Médico Psiquiatra. Coordenador do Ambulatório Integrado de Bipolares (AIBIP) do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas (GR...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
O que é Esquizofrenia?
A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico em que uma alteração cerebral dificulta o julgamento correto sobre a realidade por meio de alterações no comportamento, alucinações, delírios e fala desordenada.
A esquizofrenia é uma doença mental que, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), acomete cerca de 20 milhões de pessoas no mundo. Normalmente, a condição aparece entre o final da adolescência e começo da vida adulta, sendo uma doença crônica, complexa e que exige tratamento por toda a vida.
Causas
A causa da esquizofrenia ainda é desconhecida. No entanto, sabe-se que a condição é resultado de alterações em vários sistemas bioquímicos (neurotransmissores) e de vias neuronais cerebrais. Essas alterações podem ser provocadas por:
- Fatores genéticos: diagnóstico de esquizofrenia na família em parentes de primeiro grau
- Fatores ambientais: infecção durante a gestação ou complicações durante o parto
- Fatores neuroquímicos: alterações no funcionamento dos neurotransmissores, como a serotonina e dopamina
Saiba mais: Esquizofrenia: o uso de drogas pode iniciar ou agravar a doença?
Tipos
Tipos de esquizofrenia
Esquizofrenia paranoide
A esquizofrenia paranoide é a subdivisão mais comum da doença, onde há o predomínio de alucinações e delírios. O paciente pode apresentar síndrome de perseguição, agressividade, se sentir com superpoderes e ouvir vozes.
Esquizofrenia hebefrênica ou desorganizada
Na esquizofrenia hebefrênica, também conhecida como esquizofrenia desorganizada, o paciente apresenta um comportamento infantil. Suas respostas emocionais por muitas vezes são inadequadas, com predominante pensamento e discurso desconexo e há dificuldade de organização dos pensamentos.
Esquizofrenia simples
Sem ter delírios, alucinações ou outras alterações, o paciente com esquizofrenia simples vai progressivamente perdendo a sua afetividade, capacidade de interagir com pessoas, ocorrendo um progressivo prejuízo de seu desempenho social e ocupacional.
Esquizofrenia catatônica
Na esquizofrenia catatônica o paciente apresenta mais alterações posturais e distúrbios de movimento, como posições mantidas por longos períodos. Outras características incluem: atividade motora prejudicada, pouca fala, dificuldade em se alimentar e até movimentos corporais estranhos.
Esquizofrenia residual
A esquizofrenia residual é a forma crônica da doença, em que o paciente apresenta os sintomas em baixa intensidade. Porém, há manifestações como lentificação, isolamento social, falta de autocuidado ou expressão facial diminuída.
Sintomas
Sintomas de esquizofrenia
Os sintomas no sexo masculino costumam aparecer entre os 15 e 20 anos. Já em mulheres, os sinais da doença são mais comuns beirando os 30 anos de idade. Embora seja raro, também é possível o aparecimento da esquizofrenia em crianças e adultos com mais de 50 anos.
As formas de manifestações da condição costumam variar de acordo com o tipo. No entanto, os sintomas de esquizofrenia mais comuns são:
- Psicose
- Alucinações
- Alterações de comportamento
- Distúrbios cognitivos (pensamento, raciocínio abstrato)
- Depressão e apatia
- Delírios (sensação de que estão sendo perseguidos ou vigiados)
- Pensamento e discurso desorganizados
- Habilidade motora anormal
- Irritabilidade
- Dificuldade de socialização
- Problemas para dormir
- Desmotivação
- Fala monótona
- Apatia emocional
- Isolamento social
- Não alterar expressões faciais
- Negligência com a higiene pessoal
Diagnóstico
Não há exames médicos disponíveis capazes de diagnosticar a esquizofrenia. Para que o paciente seja diagnosticado com esquizofrenia, um psiquiatra deve examiná-lo para confirmar se é um caso da doença ou não.
O diagnóstico é feito com base em uma entrevista minuciosa com a pessoa e seus familiares após o descarte de outras doenças que atingem o cérebro e que podem contar com os mesmos sintomas psicóticos da esquizofrenia.
A esquizofrenia é diagnosticada quando a psicose ocorre por uma alteração no próprio cérebro e não por psicose decorrente de outras causas. Exames que avaliam a imagem do cérebro, como tomografia ou ressonância magnética e de sangue, podem ajudar a descartar outras doenças que podem se apresentar com psicose.
Fatores de risco
Alguns fatores são gatilhos para o início das alterações neuroquímicas cerebrais e desenvolvimento da esquizofrenia, como:
- História familiar de esquizofrenia: as chances são de 10% se tiver um irmão com esquizofrenia, 18% se tiver um irmão gêmeo não idêntico com esquizofrenia, 50% se tiver um irmão gêmeo idêntico com esquizofrenia e 80% se os dois pais forem afetados por esquizofrenia
- Ser exposto a toxinas, vírus e à má nutrição dentro do útero da mãe, especialmente nos dois primeiros trimestres da gestação
- Problemas no parto, como falta de oxigênio (hipóxia neonatal)
- Pais com idade avançada
- Uso de maconha
- Tabagismo
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar a esquizofrenia são:
- Clínico geral
- Psiquiatra
- Psicólogo
Tratamento
Tratamentos para esquizofrenia
A esquizofrenia requer tratamento durante toda a vida, mesmo após o desaparecimento de sintomas. O tratamento com medicamentos e terapia psicossocial pode ajudar a controlar a doença. Os principais tratamentos para esquizofrenia incluem:
- Medicamentos antipsicóticos: são os remédios mais comumente prescritos para o tratamento da esquizofrenia. Eles são usados para controlar os sintomas, agindo diretamente sobre a desregulação dos neurotransmissores. A escolha do medicamento ministrado ao paciente dependerá, também, da vontade do paciente em cooperar com o tratamento. Alguém que seja resistente a tomar a medicação, por exemplo, pode precisar de injeções, em vez de tomar um comprimido.
