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É comum associar a palavra violência com atos de agressão física ou verbal. Entretanto, estes não são os únicos atos violentos presentes em nosso dia a dia. Especialmente com o passar dos anos, a hostilidade da rotina assume formas discretas, e nem sempre podemos perceber que estamos sendo indiretamente atacados.
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Estas pequenas agressões do cotidiano podem ser causadas pelo próximo, mas também por nós mesmos. Nos habituamos a enfrentar o estresse do trânsito diariamente, entrando automaticamente em sintonia com energias negativas. Somos oprimidos em nossas casas e no meio profissional, e isto acaba ceifando pouco a pouco o nosso desejo de viver.
Para fugir dessas e outras violências sutis, é possível lidar com estas situações, alterando os percursos de nossa vida para caminhos mais positivos:
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Lidando com violências que estão fora de nosso controle
Provavelmente você deve experienciar alguma forma de estresse no início de seu dia. Pense no trânsito, por exemplo. Para quem utiliza transporte público a fim de locomover-se pelo centro urbano, há o esgotamento de enfrentar a superlotação nas linhas de ônibus e metrô.
Para quem possui carro próprio, existem os engarrafamentos e os conflitos constantes com outros motoristas, que muitas vezes envolvem agressões verbais. Para Sharon Feder, psicóloga e coach de saúde, lidar com estas situações de maneira combativa não é a melhor solução: "Nessas horas, uma postura tranquila e assertiva é o melhor a se fazer", explica a especialista.
Segundo a psicóloga, o retorno que se obtém através de confrontos e respostas agressivas é negativo. Uma forma de lidar com situações que não podem ser controladas é mantendo a calma, atentando-se à respiração. Encarar a situação de forma estratégica também pode ser uma boa alternativa.
Por exemplo, se você sabe que determinado horário do dia possui um grande trânsito, busque rotas alternativas que possam fazer você enfrentar um menor congestionamento. Se tiver a possibilidade, reajuste os seus horários para que possa se locomover com mais tranquilidade.
E caso não haja a possibilidade de flexibilizar os horários, encontre maneiras criativas para lidar com situações estressantes. Escute uma música no carro, leia um livro, ou instale algum jogo em seu celular. Distrair-se e atribuir atividades prazerosas à momentos desagradáveis pode ser uma saída.
Por que essas situações são violentas?
As circunstâncias exemplificadas, assim como outras semelhantes, podem ser consideradas nocivas ao bem-estar porque provocam estresse, que em grandes níveis, pode até mesmo provocar distúrbios psicológicos, aponta a psicóloga.
Situações como o trânsito excessivo podem ser consideradas parte do cotidiano, porém, elas são parte de um ciclo de esgotamento, que torna nossas rotinas cada vez mais exaustivas. É importante relembrar-se que o estresse não deve ser um denominador comum em nossos dias.
Como lidar com conflitos profissionais e familiares
Você provavelmente já passou por situações adversas em casa ou no trabalho. O problema de experiências negativas nesses locais, é que passamos grande parte de nosso tempo neles, o que pode potencializar nosso mal-estar. Por isso, Sharon Feder afirma que é importante estabelecer limites, pois eles constroem muros que nos protegem contra as agressões do dia a dia.
No caso do ambiente de trabalho, existem inúmeras possibilidades de fatores estressores, como ser submetido a fazer hora extra, ou então, ficar mais tempo no trabalho por conta própria. Quando ultrapassamos o nosso expediente, estamos desrespeitando os nossos limites. É essencial ter a consciência de que outras áreas de sua vida precisam de atenção, e que seu tempo deve estar distribuído em atividades diversas que lhe tragam alegria.
Além disso, muitas pessoas passam por abusos constantes de seus chefes. E nem sempre estes transtornos são explícitos. Muitos funcionários sofrem críticas constantes, ou são tratados de maneira ríspida por atitudes triviais. Quando esse tipo de experiência se torna corriqueira, a sensação de aflição e baixa autoestima faz-se presente em grande parte do tempo.
