Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iConflitos costumam estar presentes no relacionamentos afetivos. No entanto, para as pessoas que convivem com o borderline, seja um paciente ou alguém próximo esse tipo de interação pode ser um pouco mais delicada. Isso porque de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), essa condição de saúde inclui relações pessoais intensas, instáveis e conflituosas.
De acordo com o psiquiatra Ivan Mario Braun, Doutor em Medicina pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de São Paulo, quem tem borderline costuma ter uma tendência a ter medo de ser abandonado.
A escritora Elise Gordezky é uma pessoa que tem borderline e publicou um texto na plataforma Medium na qual conta algumas maneiras de se comunicar com quem tem essa condição de saúde. É importante dizer que seu relato é particular e não tem o intuito de falar sobre todas as pessoas com borderline. Porém, para quem tem interesse no assunto, esse tipo de informação pode ser bem útil:
Demonstre que você se importa
As pessoas gostam de receber carinho e terem sua importância validada pelos outros. No entanto, de acordo com Elise, para uma pessoa que tem borderline esse tipo de informação é muito importante. Ela conta que muitas pessoas com borderline têm dificuldade em acreditar que as pessoas se importam com elas, caso elas não conversem ou estejam afastadas durante um tempo.
De acordo com ela, a distância faz com que um paciente com borderline pensem que os outros não se importam com ela, quando esse tipo de situação acontece.
Portanto, ela dá a dica, se você conhece alguém que tem borderline, procure enviar uma mensagem dizendo o quanto ela é importante ou perguntando como ela está. Esse tipo de cuidado pode ajudar a trazer mais confiança para seu ente querido.
O psiquiatra Ivan Braum ressalta que pessoa com borderline necessitam sentirem-se amadas e dar vazão às suas frustrações. Portanto, mostrar que ela é importante para você pode fazer muita diferença em seu humor.
Pergunte como estão as coisas
Estar na pele de uma pessoa que tem borderline não é fácil. Isso faz com que esses indivíduos acabem, muitas vezes, internalizando suas questões por sentirem vergonha de quem são.
Elise explica que o medo da rejeição é tão forte, que pode ser difícil arriscar se colocar numa posição de vulnerabilidade. Por isso, ela conta que é mais fácil esconder seus sentimentos. ?Se eu não me arriscar, não serei rejeitada?, ela conta. No entanto, esse tipo de atitude reforça a solidão e o medo de a pessoa com borderline se sentir envergonhada.
No entanto, perguntar como andam as coisas é uma forma de lembrar ao paciente com borderline que ele é importante e que seus sentimentos também são. É um ato simples, mas que pode significar muito.
Ao dizer informações difíceis, tenha empatia
Quando você vai ter uma conversa difícil com alguém que você gosta é importante pensar em como dar essa notícia. Com uma pessoa que tem borderline é igualmente importante. Vale ressaltar que pessoas com borderline não são indivíduos que merecem estar fora do convívio social ou que são pessoas fracas. O que acontece é que eles podem ser um pouco mais vulneráveis diante de suas emoções. Portanto, ter atenção no momento de dar uma notícia difícil pode fazer toda a diferença.
Elise pede para que antes de dar uma notícia dura a uma pessoa com borderline diga frases de incentivo, como: "Eu me importo com você e quero lhe ajudar em sua jornada", ou "Imagino que você esteja se sentindo aborrecido e confuso, e entendo que você possa sentir raiva de mim nesse momento".
Depois disso, é possível dividir a informação com mais tranquilidade.
Vale ressaltar que notícias tristes podem ser sempre difíceis de escutar. No entanto, ao validar os sentimentos e a importância de uma pessoa com borderline, pode ser que as chances de essas pessoas não se sentirem humilhados ou colocarem uma importância desproporcional àquela situação aumente.
Algumas palavras podem ter mais sucesso do que outras
Quem já leu coisas sobre pessoas com borderline, provavelmente já viu que elas podem ser chamadas de manipuladoras, abusivas ou malucas e apresentam comportamentos errados, inapropriadas ou ruins.
Pessoas com borderline podem ter comportamentos questionáveis, assim como pessoas que não têm esse tipo de transtorno de personalidade. De forma que muitas pessoas que são pacientes com borderline não são abusivos, mas podem apresentar comportamentos inadequados, indelicados e inábeis.
Caso você esteja em uma situação abusiva com uma pessoa com borderline é importante buscar ajuda para controlar as coisas da melhor forma possível.
Porém, no caso de situações que não sejam abusivas, Elise explica que a escolha das palavras pode fazer uma grande diferença na maneira como uma pessoa com borderline recebe a informação.
Em seu texto, Elise cita o estudo da psicóloga Marsha Linehan, que criou um dicionário de comportamental sobre pessoas com borderline. Nesse guia, ela explica que é mais adequado usar palavras mais específicas, como eficaz, hábil e sábio ou ineficaz, inábil e pouco sábias.
Isso porque essas palavras são úteis porque ajudam a separar as pessoas do comportamento. Além disso, são qualidades que podem ser transformadas. Por exemplo, se por acaso uma pessoa estiver em um momento de descontrole, ao invés de dizer que ela está descontrolada pode-se dizer:
"Eu vejo que você está chateado (a), mas você está se expressando de uma forma que é ineficaz, que não vai chegar aos resultados que você deseja. Você acha que consegue dizer o que está acontecendo de uma forma mais hábil?".
"Eu vejo que você está chateado (a), mas você está se expressando de uma forma que é ineficaz, que não vai chegar aos resultados que você deseja. Você acha que consegue dizer o que está acontecendo de uma forma mais hábil?".