Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Reservar um tempo durante o dia para relaxar é essencial e traz diversos benefícios para a mente, como a redução do estresse. Porém, um novo estudo indica que estes benefícios não se limitam apenas à esfera psicológica, como também à esfera física. Segundo cientistas da universidade de Harvard, práticas simples que auxiliam no esvaziamento da mente por períodos curtos de tempo, como 15 minutos, podem alterar sua pressão arterial, alterando 172 de seus genes.
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Como o estudo foi feito
Os estudiosos acompanharam um grupo de 24 pessoas que tinham hipertensão arterial por um período de oito semanas. Durante este tempo, essas pessoas foram treinadas para conseguir relaxar. Estes treinos eram semanais, e contavam com a presença de uma pessoa experiente para auxiliá-los nessa aprendizagem. Além disso, os participantes receberam um CD que eles poderiam reproduzir em casa para aprender mais sobre técnicas que acalmam a mente.
Estas técnicas eram simples, e envolviam instruções para respirar profundamente, relaxar a musculatura e concentrar-se através de mantras, bloqueando pensamentos invasivos. Então, após as oito semanas, os pesquisadores verificaram se a pressão arterial dos pacientes havia diminuído ou se estava no valor ideal (120 mmHg por 80 mmHg).
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Um pouco menos que a metade dos participantes atingiram os valores ideais com a prática das técnicas relaxantes, e foram classificados como "correspondentes". Os outros 11 participantes que não atingiram os valores ideais foram classificados como "não-correspondentes" . Não está claro se a ineficácia do tratamento nessas pessoas se deu pelo fato de falharem em aprender as técnicas de relaxamento, ou se então, elas tinham um diferente tipo de hipertensão que não pôde ser melhorada pela meditação.
Amostras de sangue também foram coletadas de ambos os grupos que responderam com sucesso ao tratamento ou não, e estas revelaram diferenças genéticas entre os participantes. Isto porque 172 genes diferentes, responsáveis por processos inflamatórios, ritmos circadianos, e metabolismo de glicose foram ativados, desativados ou modificados nas pessoas que responderam ao tratamento com sucesso. Já as pessoas que não viram mudanças em seus níveis de pressão arterial com o uso de técnicas meditativas, tiveram seus genes inalterados.
Conclusões
O estudo por ser não conclusivo e pequeno, ainda não é uma prova definitiva que a meditação pode diminuir a pressão arterial alterando a expressão dos genes. Mas os autores afirmam que é o primeiro que relaciona técnicas de relaxamento à reduções nos níveis de pressão arterial, e servirá como exemplo para pessoas que são céticas em relação ao poder da meditação para melhorar a saúde e reverter quadros de doença.
"Pense no surgimento da penicilina na década de 20. Nós estamos desde lá, nos tornando mais e mais dependentes de remédios, cirurgias e outros procedimentos médicos", diz Dr. Herbert Benson, um dos autores do estudo, em entrevista ao site CommonHealth.
Benson enfrentou muitas críticas de seus colegas em Harvard por acreditar que a mente desempenha um papel importante na saúde física e na redução de doenças. "Deter o fluxo intenso de pensamentos diários, isto é, esvaziar a mente, pode ser uma nova ferramenta médica, que pode ser integrada aos nossos maravilhosos tratamentos medicamentosos e cirúrgicos", diz ele.
Há mais de 200 medicamentos voltados para o combate da hipertensão, mas muitos deles carregam muitos efeitos colaterais graves, o que faz com que os pacientes fiquem relutantes em fazer uso deles. A meditação, por outro lado, não causa efeitos colaterais, e apenas exige um comprometimento diário com si mesmo.
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