Olhando para dentro de si
Contudo, não se desespere, pois há soluções para o dilema. Sharon indica tomar iniciativas internas e externas para lidar com episódios angustiantes. Em primeiro lugar, devemos cuidar de nós mesmos. Portanto, a prática da meditação, do controle da respiração e o mindfulness podem ser ótimos aliados na hora de acalmar a mente antes de ceder para a desmotivação.
Estas dicas podem ser incorporadas em quaisquer situações diárias que lhe tragam certo desconforto. Em ambiente doméstico, você também pode encontrar um espaço próprio, que pode ser um cômodo da casa com pouca movimentação que possibilite ter tranquilidade.
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Desenvolva empatia e resiliência
Antes de tomar decisões que aperfeiçoem o ambiente externo, é recomendável que você estimule duas características em sua personalidade: A empatia e a resiliência. A primeira fará com que você simpatize com o próximo e tenha consciência que ele também trava uma batalha diariamente para ser feliz.
Da mesma forma que temos motivos para nos sentirmos frustrados com a atitude alheia, os outros também têm razões para agirem das mais variadas formas. Isto não significa que devemos aceitar quaisquer tipos de comportamento. Entretanto, conscientizar-se da humanidade do outro pode trazer conforto em momentos em que nos sentimos hostilizados.
Já o despertar da resiliência nos faz encarar obstáculos de forma positiva, encontrando um aprendizado em todas as adversidades que vivemos.
Resolvendo questões externas
Ao esclarecermos alguns conflitos internos, torna-se mais fácil encontrar um equilíbrio para os impasses externos. Sharon Feder reitera que em ambiente profissional e doméstico, o diálogo sempre será a melhor solução para os problemas. "Converse com as pessoas envolvidas no embate para buscar as resoluções possíveis", explica.
Já em ambiente familiar, a psicóloga indica sempre demonstrar nossa opinião, mas de maneira respeitosa, sem aumentar o tom de voz. "É possível ser assertivo sem ser agressivo", afirma.
Como manter a autoestima com as violências do dia a dia
Para a especialista, a autoestima deve vir de dentro, sem depender dos outros. "Devemos construir uma autoavaliação baseada em nossas experiências", explica. Valorizar-se é imprescindível, independente das críticas alheias.
Procurar ser uma versão otimizada de si mesmo é sábio, entretanto, devemos ter em mente que nem sempre seremos capazes de atingir as expectativas alheias. O importante é que tenhamos plena consciência de nossas ações e que acreditemos nelas. Desta forma, torna-se mais fácil lidar com as adversidades.
Como identificar as pequenas violências da rotina
O trânsito caótico, as contas para pagar, os conflitos domésticos e profissionais e o acúmulo de tarefas são apenas algumas das situações em que nosso bem estar é colocado em risco. Por serem comuns, é possível que apenas aceitemos a ocorrência desses fatores.
Entretanto, segundo Sharon, alguns sinais indicam que está na hora de repensar a concordância que temos com o estresse. "Ter sentimentos e pensamentos negativos constantemente e apresentar físicos como dores de cabeça, palpitações e cansaço podem ser uma forma do corpo demonstrar que estamos vivenciando uma realidade destrutiva", alerta.
Podemos nos sentir impotentes ao nos depararmos com o que não podemos controlar, e esta é uma lógica perversa, pois a vida sempre irá nos oferecer momentos negativos. Não temos controle sobre a rotina, porém, podemos desenvolver o controle sobre nossas reações.
"Existe uma pesquisa na área de felicidade que demonstra que, para sermos alegres, a proporção de emoções negativas para positivas deve ser 1 para 3 - uma emoção negativa para cada três positivas", explica Sharon. Portanto, certifique-se de incluir atividades prazerosas sempre que possível na rotina, que relembrem você diariamente que a felicidade deve ser sempre a maior prioridade em nossas vidas.
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