Nutricionista com mestrado em Neurociências e Biologia Celular e especialização em genômica nutricional, nutrição Clínic...
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Comum na alimentação, o leite de vaca possui alto valor nutritivo e muita variedade de derivados, como os queijos e iogurtes, segundo a nutricionista Thayana Albuquerque. Não é à toa que é muito utilizado em várias receitas como bolos, pães e massas.
Mas, "por possuir uma proteína alergênica, algumas pessoas podem reagir negativamente ao consumo do leite", explica a especialista. Portanto, de uma maneira geral, é considerado um alimento alergênico, mesmo para quem não tem alergia ao leite.
Alergia ou sensibilidade ao leite?
Na prática, existe uma diferença entre ter alergia e ter sensibilidade ao leite. Isso porque a alergia caracteriza-se pela reação imediata do aumento de imunoglobulinas, chamadas IGE, podendo até causar choque anafilático se você for alérgico e consumir a bebida.
Entretanto, os não alérgicos também também podem reagir negativamente tomando o leite, aumentando uma imunoglobulina chamada IGG. Tanto o leite como outros alimentos alergênicos podem causar o aumento dessa taxa, que é avaliada por meio de um exame.
"O teste de IGG é realizado para que as pessoas saibam quais tipos de alimentos elas reagem negativamente. Aproximadamente 70% dos meus pacientes que fizeram o teste apresentaram algum tipo de reação negativa para o leite. Não é alergia, é o que chamamos de sensibilidade alimentar", explica Thayana.
A sensibilidade ao leite, de acordo com a nutricionista, é caracterizada por reações tardias. Isso significa que a pessoa pode desenvolver ou piorar quadros de rinite, sinusite, dermatite e enxaqueca. E esses sintomas podem aparecer até dias depois o consumo ao leite, fazendo com que sua relação com a bebida passe despercebida.
Tomar muito leite faz mal?
Por sua proteína ser considerada muito alergênica, mesmo que a pessoa não tenha alergia ou sensibilidade ao alimento, Thayana recomenda o consumo moderado e espaçado durante a semana.
"Não é desejável seu consumo diário e em grandes quantidades. Isso porque, o consumo diário e excessivo pode fazer com que futuramente você desenvolva um desses quadros", explica.
Faz mal para Diabetes?
No caso de pacientes com diabetes, o cuidado deve ser redobrado. A bebida tem uma quantidade significativa de carboidratos e, geralmente, as pessoas que consomem o leite o fazem em grandes quantidades (um copo cheio). Então isso facilmente pode levar ao consumo excessivo deles, o que é ruim para quem tem a condição.
Isso também vale para o leite sem lactose, que passa por um processo para retirar a substância, porém continua possuindo carboidrato - o açúcar, que apenas é substituído por outro.
A nutricionista explica que, nesses casos, é preferível oferecer o leite dentro de receitas que tenham o alimento como ingrediente. Mas isso desde que as quantidades sejam moderadas, para que se possa controlar a quantidade de carboidratos ingeridos.
Isso porque "quando você não controla a quantidade de carboidratos que está ingerindo, aumenta muito o índice glicêmico e, assim, você tem picos de glicemia. É justamente o que o paciente com diabetes precisa evitar", alerta a especialista.
"Então, por precaução, não costumo prescrever leite líquido e puro para pacientes com diabetes. Se ele gosta de derivados lácteos, pode consumir sem problema nenhum, mas o leite puro não", justifica.
Leite faz mal para gastrite?
De acordo com a nutricionista, pessoas com gastrite também devem evitar o consumo do leite. Thayana explica que a doença é uma inflamação a nível estomacal e é preciso estar atento a todos os cuidados que buscam minimizar as reações inflamatórias, para não irritar a mucosa gástrica.
Mas existe uma falsa impressão de que o leite anula a acidez e minimiza os sintomas da gastrite. E isso não é verdade, pois o leite, de fato, traz um alívio quase que instantâneo, porém, logo em seguida, é possível notar a presença dos efeitos negativos.
