Supervisora do Programa de Residência Médica Oncologia, Universidade Federal de São Paulo.Pós Doutorado em Oncologia Gin...
iA quimioterapia no tratamento do câncer é uma opção efetiva no tratamento, porém a toxicidade e o desenvolvimento de resistência são fatores limitantes para seu uso. Os avanços na descoberta das vias de sinalização e o sequenciamento completo do genoma de vários tumores permitiram a melhor caracterização dos marcadores de células com câncer.
A identificação destas alterações permitiu a revisão das classificações dos tumores, não só pelo tipo histológico e local de origem, mas também de acordo com o painel de mutações ou expressão encontradas. Desta forma, busca-se o desenvolvimento de terapia direcionada (terapia alvo), visando fornecer drogas a determinados genes ou proteínas das células neoplásicas com menor toxicidade às células sadias.
Saiba mais: Exame de sangue pode descobrir câncer 10 anos antes de aparecer
Assim ocorreu em vários cenários: no câncer de mama, a presença de expressão do receptor HER2, implica no potencial uso de inibidores desta proteína. No câncer de colon, a expressão de RAS selvagem (não-mutado) é um potencial alvo para tratamento. No câncer de ovário, a presença de mutação do gene BRCA 1 ou 2 (Breast related cancer 1 ou 2) é um preditor de resposta a teria específica.
No câncer de pulmão, a presença de mutação em ALK ou ROS, permite o uso de drogas direcionadas a estes alvos. Além também do uso de imunoterapia, uma terapia alvo direcionada anti-CTLA-4 (Linfócito T Citotóxico 4) ou anti-PD1 (Morte programada 1) ou PD-L1 (Ligante de morte celular programada 1), já aprovada para o tratamento de um número limitado de tumores. Neste cenário, a terapia alvo age levando ao desbloqueio do sistema imune.
Saiba mais: Medidas reduzem a exposição do paciente quimioterápico a infecções
Mais recentemente, o desenvolvimento de terapia-alvo implicou em mudança do paradigma de tratamento com a primeira aprovação agnóstica de uma droga. Nestes casos, o tratamento é prescrito independente do local primário do tumor, desde que haja a alteração que capacite a molécula desenhada para tratamento interagir com seu alvo.
Diante disso, discute-se em todo o mundo os custos associados às novas terapias para o câncer e às técnicas sofisticadas de identificação destes marcadores para a terapia alvo. Isso acontece principalmente pelo fato destes alvos estarem, em alguns casos, restritos a cerca de 5 a 10% da população de pacientes avaliados.
Embora o tratamento direcionado seja considerado um avanço no tratamento do câncer, as últimas descobertas mostram que a heterogeneidade do tumor causa a falha em muitos casos da terapia alvo.
Michelle Samora, oncologista do Grupo Oncoclinicas