- Psicoterapia: pode ajudar o paciente a entender os fatores do dia a dia que desencadeiam a esquizofrenia, reduzir seus sintomas e trabalhar os eventos que o levaram a desenvolver este problema.
- Hospitalização: durante períodos de crise ou períodos de sintomas graves, a hospitalização pode ser necessária para garantir a segurança, alimentação adequada, sono adequado e higiene básica.
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Terapia eletroconvulsiva: para adultos com esquizofrenia que não respondem à terapia medicamentosa, a terapia eletroconvulsiva pode ser considerada. A ECT pode ser útil para alguém que também tenha depressão.
O psiquiatra é o médico responsável pelo diagnóstico e pelo tratamento que é principalmente medicamentoso. A equipe multidisciplinar composta por psicólogo, assistente social e enfermeiro auxilia no manejo e nas abordagens psicossociais e psicoterápicas da doença.
Saiba mais: Esquizofrenia: quais são os melhores tratamentos para a doença psiquiátrica?
Como posso ajudar alguém que conheço com esquizofrenia?
Cuidar e apoiar um familiar com esquizofrenia pode ser difícil, especialmente por ter que responder a alguém que faz declarações estranhas ou claramente falsas. É importante entender que a esquizofrenia é uma doença biológica.
Aqui estão algumas coisas que você pode fazer para ajudar seu ente querido:
- Incentive-os a permanecer em tratamento
- Lembre-se de que suas crenças ou alucinações parecem muito reais para eles
- Diga-lhes que você reconhece que todos têm o direito de ver as coisas de sua maneira
- Seja respeitoso, solidário e gentil sem tolerar comportamento perigoso ou inadequado
- Verifique se há algum grupo de suporte na sua área
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de alguns sintomas da esquizofrenia são:
- Anafranil
- Aripiprazol
- Bromazepam
- Clomipramina
- Clozapina
- Equilid 50mg
- Haldol
- Haloperidol
- Lexotan
- Olanzapina
- Risperidona
- ZAP
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e nunca se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Esquizofrenia tem cura?
Os resultados para uma pessoa com esquizofrenia são muito difíceis de prever. Na maior parte do tempo, os sintomas melhoram com medicamento. Entretanto, outras pessoas podem apresentar dificuldade funcional e correm o risco de apresentar episódios repetidos, principalmente durante os estágios iniciais da doença.
As pessoas com esquizofrenia podem precisar de moradia assistida, treinamento profissional e outros programas de apoio social.
Pessoas com as formas mais graves da doença podem ser incapazes de viver sozinhas, sendo necessárias, nesses casos, casas coletivas ou outras moradias de longo prazo com a estrutura adequada. Os sintomas retornarão se a pessoa com esquizofrenia não tomar sua medicação.
Convivendo (Prognóstico)
A terapia de apoio pode ser útil para muitas pessoas com esquizofrenia. Técnicas comportamentais, como o treinamento de habilidades sociais, podem ser usadas para melhorar as atividades sociais e profissionais. Aulas de treinamento profissional e construção de relacionamentos são importantes.
Os familiares de uma pessoa com esquizofrenia devem ser informados sobre a doença e receber apoio. Os programas que destacam os serviços de apoio social para pessoas necessitadas podem ajudar aqueles que não recebem apoio da família ou de conhecidos.
Os familiares e cuidadores são frequentemente incentivados a ajudar as pessoas com esquizofrenia a continuar seguindo o tratamento.
É importante que a pessoa com esquizofrenia aprenda a:
- Tomar os medicamentos corretamente e lidar com os efeitos colaterais
- Reconhecer os sinais iniciais de uma recaída e saber como reagir se os sintomas retornarem
- Lidar com os sintomas que se manifestam mesmo com o uso de medicamentos
Saiba mais: Esquizofrenia: quais são as consequências da doença não tratada?
Complicações possíveis
Se não for tratada, a esquizofrenia pode resultar em problemas emocionais, comportamentais e de saúde graves, assim como problemas jurídicos e financeiros que afetam quase que totalmente a vida da pessoa. Complicações que a esquizofrenia pode causar incluem:
- Suicídio
- Qualquer tipo de autolesão
- Ansiedade e fobias
- Depressão
- Consumo excessivo de álcool e abuso de drogas ou medicamentos de prescrição
- Perda de dinheiro
- Conflitos familiares
- Improdutividade no trabalho e nos estudos
- Isolamento social
- Outros problemas de saúde, incluindo aqueles associados com medicamentos antipsicóticos e tabagismo
- Ser vítima de comportamento agressivo
- Agressividade
Referências
Ministério da Saúde
National Institutes of Health
UNIICA
Sociedade Brasileira de Psiquiatria
ABRE
Mental Health America
Mayo Clinic
OMS (Organização Mundial de Saúde)