Com experiência na cobertura de saúde, especializou-se no segmento de família, com foco em gravidez e maternidade.
Os psicólogos estudam a mente humana e podem entender melhor os impactos das experiências que passamos desde a infância no resto da nossa vida. No entanto, fora do consultório são pessoas tão comuns quanto você e eu. Sendo assim, mesmo que tenham clareza para lidar com seus pacientes, ainda podem ter dificuldades na hora de educar seus filhos por exemplo. Por outro lado, o conhecimento sobre a psiquê humana também pode ajudar a ter condutas mais positivas em busca de criar um ser humano com uma vida plena. Conversamos com algumas psicólogas para descobrir os dilemas comuns na criação dos filhos - e quais as opções ao se deparar com eles.
Chateações cotidianas
Apesar de prezar pela transparência na família, a psicóloga Carol Braga sente dificuldade quanto a demonstrar chateações perto de seus filhos. "Não quero transmitir sensações ruins a eles, mas ao mesmo tempo penso que isso deve ser considerado normal, e até mesmo um incentivo para que a criança entenda que é permitido ficar triste", indaga ela.
Esse é um dos muitos dilemas ao educar crianças, que é uma experiência complexa e quase nunca fácil. Cada uma tem sua especificidade com as quais só se aprende a lidar na prática. A família é o primeiro grupo social com que temos contato e esta convivência acaba moldando o que seremos no futuro.
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Ansiedades comuns a quem vive em uma metrópole
A psicóloga Sirlene Ferreira é categórica ao dizer quais comportamentos sente maior dificuldade de conter quando está perto de seu filho: O estresse do trânsito, os resíduos do trabalho, a insegurança de viver em uma cidade violenta e a ansiedade por vê-lo feliz. Essas preocupações são naturais dos pais, pois eles querem proteger os pequenos de fatores externos que acabam também os afetando.
Impor limites sem perder a ternura
Durante a criação de seu enteado e "filho do coração", da qual a psicóloga Amélia Kassis participou desde a infância, o maior desafio apresentado era impor limites sem exagerar na severidade. A psicóloga Salma Cortez também encontrou maiores dificuldades em controlar seus próprios sentimentos na criação da filha Clara, que já é adolescente. Salma se depara com seu lado autoritário e tenta controlá-lo, por exemplo, ao se frustrar quando Clara não demonstra os mesmos interesses pelos estudos e leituras teóricas.
"Se existe uma conclusão à qual eu cheguei sendo mãe é que a parte mais difícil da educação da minha filha é a autoeducação", declara. Segundo ela, a melhor forma de mudar o comportamento da filha é com gestos e atitudes, não palavras.
Agressividade e palmadas
"As crianças são o reflexo do que os pais transmitem a elas, ou seja, se forem agressivos, incentivarão uma criança agressiva", afirma Carol Braga. Portanto, a psicóloga explica que bater no seu filho ou ter comportamentos violentos pode levar a problemas até a vida adulta, como sentimento de incapacidade ou inferioridade. Mas isso não significa que não se deve impor limites aos pequenos.
Salma acredita que ditar regras e as impor de forma que ela seja seguida por si só não incentiva que seu filho seja um ser humano integral. Segundo ela, colocar limites acontece com base na conversa, mas você precisa estar verdadeiramente presente. "Eles percebem quando estamos inteiros no processo, presentes integralmente na conversa com eles, na hora da leitura, do estudo ou do banhinho. E é isso que ajuda a impor limites. A presença é um limite que contém, 'abraça' e preserva", completa.
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Pode mentir para a criança?
Papai noel, coelhinho da páscoa, fada do dente... A infância é cheia de fantasias. Porém, é importante não mentir para as crianças sobre questões importantes. "Quando me separei e precisei conversar com Clara sobre isso, não houve mentiras", contou Salma.
Nos casos em que os fatos não sejam apropriados para o entendimento das crianças, Amélia Kassis sugere que a sinceridade ainda exista, nem que seja para dizer que o assunto não é da sua alçada. "Pode falar com delicadeza e carinho que isso é entre o papai e a mamãe", exemplifica, e completa "A criança sabe quando é mentira, ela entende, é sensível, um 'radar'. Ela vai saber e isso pode gerar uma falta de confiança. Se você não pode falar a verdade, não fale, mas não minta".
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Adolescência: Nem liberdade demais, nem controle demais
A adolescência é o período em que os filhos já têm habilidade para agir sozinhos, mas nem sempre a responsabilidade para tomar as decisões mais saudáveis. Por isso, Amélia entende que os pais devem ir dando poder aos poucos, mas sempre lembrando que eles estão em formação e têm limites.
Entre criar seus filhos de forma mais liberal ou mais rígida, Sirlene prefere que os pais sejam participativos e responsáveis. "O medo na adolescência não é barreira para nenhum adolescente, sabemos também que liberdade sem limites e responsabilidade não é condizente com o saudável", completa.
"Se você não se tornar inútil aos seus filhos, é porque não cumpriu seu papel". Para os pais, essa é a máxima da transição para a vida adulta, recomenda Amélia.
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Quando buscar ajuda
Às vezes, os comportamentos das crianças e adolescentes pedem uma ajuda psicoterápica. Mas como identificar? Segundo as profissionais, o principal é observar se os comportamentos do seu filho são agressivos ou inquietos. Também é importante prestar atenção à rotina e a qualidade de sono do pequeno.
"A escola é um indicador importante para a família, quando a instituição pontua comportamentos indevidos, é preciso checar esses comportamentos e não mudar a criança de escola", adiciona Sirlene.