Meu trabalho é voltado para alteração do comportamento alimentar, controle da ansiedade, resgate dos sinais biológicos d...
iAs festas de final de ano chegaram e para muitas pessoas essa época não é tão agradável, afinal de contas são tantas confraternizações que fica difícil conseguir recuperar o estrago dos excessos alimentares cometidos durante o ano. Como brinde para completar a tragédia, também é início de verão, temporada das barrigas chapadas sem dobrinhas, e aquela meta que fizemos no início de ano de conquistar o corpinho sarado e desfilar linda pela orla da praia com um biquíni minúsculo certamente não será concretizada não é mesmo?
O tempo é curto e os quilos são muitos e como resultado dessa equação teremos frustração, vergonha e culpa. Resumindo, ninguém em sã consciência consegue sair ileso de tantas cobrança, e a consequência disso tudo será tentar achar um culpado para aliviar nossa consciência e emagrecer estará na lista das metas para 2018.
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Dá para sair desse ciclo?
No processo de coaching costumo usar nesses casos a máxima "se você continua a fazer tudo da mesma maneira, ou seja, sem mudar comportamento, porque você acha que seu resultado será diferente?". Infelizmente continuamos a nos enganar achando que emagrecer é um processo somente nutricional, quando de fato está muito mais ligado a mudar comportamentos: quer emagrecer então comece a se questionar:
- Por que eu como mesmo não estando com fome?
- Por que eu não consigo me manter na dieta?
- Por que comendo menos do que comia antes eu não consigo perder peso?
Sabe a frase "força, foco e fé"? Esqueçam essa idiotice, porque quanto mais cobrança fazemos mais fácil será a recaída. Quer iniciar a jornada rumo a plenitude? Comece se aceitando e tente entender quais são os sentimentos que você está comendo junto com o pacote de bolacha que você acabou de devorar.
Comer é um ato social e alimentar-se é também suprir necessidades emocionais, não somente biológica. O caminho mais fácil para conquistar uma alimentação transtornada é a mentalidade da dieta. Isso acontece porque quando me privo de comer aquilo que gosto, estou me privando de sentir prazer ao me alimentar e esse comportamento de privação me levará ao fatídico "já que comi um bombom e pisei na jaca, irei comer a caixa toda e volto a dieta após acabar com tudo".
Toda vez que me permito comer aquilo que passei muito tempo me privando irei exagerar e nessa época temos a oportunidade perfeita para os exageros inconscientes, relaxamos pois é final de ano, as comidas são de fato muito apetitosas e para completar podemos descontar toda nossa frustração por não conseguir atingir nossa meta de emagrecer comendo. Em 2018 irei iniciar a dieta da moda então vou aproveitar e comer agora, afinal NUNCA mais irei comer panetone novamente. Percebem como o ciclo da autossabotagem acontece?
Mudando nossa mentalidade
Podemos mudar nosso comportamento e aproveitar essas festas para relembrar sabores, sentir antigos prazeres, reviver velhos sentimentos e sentir a felicidade que sentíamos quando criança e esperávamos ansiosos pelo pedaço de rabanada da ceia de natal ou acordar dia 25 e comer uma deliciosa fatia de panetone.
Permita-se e você irá aprender como é possível sim comer uma fatia de bolo e emagrecer com felicidade, sem privações. Não é uma fatia de bolo de chocolate que fará você engordar 10 quilos ou que irá prejudicar seu processo se emagrecimento: engordamos muito mais devido ao comer emocional, sem racionalidade, o comer sem perceber que comi, o comer para tampar os buracos que carrego dentro de mim e que nem sei ao certo quais são.
Essa pressão da sociedade para que todos tenham o corpo magro, e que sentimos muito mais nessa época do ano, contribui para que as pessoas adoeçam tanto fisicamente como mentalmente. Não temos a mesma estrutura corporal, nossos sentimentos são diferentes e possuímos diferentes necessidades, então querer que todos tenhamos as mesmas medidas de calça e blusa é irracional.
Meu desejo para o próximo ano é que todos tenhamos mais equilíbrio emocional, que seja um ano onde iremos de fato nos aceitar como somos e não camuflar nossas frustrações atrás da busca pelo corpo perfeito. Que possamos ler mais e ver menos novelas tendenciosas, que os relacionamentos voltem a ter calor humano, que voltemos a pensar sobre comida e falar sobre comida "bife com arroz" e não em nutrientes "proteína magra com carboidratos complexos" e desejo que a ganância de alguns seres humanos seja vista como algo a ser evitado e não copiado.