Graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Possui especialização em Pediatria e Pneumologia...
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Muita gente que sofre com alergia a animais se sente frustrada por não conseguir ter um pet dentro de casa. Porém, algumas pessoas encaram todos os sintomas da doença apenas para conviver diariamente com bichinhos de estimação.
No grupo de corajosos, há indivíduos que parecem desenvolver uma certa resistência à essa alergia ao longo dos anos, sem manifestar os mesmos desconfortos de antes. Não à toa muitos acham que o contato direto e frequente com os animais é capaz de curar a doença de uma vez por todas.
Embora tenha uma explicação, essa crença pode ser perigosa para aqueles mais sensíveis aos efeitos da alergia. Portanto, entenda o que realmente acontece no organismo de quem é alérgico a animais e quais cuidados seguir ao ter bichinhos em casa.
Alergia a animais: como surge?
A alergia a inalantes mais comum no Brasil é a de ácaros - a de animais é menos frequente. Em geral, a transmissão do alérgeno acontece através do contato com o pelo dos bichinhos, mas também pode ocorrer a partir do contato com a saliva, caspa e até urina dos mesmos.
O tipo mais comum costuma ser a alergia a pêlo de cães e gatos, que se manifesta principalmente quando a pessoa passa a mão nos animais, segura ou brinca com os mesmos e depois coloca a mão no rosto, boca ou olhos.
Normalmente, a alergia a pelo de animais está relacionada à predisposição genética, ou seja, o indivíduo nasce com uma tendência a apresentar sintomas de alergia na presença desses animais. No entanto, fatores ambientais também interferem no quadro (como a presença de poeira em um local).
Dentro desse contexto, a alergia a gatos é considerada a mais persistente. Isso porque, mesmo retirando o animal do local, ele pode provocar uma sensibilização por 3 a 6 meses. Pode acontecer também o transporte de alérgenos através de roupas de um local para outro.
Sintomas e diagnóstico da alergia a animais
Às vezes, uma simples lambida do animal pode provocar sinais evidentes da doença no indivíduo. Nesse sentido, os sintomas da alergia a animais podem aparecer da seguinte maneira:
- Via aérea superior com rinite alérgica: coceira nasal, espirros, coriza e obstrução nasal
- Via aérea inferior com manifestações de asma: tosse, falta de ar, aperto no peito e chiado no peito
- Pele do corpo com possibilidade de urticária
- Olhos com conjuntivite alérgica: vermelhidão, lacrimejamento, coceira e angioedema (inchaço nos olhos).
Para saber se uma pessoa é sensível aos alérgenos, pode-se fazer a determinação da Imunoglobulina E (IgE) específica para pelo de gato e pelo de cachorro no sangue ou teste alérgico cutâneo de puntura.
Se o teste der positivo, significa que a pessoa é sensível e conclui-se que acontece a alergia quando há uma correlação clínica correspondente - ou seja, quando o indivíduo apresenta realmente os sintomas de alergia quando está em contato com esses animais.
Tratamento para alergia a animais
Uma vez identificada a alergia, o indivíduo pode seguir dois tipos distintos de tratamento: um para crises agudas e outro preventivo. Os medicamentos para crises agudas funcionam para aliviar e eliminar os sintomas da alergia.
Já o tratamento preventivo tem a finalidade de evitar os sintomas alérgicos e devem ser administrados diariamente com a supervisão de um alergologista. Nenhum destes tratamentos induzem a uma cura total, apenas a uma melhora.
Alergia a animais tem cura?
O único tratamento capaz de mudar o curso natural da doença alérgica é a imunoterapia específica, que pode ser aplicada de forma subcutânea (injetável) ou sublingual, por um período de 3 a 5 anos em doses crescentes.
Inicia-se um período de indução por alguns meses e, em seguida, um período de manutenção. Esse tratamento pode levar à cura da alergia por longos períodos, conferindo qualidade de vida para aqueles que têm contato frequente com animais.
Por outro lado, também pode acontecer de uma pessoa alérgica conviver com os animais e, ao longo dos anos, não apresentar mais sintomas. Isso se chama tolerância e, em muitos casos, a pessoa mora com o animal.
A explicação para isso é que, com o tempo, o sistema imunológico do paciente passou a não demonstrar sintomas com esses animais. Porém, a alergia pode voltar a aparecer quando a pessoa entra em contato com bichinhos desconhecidos. Ou seja, ela não desaparece por completo.
Em paralelo a isso, os indivíduos alérgicos que querem ter animais em casa também podem seguir orientações simples para aliviar ou evitar a frequência dos sintomas, como:
- Dar banho no animal 1 vez por semana
- Evitar que os animais durmam no quarto e na cama do paciente
- Manter os animais preferencialmente no quintal
- Limpar a casa diariamente, aspirando os pelos e higienizando adequadamente os focos de urina
- Manter a casa sempre bem arejada
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