Médica Gastroenterologista. É médica da Prefeitura Municipal de São Paulo desde 2015, exercendo atividades ambulatoriais...
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O que é Alergia alimentar?
Alergia alimentar é uma reação do sistema imunológico que ocorre logo após a ingestão de um determinado alimento. Mesmo uma pequena quantidade da refeição pode desencadear sinais e sintomas, variando de gravidade. Em alguns casos, a alergia alimentar pode causar sintomas graves ou até mesmo uma reação com risco de vida — conhecida como anafilaxia.
A alergia alimentar afeta de 6 a 8% das crianças com menos de três anos de idade e até 3% dos adultos. Enquanto não há cura, algumas crianças superam sua alergia alimentar à medida que envelhecem.
É fácil confundir alergia alimentar com intolerância alimentar, que é uma reação muito mais comum. Esta última, no entanto, é menos grave que uma alergia alimentar e não envolve o sistema imunológico.
Causas
A função de nosso sistema imunológico é defender o corpo de substâncias possivelmente nocivas, como bactérias, vírus e toxinas. Em algumas pessoas, a resposta imunológica é desencadeada por uma substância que costuma ser inofensiva, como um alimento específico. Quando isso acontece, ocorre uma reação indesejável no corpo que chamamos de alergia alimentar.
A causa das alergias alimentares está relacionada à produção de um tipo de substância pelo organismo, chamada de anticorpos imunoglobulina E (IgE), que provoca alergias a um alimento específico.
Embora muitas pessoas apresentem intolerância a alimentos, as alergias alimentares são bem menos comuns. Em uma alergia alimentar real, o sistema imunológico produz anticorpos e histamina em resposta a um alimento específico. Isso não acontece com pessoas intolerantes, por exemplo, que despertam sintomas em decorrência da ingestão de determinado alimento, mas não correm risco de vida por causa disso.
Qualquer alimento pode causar uma reação alérgica, mas alguns são os principais vilões. Nas crianças, as alergias alimentares mais comuns são:
- Ovo
- Leite
- Amendoim
- Frutos do mar (camarão, caranguejo, lagosta)
- Soja
- Frutas secas
- Glúten (doença celíaca)
A alergia alimentar geralmente começa na infância, mas pode ocorrer em qualquer idade. Muitas crianças se livram das alergias conforme envelhecem, mas algumas alergias podem durar a vida toda. Em crianças mais velhas e adultos, as alergias alimentares mais comuns são:
- Peixe
- Amendoim
- Frutos do mar
- Frutas secas
Sinais
Os sintomas de uma alergia alimentar geralmente aparecem imediatamente ou em até duas horas depois de comer. Em casos raros, os sintomas podem começar a aparecer somente muitas horas depois de comer o alimento desencadeador.
Se você apresentar sintomas logo depois de ingerir um alimento específico, é possível que você tenha uma alergia alimentar. Os principais sintomas são urticária, rouquidão e respiração difícil ou ruidosa.
Outros possíveis sintomas são:
- Dor abdominal
- Diarreia
- Dificuldade para deglutir
- Irritação na boca, na garganta, nos olhos, na pele ou em qualquer outra região
- Tontura ou desmaio
- Congestão nasal
- Náusea e vômitos
- Corrimento nasal
- Manchas escamosas com coceira (dermatite atópica)
- Descamação ou bolhas
- Inchaço (angioedema), principalmente nas pálpebras, face, lábios e língua
- Falta de ar
- Cólicas estomacais
Sintomas da síndrome de alergia oral:
- Irritação nos lábios, língua e garganta
- Inchaço nos lábios (ocasionalmente)
Saiba mais: Como identificar alergias alimentares em bebês e crianças?
Reação anafilática
É uma reação grave, potencialmente fatal, que começa subitamente e que exige socorro imediato. A anafilaxia (reação anafilática) é desencadeada pela liberação maciça de substâncias químicas que despertam um quadro grave de reação alérgica.
Remédios, picadas de insetos, alimentos, entre outros fatores podem ser os desencadeantes de uma reação anafilática. O alimento, por exemplo, induz o aparecimento de
- Coceira generalizada
- Retenção de líquidos
- Tosse
- Edema de glote
- Rouquidão
- Diarreia
- Dor de barriga
- Vômitos
- Aperto no peito com queda da pressão arterial
- Arritmias cardíacas
- Colapso vascular (choque anafilático).
