Nutricionista Pós-Graduado em Cuidados Nutricionais do Paciente e do Esportista pela Unesp; Pós-Graduado em Cirurgia Bar...
iComer pouco à noite: o grande pesadelo das dietas. Essa prática é muito antiga e ainda é utilizada por muitos adeptos de dietas restritivas na busca do peso ideal. Na década de 1950, observamos que uma grande parcela da população começou a ganhar peso. Nessa época também ocorreu um grande aumento no consumo de açúcares simples e gordura hidrogenada, devido a mecanização do trabalho, ao transporte por combustão, grande acesso a modernização e industrialização.
Imaginava-se naquela época que, como o corpo fica em repouso no período noturno, não há porque ingerir grandes quantidades calóricas. Essa restrição faria o corpo consumir a gordura armazenada para gerar energia e levaria ao emagrecimento. De fato isso ocorre, o corpo em repouso gasta sim mais gordura armazenada, porém nunca foi comprovado que esse mecanismo seja compensatório em relação a ingestão calórica realizada durante o dia. Então vamos aos mitos relacionados ao comer menos no período noturno em busca de emagrecimento:
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Comer carboidrato à noite engorda mais?
Mito. Esse fato só ocorre se o indivíduo ingerir mais calorias ao longo do dia do que necessita. O ganho de peso ocorre por um acúmulo de macronutrientes na dieta, portanto, o horário ou a quantidade de refeições por dia não irá mudar em nada no acúmulo de gordura corporal se a caloria ingerida nesses refeições não for superior ao gasto energético do dia.
O horário que eu como à noite pode influenciar no peso?
Mito. Esse fato não acontece em indivíduos sadios. O corpo, mesmo desacelerado (em repouso), queima menos calorias, porém ele ainda está gastando para manter temperatura, digestão dos alimentos e reciclar os tecidos. E isso acontece independente do horário que se come à noite.
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O jantar deve mesmo ser uma refeição mais leve?
Mito. Claro que estamos falando para indivíduos sadios. Se você possui doença do refluxo ou está muito acima do peso, comer em grandes quantidades pode atrapalhar a digestão, já que quando deitamos não possuímos a ajuda da gravidade para "empurrar" o alimento do estômago para o intestino, causando mais episódios de refluxo. O refluxo pode atrapalhar muito a qualidade do sono e, com isso, aumentar consideravelmente o apetite. Já em indivíduos que não apresentam refluxo, o horário e o volume das refeições não altera em nada na fisiologia corporal.
Não posso comer um lanche no lugar do jantar?
Mito. O modo de apresentação da refeição não interfere no consumo calórico. Porém, é importante ressaltar que essa prática em comer lanches no jantar (trocando a comida), muitas vezes não causa a saciedade ideal e, por essa questão, muitas pessoas acabam "beliscando" mais do que quem consome comida. Se o lanche for bem desenhado nutricionalmente não haverá mudanças na saciedade e nem na perda de peso. Por isso, quando você for comer um lanche no lugar da comida, esse lanche necessita conter proteínas, carboidratos complexos e fibras, causando assim a saciedade completa.
É melhor consumir uma refeição líquida à noite?
Mito, mas não em todos os casos. É possível, sim, uma pessoa utilizar uma alimentação mais líquida nesse horário, pois a consistência da dieta não interfere no ganho ou perda de peso. Algumas pessoas preferem, por hábito, consumir alimentos mais "leves" nesse período. Alguns até mesmo consomem shakes. No meu ponto de vista não há problema algum, o que devemos sempre orientar o indivíduo é que ele atinja a necessidade nutricional das 24h causando bem-estar, saciedade e felicidade em ingerir aquele alimento. Já na busca de perda de peso, o ideal é ingerir menos calorias nas 24h sem que haja rebote do apetite no dia seguinte (fato muito comum nos dias de hoje, onde não temos tempo para nos alimentar de forma mais eficiente, causando ganho do peso por descontrole do apetite nos dias subsequentes).