Médica Endocrinologista formada pela UNISA em 1993. Doutorado em endocrinologia pela FMUSP. Médica fundadora do Ambulató...
iA obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal e, para evitar esta situação, a atitude mais saudável é fugir dos alimentos mais calóricos, diminuir as porções de comida e praticar exercícios físicos regularmente. Mesmo com essas tentativas, no Brasil, existe uma população de gordinhos que não obtém estas medidas, na maioria das vezes não consegue emagrecer. Estes indivíduos têm maior dificuldade para perder peso e principalmente para mantê-lo. Mas qual seria a diferença entre pessoas que permanecem magras e aquelas que voltam a ganhar peso com mínimas diferenças no estilo de vida?
A reposta pode estar nos fatores de risco genéticos que afetam tanto o apetite quanto o gasto energético. Isso tem sido descrito como síndromes genéticas causadas por mutação em um único gene, o que é bastante raro e a grande maioria dos obesos não apresentam este tipo de mutação. Pesquisas com gêmeos e famílias com crianças adotivas sugere fortemente que as características herdadas se mantêm mesmo em ambientes distintos. Mas vale lembrar que nós não podemos mudar nossos genes, somos capazes de melhorar muito os nossos hábitos e pequenas perdas de peso (em torno de 10% do peso inicial) já promovem grandes efeitos tanto no bem
estar quanto no controle de diabetes e hipertensão arterial.
Por exemplo, uma criança com pai e mãe magros tem chance de 20% de desenvolver obesidade, enquanto se um dos pais for obeso está chance passa para 40% e se ambos forem obesos o risco vai para 80%. Os genes que por seu papel na obesidade atraíram maior atenção nos últimos tempos foram: o gene da leptina e seu receptor, as proteínas desacopladoras (UCP 2 e 3, que regulam a queima calórica), moléculas implicadas na diferenciação de adipócitos (células de gorduras) e transporte de gorduras (PPAR, a P2), dentre outros.
É importante ressaltar também que a maior sobrevivência dos indivíduos obesos e a influência das reservas de gordura na fertilidade em situações de falta de alimentos, podem ter sido em parte responsáveis por uma seleção natural de pessoas com tendência à obesidade.
Dra. Alessandra Rascovski é endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso)