Andressa Bortolasso, autora de Sintonia de Mãe, publicado pela Luz da Serra Editora, é odontopediatra, especialista em a...
iA espera o bebê é permeada de sonhos? O quartinho, o enxoval, as lembrancinhas, ficar pensando como será a carinha o bebê, se vai ser igual ao papai ou à mamãe, escolher a poltrona de amamentação com tanto carinho e já imaginando os bons momentos que passará ali, sentada nela. Tudo isso vem envolvido por uma aura de amor e muito cuidado.
Só que a chegada em casa pela primeira vez com o bebê pode não ser um conto de fadas como parece. Aliás, as dificuldades podem começar a aparecer ainda na maternidade.
Já ouvi muitas mamães me dizendo "Nossa, é difícil assim mesmo? Toda mãe passa por isso? Por que ninguém me disse antes?"
O fato é que as pessoas até dizem, mas, quando a gente está esperando bebê, parece que o "estado de graça" é tão grande que a gente não tem ouvidos para ouvir!
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Quando eu estava grávida do meu primeiro filho, com um barrigão, quase na hora dele nascer, estava dando uma volta na praça aqui da minha cidade para tomar um ar, e já encontrei com uma amiga passeando com o bebê dela de 3 meses. Paramos para conversar e a primeira coisa que ela me disse foi que eu deveria aproveitar para dormir. Ela disse que, depois que o bebê nascesse, eu iria ver o que é passar sono na vida e que parecia que ela estava vivendo sob tortura por não conseguir dormir. Eu não tive ouvidos. Achei toda aquela conversa um exagero e confesso que até fui para casa com raiva dela por estar descarregando em mim aquela energia negativa. Passados alguns meses, eu fui entender perfeitamente como ela estava se sentindo naquele dia.
Por isso, querida leitora, se você está grávida, não importa o que eu disser aqui, você só vai entender mesmo depois que seu bebê nascer, fique tranquila!
Um dia você lembrará que leu em algum lugar algo assim. E isso não é de todo ruim, não! Acho que a natureza é sábia nesse sentido. E quando nasce um bebê também nasce uma nova mulher, mais forte e mais corajosa. Por isso, quando chegar a hora, você saberá o que fazer se estiver conectada, em sintonia com sua criança! Sobre essa conexão eu falo muito no meu livro Sintonia de Mãe, publicado pela Luz da Serra Editora.
Ter em mente as dificuldades, especialmente as primeiras dificuldades que você poderá enfrentar, pode facilitar sua vida nesse primeiro mês com o bebê em casa. Quando chegar a hora de você vivenciar tudo isso, pelo menos já vai compreender que não é só com você. A imensa maioria das recém-mamães passam por tudo isso e, nesse exato momento, muitas mulheres estão passando por isso agora.
Listei aqui a você quatro dificuldades que, ao meu ver, são mais impactantes na vida das mamães nesse momento. Quer vir comigo?
1 - Amamentar não é tão simples
Apesar de a amamentação ser um ato instintivo e natural, com o tempo nós mulheres fomos perdendo o jeito, pelo fato de que a cultura da mamadeira tenha sido introduzida tão fortemente em nossas vidas. Por isso, hoje em dia, temos que resgatar esse aprendizado.
Infelizmente, ainda recebemos muitas informações desencontradas. As dificuldades vêm, a gente sempre acha que vai melhorar com o tempo, mas vamos nos enroscando cada vez mais e quando percebemos estamos cada vez mais distantes do que tínhamos pensado como ideal.
Nesse caso, meu conselho é: procure ajuda já nas primeiras dificuldades. Essa ajuda a que eu me refiro aqui é profissional, mesmo, não de amigas ou familiares. Não dá para dar certo pedir ajuda para sua mãe, por exemplo, se ela não teve experiência com a amamentação de seus filhos ou se a ideia dela sobre amamentação é muito diferente da sua. Essas pessoas podem ter boa vontade, ter amor, mas muitas vezes não podem ajudar nisso.
2 - O puerpério pode ser psicologicamente difícil para a mãe
Pegar nosso recém-nascido no colo e olhar para ele pode ser o gatilho de um medo enorme da responsabilidade por aquela vidinha em suas mãos. Isso mexe muito com a gente e com nosso emocional. Agora não estamos mais sozinhas, temos que zelar por alguém!
Além desse peso emocional pela responsabilidade, ainda temos que lidar com o turbilhão de mudanças hormonais. Não é fácil lidar com uma TPM, imagine isso multiplicado por dez no puerpério.
3 - Às vezes você se sente sozinha, mas muitas visitas podem incomodar
Sabe o que é se sentir sozinha mesmo com trezentas pessoas em sua casa? Cada uma falando de sua experiência e de como você deve fazer as coisas. Se você prefere não receber muita gente em sua casa nessa fase, comunique isso!
Uma dica é colocar nas redes sociais que vocês estão bem e começarão a receber visitas a partir de tal data. Costuma funcionar.
4 - O bebê vai chorar e nem sempre é fome ou fralda cheia
A gente precisa aceitar de vez: bebês choram! É a forma que eles conseguem se comunicar nesse mundão aqui fora. Uma coisa que eu sempre digo é que precisamos ter compaixão com os bebês. Imagine como deve ser difícil a adaptação aqui, fora do útero. E aqui, minha dica é: tenha em mente que nem sempre choro é sinal de sofrimento. Com calma você poderá começar a decifrar cada vez melhor a linguagem dos bebês.
Espero que tenham gostado dessas dicas, e que seu coração se encha de amor para receber seu pequeno. O amor é remédio para tudo!