Psicóloga Junguiana com especialização em Técnicas Corporais e Terapeuta Shiatsu, Amélia Kassis possui experiência com d...
iSe você é daqueles que comem uma caixa de chocolate sem perceber e fazem o caminho da geladeira mais que três vezes ao dia, cuidado! Você pode estar tentando alimentar o vazio crescente em seu peito, adquirindo um comportamento nem um pouco saudável que pode levá-lo ao transtorno de compulsão alimentar.
Vista como um dos primeiros sintomas da ansiedade generalizada, a compulsão - vulgarmente conhecida como mania - é definida como um desejo incontrolável, gerado pela ansiedade ou depressão, de repetir padrões de comportamento.
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Tais comportamentos trazem um alívio transitório da ansiedade ou da depressão. E é exatamente por essa sensação passageira de satisfação que o indivíduo se sente compelido a realizar atividades de maneira ritualística como, por exemplo, checar portas, lavar as mãos, comer, comprar, se masturbar ou fazer sexo.
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Compulsão e autocontrole
Estamos falando de compulsão e a pessoa que desenvolve esse quadro perde completamente o autocontrole e podemos dizer que passa a ser dominada pelo próprio desejo durante a realização do ato compulsivo, o que acaba gerando culpa e frustração. O objeto de desejo torna-se seu poder maior, que lhe escraviza e domina, já que na maioria das vezes a compulsão leva o indivíduo para o lado oposto de seus reais objetivos e valores de vida.
Assim como aspectos sociais e fisiológicos influenciam para o desenvolvimento desse quadro, fatores psicológicos também são determinantes. Grande parte dos compulsivos carecem de autoconhecimento, se sentem inferiores ou inadequados e não priorizam seus objetivos pessoais, apesar de defini-los. Eles acabam por se apegar ao alimento, por exemplo, na tentativa de minimizar os efeitos de sua desorganização interna.
Os comportamentos compulsivos se tornam verdadeiros escudos para que a pessoa não enfrente suas reais dificuldades. O processo psicoterápico irá auxiliar a compreensão das causas que desencadeiam a ansiedade e a depressão, possibilitando que enfrente e resolva seus problemas. É importante a avaliação de um especialista para checar o grau de compulsão (o quanto esses comportamentos estão prejudicando a dinâmica da vida) e determinar se há necessidade de intervenção medicamentosa
Compulsão como armadura
Só podemos ser felizes sem armaduras. E, nesse sentido, a compulsão nos rouba tempo e energia. Quando percebemos, já caímos em um ciclo vicioso vivendo a mesmice por medo do desconhecido - e por vezes do que deveria ser nosso "conhecido" - nos escondendo atrás da comida, do trabalho, da roupa de moda, dos perfumes e da bebida. Isso tudo para não nos enxergarmos nus diante de nós mesmos.
Fugimos feito loucos das relações íntimas de troca de afeto para substituí-las em relações cibernéticas em chats e salas de bate-papo, onde seguramente poderemos continuar a dramatizar nossa vida ao invés de vivê-la.
É demasiado importante jamais esquecer que a vida tem sua lógica própria e que todas as doenças, sem exceção, são sinalizadoras de que nossas esferas física, psíquica, mental e espiritual estão em busca de equilíbrio. A compulsão é a busca cega poe prazer. A carência chega ao seu limite e todo o sistema corpóreo emocional fica a ponto de perder totalmente sua energia e busca desesperadamente uma luz no fim do túnel. O pulo do gato para sair dessa é lembrar que quando paramos de fugir da dor encontramos o prazer.
Quem sofre do vício de consumir, realmente se consome. Tenho certeza de que todos nós estamos na vida em busca da felicidade - e que todos os caminhos levam a ela, mas temos o poder de decidir a que horas e como queremos chegar lá. Essa consciência adquirida de que é possível escolher quais paisagens estarão no seu caminho é vital. Afinal, cá entre nós, sombra e água fresca é o mínimo que merecemos, não é mesmo?
Dedique um tempo para refletir e busque dentro de você a resposta para a pergunta daquela famosa música dos Titãs: "Você tem fome de quê?".
Exercícios para controlar a compulsão
Para ajudar no processo de auto-conhecimento e ajuda, proponho dois exercícios:
1. Comece observando sua respiração.
A respiração pode trazer informações importantes sobre seu estado emocional. Para os sábios do mundo antigo, não temos uma quantidade de anos de vida e sim um número determinado de respirações. Assim, quanto mais profundo e lento o respirar, mais tempo viveremos.
De início, isso pode até parecer brincadeira, mas se pararmos para analisar, perceberemos a profundidade do conceito. Pense comigo: a respiração está ligada diretamente a todo o nosso estado físico e emocional. Quando estamos tristes, inspiramos lenta e demoradamente. Com raiva, nos sentimos cheios e bufamos (pois não aguentamos mais nada dentro de nós). Já o medo dispara nosso coração e nossa respiração se acelera e nos prepara para a fuga.
2. Exercício respiratório para momentos de crise
Se a compulsão já bateu e você sente-se triste, acuado e com culpa, pode sentar confortavelmente e colocar seu dedo médio e o indicador no ponto entre suas sobrancelhas. Expire profundamente por três vezes. Tampe a narina direita com o polegar da outra mão e inspire apenas pela narina esquerda.
Agora, tampe a narina esquerda com o dedo anular e solte o ar pela direita. Inspire pela direita, tampe-a com o polegar e solte pela esquerda, completando um ciclo completo. Faça 12 ciclos - e nunca esqueça que você pode ser feliz!