Psicóloga Clinica sistêmica pós- graduada em Milão na Itália, com experiência no atendimento de questões de relacionamen...
iTêm dias que bate uma preguiça, não é mesmo? Vontade de ficar sem fazer nada, só relaxando ou dormindo. Realmente alguns momentos de preguiça são uma delícia e podem ser revigorantes, mas se eles forem duradouros pode ser que não seja mais preguiça e sim procrastinação.
Procrastinar é adiar constantemente uma tarefa, compromisso, decisão ou qualquer outra atividade que não seja do seu interesse ou que envolva situações que você não queira enfrentar. Pode ser também o nosso famoso deixar tudo para a última hora. Ela é diferente da preguiça porque, nesse caso, é baseada em ansiedade, comportamento de fuga, estresse, bloqueio emocional, insegurança, sabotagem e dificuldade em cumprir metas e atingir objetivos. Deixar tudo para depois pode esconder o medo de falhar ou fracassar.
A procrastinação leva a pessoa a adiar momentaneamente o que deve fazer, mas dali a um tempo ela vai e faz o que tem para fazer, mesmo com muito sofrimento, diferente do preguiçoso que não sofre, mas também não faz.
Esse sofrimento acontece devido às emoções que aquela atividade provoca no indivíduo. Por exemplo, se uma pessoa se sente insegura ao falar em público e tem que fazer uma apresentação, vai adia-la o máximo possível. Talvez na vã esperança de adquirir segurança até o evento ou que ela seja cancelada ou ainda que até lá encontrem outra pessoa para apresentar no meu lugar.
Essa falta de disposição na verdade é como se fosse uma proteção para situações que geram incômodo. Sendo assim, as pessoas adiam para adiar o próprio sofrimento. Na prática essa teoria é um pouco diferente e não funciona tão bem, porque evitar o sofrimento gera um sofrimento enorme! Muitas vezes até maior do que seria passar pela situação.
Uma pessoa insegura evita ao máximo conversar com o chefe sobre os seus resultados achando que vai ser mal avaliado, que tem um performance ruim e etc..., e quando inevitavelmente a reunião chega o chefe é super tranquilo, se mostra preocupado com você e disposto a ajudar em alguns itens e contente com o resultado em outros e você sai da reunião aliviado. A espera pela reunião e a fuga dela geraram mais sofrimento do que ela em si.
Como diferenciar preguiça de procrastinação
Para reconhecer e diferenciar se é preguiça ou procrastinação, observe as suas emoções. Na preguiça a pessoa opta por não fazer nada por escolha, naquela hora não está com vontade, mas depois se quiser e quando quiser vai lá e faz.
Em geral os preguiçosos estão mais interessados em fazer o que querem e por isso não se preocupam com responsabilidade, compromisso e com as pessoas a sua volta. Na preguiça não existe angústia, estresse, cobrança ou sofrimento.
Um ponto importante que a preguiça pode revelar, é a falta de objetivo da pessoa. Ela espera pouco da vida, não faz planos e não vai atrás dos seus objetivos. Dependendo do contexto, essa pessoa pode também esperar que os outros façam quase tudo por ela e acabam não tendo muito poder de escolha ou decisão.
Quando procurar ajuda
A pessoa deve procurar ajuda quando perceber que a preguiça está durando um longo período, quando não consegue encontrar motivação para realizar as tarefas e quando sentir a sua vida parada, ?no automático? e sem grandes motivações ou aspirações.
Já o procrastinador deve procurar ajuda para lidar com a insegurança, medo, dificuldade com erro e outros sentimentos angustiantes que o estejam impedindo de realizar as tarefas cotidianas.
Ter alguns momentos para relaxar é uma delícia, mas não conseguir realizar nenhuma tarefa pode ser angustiante.