Danilo Höfling é endocrinologista e doutor em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É Membro...
iA osteoporose é uma doença que se caracteriza pela redução da massa óssea e alteração na sua microarquitetura, que levam à fragilidade dos ossos e, consequentemente, ao significativo aumento da susceptibilidade a fraturas ? que ocorrem com mais frequência nas vértebras (coluna), na região distal do rádio (punho), proximal do fêmur (bacia) e no úmero (braço). A condição afeta cerca de 10 milhões de brasileiros, de acordo com a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).
Fatores de risco
Vários fatores podem aumentar o risco da doença, dentre eles, idade, sexo feminino, etnia caucasiana ou oriental, presença de pessoas com osteoporose na família, baixa densidade óssea no colo de fêmur, baixo índice de massa corporal, uso prolongado de corticoides, tabagismo, etilismo, sedentarismo, baixa ingestão dietética de cálcio, deficiência de estrogênio (hormônio feminino), baixa exposição à luz solar, doenças endócrinas, reumáticas etc.
A osteoporose torna-se mais comum na medida em que a idade avança. É a causa mais frequente de fraturas em idosos. Para se ter ideia, ao redor dos 25 anos, a pessoa atinge o nível máximo de densidade óssea. Com a idade, ocorre uma perda gradual de 0,3% a 0,5% de massa óssea por ano. A perda progressiva pode, em um determinado momento da vida, resultar em osteoporose.
Embora possa atingir ambos os sexos, as mulheres são mais afetadas pela doença principalmente depois da menopausa, período em que ocorre a queda da produção do estrógeno, que age para manter o equilíbrio entre a perda e o ganho de massa óssea. Segundo a Fundação Internacional de Osteoporose, uma em cada três mulheres acima de 50 anos sofre alguma fratura devido à osteoporose.
Sintomas da osteoporose
Silenciosa, a enfermidade é, na maioria das vezes, assintomática. A primeira manifestação pode ser a dor decorrente de uma fratura de um osso poroso e fraco, quando o estágio da doença está avançado. Às vezes, a pessoa nem sabe que os ossos já estavam danificados e só procura um especialista quando sente dores.
Diagnóstico da osteoporose
Para o diagnóstico, a densitometria óssea por raios X possibilita medir a densidade mineral do osso na coluna lombar e no fêmur. Os resultados são classificados em três faixas de densidade decrescente: normal, osteopenia (redução da densidade óssea em relação ao valor normal, mas em grau inferior ao da osteoporose) e osteoporose.
Osteoporose tem cura?
No momento, a doença ainda não tem cura. O principal objetivo do tratamento é a prevenção das fraturas, agindo para retardar a perda ou para aumentar a massa óssea.
O tratamento deve incluir um estilo de vida saudável e, quando necessário, o emprego de medicamentos.
No primeiro caso, algumas medidas podem ser adotadas para um estilo de vida mais saudável:
- Ingerir alimentos ricos em cálcio (leite e seus derivados) e vitamina D (ovo, salmão, atum). Os dois componentes são essenciais para a saúde óssea
- Praticar atividades físicas de leve impacto, como nadar, andar, dançar. Elas estimulam a formação óssea e previne a reabsorção
- Tomar sol de manhã ou no final da tarde durante 10 ou 15 minutos, sem protetor solar ? os raios ultravioletas da luz solar promovem a síntese da vitamina D3
- Controlar o consumo de cafeína (aumenta excreção de cálcio)
- Reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas (inibe a multiplicação dos osteoblastos, células produtoras de osso)
- Um fumante pode perder 1% de massa óssea por ano, portanto, fuja desse vício (inibe a multiplicação dos osteoblastos).
No caso de necessidade de terapia medicamentosa, após uma avaliação minuciosa do paciente, o médico pode contar com várias alternativas. Além da suplementação de cálcio e vitamina D, há vários medicamentos disponíveis atualmente, entre eles: bisfosfonatos, terapia de reposição hormonal, calcitonina, raloxifeno, ranelato de estrôncio, denosumabe, teriparatida, ácido zoledrônico que, de fato, são eficazes na redução do número de fraturas.