Pediatra especializada em medicina do adolescente, conhecida como hebiatria. Formada pela Pontifícia Universidade Católi...
iSão considerados adolescentes, por definição da Organização Mundial da Saúde, todos aqueles que estão entre os 10 e os 20 anos incompletos. É nessa fase que as crianças passam pelas mudanças que as transformam, no final desses 10 anos, em adultos, em meio à uma turbulência de emoções, vivências e hormônios. Essa fase de transição é naturalmente lenta, tanto do ponto de vista físico quanto do emocional, mas percebe-se nos dias de hoje uma tentativa de aceleração desse processo, com meninas e meninos recém-saídos da infância tentando se comportar como adultos que ainda não são.
Além de não ser fisiológico, o comportamento adulto, quando acontece precocemente, passa a ser de risco, pois incide em jovens imaturos emocionalmente. Basta olhar nas ruas, nos shoppings ou nas praias para notarmos a quantidade de adolescentes de ambos os sexos (mais evidente nas meninas) que se vestem e agem como se fossem mais velhos do que são. Com isso as jovens atraem olhares e abordagens para as quais não estão preparadas, já que parecem adultas aos olhos de quem as vê, mas internamente ainda têm um grau de imaturidade grande, de acordo com a sua idade cronológica.
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Hoje vivemos em uma sociedade erotizada, na qual a sexualidade está em todos os locais, seja na mídia digital ou escrita, nas músicas e nas danças, nas festas e na rua. No Brasil a média de iniciação sexual gira em torno dos 15 anos, sendo que, segundo a Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (PeNSE), realizada pelo IBGE em 2015, com alunos do 9º ano do ensino fundamental, 27,5% afirmaram já ter tido pelo menos uma relação sexual na vida. Como resultado desse comportamento temos altos índices de gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis na adolescência.
Corpos plastificados
A busca por corpos perfeitos, baseados em figuras "photoshopadas" e mulheres "plastificadas" é motivo de grande angústia para as adolescentes atuais, que não têm paciência de esperar a sua maturidade física e procuram tratamentos estéticos antes mesmo de saber como seus corpos ficarão. Academias, clínicas de estética e cirurgiões plásticos têm notado um aumento do número de jovens em busca da perfeição idealizada, muitas vezes antes mesmo de menstruarem, o que é absolutamente contraindicado.
O consumo de bebida alcoólica, também símbolo da maioridade, tem atingido altos índices na adolescência. A PeNSE 2015 demonstrou que entre os alunos do 9º ano do ensino fundamental no Brasil, 55,5% já consumiram álcool alguma vez na vida e 21,4% já estiveram embriagados. Além de todos os problemas fisiológicos relacionados com o seu consumo precoce, o adolescente alcoolizado se envolve mais facilmente em situações de risco, como atividade sexual sem proteção, consumo de drogas ilícitas e vários tipos de violência, seja como agressor ou como vítima.
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Momentos de transição são sempre acompanhados de estranhamento, inseguranças e medos, por isso o ideal é vivenciar a adolescência como quem degusta um alimento novo, com cuidado e curiosidade. Se vivida sem pressa, a adolescência constrói corpos e mentes sãs, preparados para os desafios da vida adulta. Quando atropelada, pode gerar sofrimento maior do que o necessário, formando adultos com memórias e cicatrizes que podem deixar marcas para toda a vida.