Pediatra especializada em medicina do adolescente, conhecida como hebiatria. Formada pela Pontifícia Universidade Católi...
iA adolescência, por definição da Organização Mundial da Saúde, compreende as idades entre 10 e 20 anos incompletos. Esse período serve como um treinamento para a idade adulta, sendo caracterizado pela busca da personalidade e da independência.
Atualmente percebe-se um alargamento dessa fase, ao ponto de se sugerir que a adolescência seja estendida até os 25 anos, baseado na percepção de que antes dessa idade não há maturidade física e emocional completas.
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Do ponto de vista fisiológico, hoje sabemos que o córtex pré-frontal é a última parte do cérebro a amadurecer e que isso só acontece por volta dos 25 anos, sendo essa região responsável pela tomada de decisões, controle de impulsos, capacidade de organização e planejamento do futuro.
Já do ponto de vista psíquico e pessoal, espera-se que o adulto tenha sua formação profissional completa, independência financeira e emocional, condições de se sustentar por conta própria e gerir sua própria casa. Nos dias de hoje isso tudo tem acontecido mais tardiamente, o que, para muitos, significa um prolongamento da adolescência.
Mas como preparar os nossos adolescentes para saírem da adolescência? O papel dos pais nessa fase é permitir que ela seja vivida de modo a atingir seus objetivos finais, ou seja, a independência e a construção da personalidade de cada um. Devem proporcionar, aos poucos, a autonomia do adolescente e permitir que ele vá, lentamente, tomando posse de sua vida.
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Faz parte do processo de crescimento e amadurecimento o afastamento progressivo dos pais, a aproximação do grupo dos amigos e a vivência de novas experiências. É preciso entender que esse é o caminho para a maturidade e permitir que esse processo natural aconteça, sob medida.
Prender demais os filhos, mesmo que com a boa intenção de protegê-los, não os prepara para a vida real dos adultos. Assim como exagerar na liberdade, pois podem ainda não estar totalmente preparados para lidar com ela, aumentando as chances de se colocarem em situações de risco.
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Ninguém se torna autônomo da noite para o dia. Esse é um processo lento, que vai sendo adquirido aos poucos, com a ajuda - ou permissão - dos adultos. Não existe fórmula mágica para o sucesso, mas algumas atitudes podem ser de grande valia, tais como:
- Envolver o adolescente nas tarefas de casa
- Ensinar a respeitar os outros e a exigir respeito a si mesmo
- Ajudá-lo a se organizar de forma que possa dar conta de suas responsabilidades sozinho, na escola, nos esportes, no lazer
- Permitir novas vivências sociais
- Estimular o diálogo em família
- Estimular a independência com responsabilidade, mas se colocar sempre à disposição, para o que for preciso
- Ensinar a manejar o dinheiro com consciência (mesada, por exemplo)
- Estimular a autoestima
- Estimular a busca pelos sonhos e a construção de projetos de vida
- Acolher nos momentos de frustração, mas permitir que eles aconteçam
- Preparar os filhos para quando não estivermos por perto.
Esse é o grande desafio dos pais, que devem começar seus trabalhos já na primeira infância, com amor e atenção, sem deixar de lado a educação. Dar limites com carinho, deixar cair e acolher depois, empurrar para os desafios da vida, aos poucos, acompanhando de perto as conquistas e as derrotas, oferecendo colo quando preciso e comemorando juntos as vitórias.
Ele bateu as asas? Missão cumprida.