Por isso, o recomendado para uma pessoa com gastrite é buscar diminuir o consumo de carboidratos simples e gordura saturada, porque naturalmente são alimentos inflamatórios. E o leite é um alimento que possui os dois, portanto, um alimento que deve ser evitado.
"O leite não contribui em nada para melhorar a gastrite. Dessa maneira não vejo necessidade alguma de incluí-lo na alimentação. Fora que, em casos de consumo excessivo, pode piorar o caso da inflamação gástrica", declara.
Leite para crianças
O leite materno é, sem dúvida, recomendado para as crianças, principalmente devido aos fatores imunológicos. Ele "serve como uma espécie de vacina para a crianças que a protege durante toda a vida", aponta Thayana.
Já o consumo do leite de vaca por crianças deve ser avaliado. É preciso observar se a criança reage bem ou se apresenta algum sintoma de sensibilidade. Depois também vale à pena buscar entender qual a necessidade do alimento para elas.
Isso porque é possível fazer um cardápio equilibrado, que supre a necessidade de todos os nutrientes encontrados no leite, apenas por meio do consumo de frutas, verduras, vegetais.
Além disso, os derivados lácteos também são boas fontes de nutrientes para as crianças. Como é o caso do iogurte, apontado como excelente fonte de probióticos, que protegem e melhoram a saúde do intestino.
"Às vezes, consumir o derivado do leite é até melhor para o desenvolvimento da criança do que o leite em si, já que sua proteína é considerada alergênica. Evitando que desde cedo a criança fique exposta diariamente e constantemente a essa proteína", revela.
Como consumir o leite de forma saudável
Nas palavras da especialista, uma maneira saudável e equilibrada seria consumir o leite no máximo quatro vezes por semana e em dias alternados. Isso quando o leite é consumido puro em forma líquida.
Porém, ela recomenda que o consumo seja preferencialmente feito através de seus derivados como a manteiga, queijos e iogurtes. Pois a ingestão dos derivados causa menos reações desagradáveis do que a ingestão do leite de vaca puro.
"Existem várias pessoas que tomam o leite de vaca e que depois sentem cansaço, preguiça e falta de energia. E quando investigamos isso em exame, a gente verifica que esse leite de vaca ativa no seu corpo imunocomplexos e estes reduzem sua imunidade", alerta.
E é bem comum algumas pessoas notarem o aumento da disposição quando param de tomar leite. Por isso, é importante observar se o seu rendimento e sua concentração melhoram, bem como se atentar se os quadros de rinite e enxaqueca diminuem.
Nesses casos, quando a melhora é realmente percebida, a nutricionista recomenda cortar o consumo do leite puro ou, se você gosta muito do leite, consumí-lo esporadicamente e dar prioridade aos seus derivados.
E para quem deseja saber se o corpo reage de forma negativa ao consumo do leite, a nutricionista recomenda o teste intolerância alimentar que é diferente do teste de intolerância à lactose. Mas a recomendação, mesmo nesses casos, ainda é o consumo controlado para evitar o desenvolvimento da sensibilidade ao leite no futuro.
Como substituir o leite
É possível substituir o leite até mesmo em preparações de receitas. Nesses casos, o leite de coco e o leite de amêndoas ou castanhas são os mais recomendados pela nutricionista.
O leite de coco, pode ser feito em casa e pode até feito ser um substituto para quem adora café com leite. Veja abaixo o passo a passo ensinado por ela para preparar o leite de coco em casa:
Ingredientes
Como fazer leite de coco
Retira a polpa branca do coco seco e corte-a em pequenos pedaços. No liquidificador, bata a polpa com água morna até a mistura ter a consistência parecida com a do leite.
É importante que você se atente para a temperatura da água, que deve realmente ser morna, e não quente demais ou temperatura ambiente. Em seguida, basta coar a bebida e separar o leite de coco para que possa substituir o leite de vaca.
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