar agressividade.
2. Esquizofrenia hebefrênica
A esquizofrenia hebefrênica, também chamada de esquizofrenia desorganizada, se caracteriza por uma desorganização de pensamento. “Isso pode se manifestar no discurso, com conteúdo confuso, ou comportamentos que podem ser estranhos e, até mesmo, bizarros”, comenta o psiquiatra.
Nesse tipo de esquizofrenia, as ideias delirantes são fragmentadas e o comportamento do paciente é imprevisível. Além disso, a pessoa tem dificuldade de se comunicar e de demonstrar afeto.
3. Esquizofrenia catatônica
A esquizofrenia catatônica é caracterizada por crises de catatonia. Esse é um transtorno neuropsiquiátrico que causa imobilidade motora. Nesse caso, a pessoa pode ficar imóvel por longos períodos e também não conversar.
Em outras situações, seus movimentos podem ser rápidos, excessivos e descoordenados. O paciente vive em negativismo ou tem resistência em receber instruções.
4. Esquizofrenia simples
Na esquizofrenia simples, o paciente não apresenta sintomas como delírios, alucinações ou desorganização de pensamentos, mas tem um predomínio de sintomas negativos.
“São sintomas como embotamento [enfraquecimento] afetivo, ausência de volição [dificuldade para tomar decisões], isolamento social, entre outros”, elenca Ariel. Nesse tipo, a pessoa tem um prejuízo em seu desempenho social e ocupacional.
5. Esquizofrenia residual
A esquizofrenia residual pode ser considerada a evolução dos tipos anteriores. “Ela ocorre quando se tem anos de evolução da doença e os sintomas chamados positivos (delírios, alucinações e desorganização) estão mais brandos, ou até inexistentes, porém, o paciente apresenta diversos sintomas negativos (embotamento afetivo, isolamento, lentidão etc”, esclarece.
Ou seja, a esquizofrenia residual é como uma versão “menos intensa” dos subtipos citados anteriormente e é um novo estágio em que o paciente com a doença se encontra após anos de tratamento.
6. Esquizofrenia indiferenciada
Por fim, a esquizofrenia indiferenciada é aquela que não se encaixa em nenhum dos subtipos anteriores. Isso porque os sintomas se manifestam de forma misturada. “Normalmente não é possível estabelecer o subtipo principal”, completa.
É comum que os pacientes apresentem uma diminuição lenta e gradual dos interesses e interações sociais e, por isso, é difícil de ser percebida e classificada. Seus sintomas podem variar desde alucinações, ilusões, perda de motivação e, ainda, alteração na memória.
Como é feito o tratamento de esquizofrenia?
O tratamento para esquizofrenia tem o objetivo de controlar a doença e os seus sintomas. Podem ser usados medicamentos antipsicóticos associados à psicoterapia e, em casos mais graves, hospitalização em estabelecimentos psiquiátricos.
“O tratamento não é feito da mesma forma em todos os pacientes”, ressalta Ariel. “Tem pessoas que precisam de acompanhamento psiquiátrico e ajuda no desenvolvimento de atividades, cada caso é um caso”, completa.
Vale lembrar que a esquizofrenia não tem cura. Apesar disso, o tratamento pode oferecer uma boa qualidade de vida para os pacientes. “Hoje em dia existem tratamentos muito eficientes e modernizados”, afirma o especialista.