Médico urologista e doutor em Ciências Médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também é membro da...
iOs testículos são formados dentro da barriga, ao lado dos rins, quando os bebês do sexo masculino estão dentro do útero da mãe. Ali se desenvolvem durante a gestação. Devem ir descendo gradativamente e, normalmente, se posicionam dentro da bolsa escrotal no nascimento. Ou seja, o esperado é que os meninos já nasçam com as duas bolinhas (testículos) dentro do saquinho (bolsa escrotal).
A importância da migração testicular em direção à bolsa escrotal é a seguinte: as células que produzem espermatozoides localizam dentro dos testículos trabalham melhor quando em uma temperatura mais baixa do que aquela de dentro da barriga. A bolsa escrotal como é afastada do abdome, tem cerca de um grau a menos de temperatura interna. Parece pouco, mas para a produção de espermatozoides faz muita diferença. Em outras palavras: equivaleria a uma fábrica onde ocorre aumento de produtividade se os funcionários estiverem em ambiente refrigerado. E ocorre o contrário caso eles tenham que trabalhar sentindo calor.
Quando um dos testículos ou ambos não estão situados na bolsa escrotal no nascimento, denominamos criptorquidia. Significa literalmente "testículo escondido".
Quando corrigir a criptorquidia
Antigamente, os médicos aguardavam alguns meses para que os testículos migrassem pra bolsa, às vezes fazendo estímulo com medicamentos chamados gonadotrofinas. Atualmente, os consensos determinam a cirurgia para colocação dos testículos na bolsa escrotal, chamada orquidopexia, o mais breve possível. Essa recomendação tem como objetivo minimizar os danos à espermatogênese e diminuir os riscos de infertilidade na idade adulta. Reduzindo o tempo em que os testículos ficam submetidos à temperatura mais elevadas.
Geralmente os testículos que estão no canal inguinal (região próxima da virilha) são palpáveis e podem ser localizados com a ultrassonografia. Porém em alguns casos eles ainda se encontram dentro do abdome no nascimento. Nesse caso, a ressonância e a laparoscopia (visualização direta do local com uma câmera) permitem seguir o trajeto que os testículos deveriam ter percorrido e localizar o ponto da parada de migração. Quanto mais alto o testículo se encontra, pior é a chance (o prognóstico) em relação à preservação da fertilidade.
Portanto, levar a criança ao pediatra e, caso os testículos não se encontrem bem localizados na bolsa escrotal, encaminhá-las ao médico especialista é muito importante. O diagnóstico precoce e a correta orientação fazem a diferença.