Graduada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba em 1980. Especialista em Pediatria pelo Conselho...
iNum momento histórico em que prevalecia a chamada "Medicina Heroica" (meados de 1700), Samuel Hahnemann, médico alemão de origem humilde, considerava que quando a pessoa adoece sua energia vital, reatividade está comprometida e portanto deveria ser tratado de forma suave. Sua opinião contrastava com o que era usado na época: sangria, calomelanos, ventosas, métodos que levaram muitos pacientes a óbito.
Ao publicar seu primeiro trabalho "Ensaio sobre um novo princípio para descobrir o poder curativo das drogas", em 1796, marcou o nascimento da Homeopatia. Em 21 de novembro de 1840, o médico francês Jules Benoit Mure chegou ao Rio de Janeiro e trouxe a Homeopatia ao Brasil. A especialidade foi rapidamente difundida: baixo custo, eficaz, ausência de efeitos colaterais e teve rápida aceitação.
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O que me levou à homeopatia foram os pacientes asmáticos. Sempre me questionava sobre o uso insistente e repetido em pronto-socorro de medicações que poderiam comprometer o bom desenvolvimento, e isso me deixava demais desconfortável. Essas medicações resolvem o que é agudo mas a doença crônica tende à repetição, então não tem eficácia a longo prazo.
Existem diferenças em relação a tratamento de condições crônicas e agudas. O uso só de homeopatia ou associada a alopatia depende da experiência do homeopata e da gravidade da doença. Nos casos mais graves, a homeopatia associada abrevia a cura.
Em consulta, com frequência recebo crianças cujos pais já estão cansados de tanta medicação, acreditando que seus filhos têm "baixa imunidade" e que ouviram falar que a homeopatia é boa para melhorar a resistência.
O uso sequencial de serviços de pronto-atendimento, leva a excesso de medicação e de procedimentos (raio-X, exames de sangue, etc) e nem sempre esclarecem.
A medicina deve ser praticada com calma, ouvindo a família e somente assim o tratamento torna-se eficaz. A grande especialidade do médico homeopata é ouvir. A homeopatia tem amplo uso em pediatria, seja só ou associada a outros tratamentos.
Doenças infantis tratadas com homeopatia
Nas crianças, uma vantagem da homeopatia é que podemos utilizar desde os sintomas chamados prodrômicos, quando ainda não sabemos o que é, como febre e sintomas gerais como prostração ou indisposição, às vezes irritação ou agressividade, birra. Doenças febris agudas e exantemáticas (roséola, escarlatina, doença mão-pé-boca) iniciam da mesma forma: febre e indisposição para depois, em 72 horas, terem resolução. Assim é com as amidalites, otites, gripes.
Mas o grande uso e a maior procura em consultório são as doenças crônicas, como a asma e a rinite, e doenças que se repetem, como a otite, sinusite, amigdalite. Todas elas multifatoriais e dependem, além da homeopatia, de mudanças de hábito.
Então, a homeopatia trata nas crianças as condições crônicas ou agudas, traumas, doenças exantemáticas, as questões de imunidade e mais as doenças crônicas não transmissíveis como o aumento do colesterol, triglicérides e hiperglicemia que atualmente surgem em idade muito precoce.
O que percebemos ao longo dos anos de consultório é que a criança que faz uso de homeopatia adoece menos e de forma mais tranquila.
A consulta homeopática infantil
Se a consulta homeopática exige que o médico ouça muito sobre o paciente, sua rotina e sua saúde, na consulta homeopática em pediatria é um pouco diferente. O informante é a mãe, o pai, os avós ou a babá, que deve ser o mais preciso possível. Suas sensações e impressões sobre as crianças também são válidas.
Quando uma mãe chega em consulta e me conta que sua criança está diferente do habitual e no exame físico eu não encontro nada, eu estou errada. As mães são "tentaculares". Olham para seus filhos e percebem pequenas diferenças. Como médicos, devemos as considerar.
A criança ao adoecer deixa perceber alterações gerais como febre, indisposição, irritabilidade. Mas a característica mais interessante é mudança de comportamento. As crianças iniciam adoecimento pelo psiquismo. Crianças dóceis podem tornar-se bravas, nervosas ou sonolentas. Um médico atento percebe essas diferenças.