Com experiência na cobertura de saúde, especializou-se no segmento de família, com foco em gravidez e maternidade.
Se você já viu seu filho engasgando, sabe que a sensação pode ser desesperadora. Para evitar isso, muitas mães e pais deixam as crianças longe de objetos pequenos ou que dão vontade de colocar na boca. Mas e quando o vilão é um alimento que você mesmo ofereceu? Segundo Priscila Zanotti Stagliorio, pediatra e médica da emergência infantil, o engasgo com comida é algo sério, já que pode ocasionar paradas cardiorrespiratórias, falta de oxigenação do cérebro e do coração e até mesmo a morte.
Balas duras, chicletes, outros doces, carnes, ossos, frutas, leite, castanhas, pipoca, bolachas e salsicha. Esses são os alimentos que mais causam engasgo em crianças, segundo um levantamento do Hospital Infantil Nationwide, nos EUA, com base em atendimentos de emergência entre 2001 e 2009. De acordo com a pediatra, nessa lista ainda entram as frutas e vegetais crus, as azeitonas e as vitaminas.
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Como evitar o engasgo
Crianças entre um e três anos estão mais suscetíveis a esse acidente, já que é o período em que elas ainda não têm os dentes molares no fundo da boca e não conseguem controlar o mecanismo de mastigar e engolir. Para que o processo fique mais natural, os pais podem estimular a mastigação com gestos desde bebê.
É possível tomar alguns cuidados para evitar que o engasgo aconteça. O mais importante é preparar os alimentos adequadamente de acordo com a idade de seu filho, respeitando a fase da comida líquida e pastosa. "Não se pode oferecer para um bebê, por exemplo, pedaços de alimentos grandes e ou duros e esperar que ele mastigue com a gengiva", explica Priscila. Dra. Priscila também recomenda cortar os alimentos em pedaços muito pequenos ou cozinhar para amolecê-los.
Quando os filhos passam dessa idade, muitos pais acham que o perigo do engasgo não existe mais. Ele acontece, mas por motivos diferentes. "Para as crianças maiores, sempre os ensine a comer devagar, mastigar bem os alimentos e ingerir líquidos sem pressa ou em grandes quantidades de uma só vez", orienta a pediatra.
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E se acontecer?
Se uma criança engasgou mas conseguiu expelir o alimento logo após apenas com a tosse, ainda assim é bom levar ao médico para ver se essa obstrução lesou alguma estrutura.
Porém, quando o alimento fica entalado e causa falta de ar, o caso é mais grave. É importante tomar providências imediatamente. A manobra de Heimlich pode ser feita em pessoas de todos os tamanho, mas o procedimento varia dependendo da idade.
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A pediatra deu um passo-a-passo de como fazê-la da maneira correta:
Em crianças menores de um ano: vire-a de bruços com cabeça em altura mais baixa do que o quadril, apoiando-a nos braços para garantir a segurança necessária. Coloque os dedos de uma das mãos apoiadas entre as bochechas do bebê, com cuidado. Dê cinco tapas fortes na região das costas, entre os ossinhos da costela, para que o corpo estranho seja expelido. Caso isso não ocorra, é necessário partir para a segunda etapa da técnica, na qual vira-se o bebê de barriga para cima e, com os dois dedos maiores da mão, aperta o diafragma (próximo à altura do estômago) cinco vezes até que o objeto seja expulso ou a criança demonstre reação e seja possível a retirada do que provoca o engasgo, com cuidado para não a machucar e ou empurrar novamente para dentro da garganta.
Em crianças maiores de um ano: Abrace a criança (ou adulto) por trás, com uma das mãos em forma de punho fechado (como de um soco) e a outra sobre ela para comprimir a região abaixo das costelas (no diafragma ? altura da boca do estômago) em sentido para cima, até que o objeto seja deslocado da via aérea para a boca e jogado para fora, permitindo o retorno dos sentidos e da respiração.
Em seguida, leve a vítima imediatamente para um pronto-socorro. Se houver desmaio, é solicite ajuda de emergência, tanto pelo telefone quanto fisicamente.
Devido ao seu potencial de asfixia, engasgar já pode ser desesperador em um adulto. Imagine em uma criança? Respeitar o tempo dela na hora da comida e manter a calma caso aconteça é essencial para evitar as consequências graves.