Saiba mais: Principais causadores de alergias alimentares
Diagnóstico
O processo de diagnóstico é feito com a análise dos sintomas, tomando por base a descrição do paciente e os sinais apresentados por ele. O exame físico também pode ajudar a determinar a causa dos sintomas. Não existe um teste específico para determinar se é um caso de alergia alimentar ou não, mas alguns exames podem ser para ajudar a chegar ao diagnóstico final. Confira:
- Testes cutâneos: os testes cutâneos isoladamente não confirmam o diagnóstico de alergia alimentar. Eles apenas detectam a presença de anticorpos IgE específicos para os alimentos testados, demonstrando sensibilização. Devem ser testados apenas os alimentos suspeitos;
- Dosagem de IgE específica: esse exame serve para dosar a IgE específica para os alimentos suspeitos. Também não têm valor diagnóstico, apenas demonstram se o paciente tem IgE específica para determinado alimento;
- Dieta de exclusão: diante da análise do histórico médico do paciente e de exame físico sugestivos de alergia alimentar, deve ser realizada dieta de exclusão do alimento suspeito, quando identificado. Após duas a seis semanas de exclusão daquele alimento suspeito, os sintomas podem ou não desaparecer. Se os sintomas desaparecerem, um teste de provocação oral deve ser feito para confirmar o diagnóstico. Caso contrário, o processo se reinicia até que se encontre o alimento responsável pela alergia;
- Testes de provocação oral: quando sintomas e sinais desaparecem após a exclusão do alimento suspeito, é necessária a comprovação pela provocação oral, administrando o mesmo alimento ao paciente. O teste é considerado positivo se os sintomas ressurgem, tal como eram antes da eliminação do alimento da dieta. Os testes de provocação oral servem tanto para comprovação diagnóstica como para constatar se o paciente já se tornou tolerante ao alimento. São contraindicados quando há história recente de reação anafilática grave. Nestes casos, esse exame deve ser realizado com acompanhamento especializado.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para a alergia alimentar incluem:
- Histórico alimentar: uma pessoa está em maior risco de desenvolver alergias alimentares se possui asma, eczema, urticária ou alergias, como febre do feno, são condições comuns em sua família;
- Histórico de alergia alimentar: é comum que crianças deixem de apresentar algumas alergias alimentares quando envelhecem, mas elas podem retornar eventualmente quando forem mais velhas;
- Outras alergias: se uma pessoa já é alérgica a um alimento, ela pode estar sob maior risco de se tornar alérgica a outra;
- Idade: as alergias alimentares são mais comuns em crianças e bebês. À medida que envelhecemos, o sistema digestivo amadurece e o corpo torna-se menos propenso a absorver alimentos ou componentes que provocam alergias;
- Asma: a asma e a alergia alimentar geralmente ocorrem em conjunto. Quando o fazem, tanto a alergia alimentar quanto os sintomas de asma são mais graves que o normal.
Buscando ajuda médica
Consulte um especialista se você tem sintomas de alergia alimentar logo após comer. Se possível, consulte um médico já quando a reação alérgica estiver ocorrendo. Isso vai ajudá-lo a fazer o diagnóstico. Procure atendimento de emergência se você desenvolver quaisquer sinais ou sintomas de anafilaxia, tais como:
- Constrição das vias aéreas, que torna difícil para respirar
- Choque com uma grave queda da pressão arterial
- Pulso rápido
- Tonturas ou vertigens.
Entre as especialidades que podem diagnosticar a alergia alimentar estão Clínica médica, Alergologia, Gastroenterologia e Dermatologia.
Tratamento
O único tratamento comprovadamente eficaz para uma alergia alimentar é evitar o alimento desencadeador da reação.
Se a pessoa apresenta sintomas em apenas uma região do corpo (por exemplo, uma urticária no queixo após comer o alimento específico), talvez ela não precise de tratamento, pois, neste caso, os sintomas provavelmente desaparecerão em pouco tempo. Os anti-histamínicos podem ajudar a aliviar o desconforto e pomadas suaves podem oferecer um pouco de alívio aos sintomas.
Consulte seu médico se achar que apresentou uma reação alérgica a algum alimento, mesmo que tenha sido apenas uma reação local. Qualquer pessoa diagnosticada com alergia alimentar deve sempre carregar consigo (e saber como usar) a epinefrina injetável. Se você apresentar qualquer tipo de reação grave ou distribuída por todo o corpo logo depois de comer o alimento que causa alergia, injete a epinefrina. Em seguida, vá para o hospital ou pronto-socorro mais próximo.
Prevenção
A amamentação pode ajudar a evitar alergias. Fora isso, não existe nenhuma forma conhecida de evitar as alergias alimentares, exceto esperar mais tempo para introduzir na dieta dos bebês os alimentos que causam alergia, até que o trato gastrointestinal esteja mais desenvolvido. O momento certo para isso varia de acordo com o alimento e com o indivíduo.
Depois que uma alergia se manifesta pela primeira vez, ficar atento e evitar o alimento nocivo geralmente impede a ocorrência de novos problemas.
Convivendo (Prognóstico)
Uma das chaves para evitar uma reação alérgica é evitar completamente o alimento que causa os sintomas. Leia sempre os rótulos dos alimentos para se certificar de que eles não contêm um ingrediente ao qual você é alérgico. Os rótulos são obrigados a listar claramente a presença de quaisquer alérgenos alimentares comuns.
Nos restaurantes e reuniões sociais, faça o mesmo. Procure saber todas as opções do cardápio que não contenham aquele alimento que pode desencadear uma reação alérgica.
Complicações possíveis
- Anafilaxia, que é uma reação alérgica com risco de vida
- Dermatite atópica (eczema), que é uma reação alérgica na pele
- Enxaquecas, uma vez que os histamínicos, liberados pelo sistema imunológico durante uma reação alérgica, têm grande potencial para desencadear enxaquecas em algumas pessoas.
Referências
Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia
Dra. Cintya Miler De Faria Moler, gastroenterologista - CRM 93462 SP