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No Brasil, aproximadamente 10% dos bebês nascem antes da hora, segundo dados do Ministério da Saúde. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), um bebê é considerado prematuro, ou pré-termo, quando seu nascimento acontece antes de 37 semanas completas de gestação.
Sendo assim, o bebê prematuro é classificado de acordo com sua idade gestacional. O bebê com prematuridade extrema é caracterizado pelo nascimento antes de 28 semanas completas de gestação.
Características do prematuro extremo
De acordo com a pediatra Juliana Rodrigues e a coordenadora de enfermagem Renides Lima, existem algumas características em comum aos prematuros extremos:
- Comprimento aproximado de até 36 cm
- Peso médio 1.000 g
- Pele brilhante e rosada (podendo ser úmida e gelatinosa)
- Veias visíveis
- Penugem fina
- Cabeça desproporcional ao corpo
- Respiração irregular
- Hipoativo (movimentação reduzida)
- Hipotônico (músculos amolecidos)
- Reflexos diminuídos
A diminuição dos reflexos acontece devido à imaturidade do sistema nervoso central. Por isso, nos primeiros dias, o bebê não apresentará muitos movimentos, mas passa a se mostrar mais ativo neurologicamente próximo às 40 semanas de idade gestacional.
Possíveis complicações
Quanto mais prematuro é o bebê, maiores são os riscos de ele ter alguma complicação de saúde. Geralmente, essas complicações podem ser respiratórias, neurológicas, visuais, auditivas ou até mesmo quadros de infecções metabólicas.
Por isso, logos após o nascimento o bebê é levado para a incubadora de transporte aquecida e fica internado na UTI Neonatal (UTIN). Durante o tempo da internação, o bebê passa por acompanhamento médico que envolve o controle da hipotermia e oferece suporte respiratório (uso de máscara nasal ou ventilação mecânica), bem como suporte nutricional para evitar qualquer complicação.
Alimentação do prematuro extremo
Inicialmente é realizada a colostroterapia, também conhecida como terapia colostral. De acordo com as especialistas, essa prática é a oferta do leite materno como suprimento imunológico administrado ao recém nascido. O colostro, primeiro leite que sai da mãe, interage na mucosa do trato digestivo do bebê.
É administrado 0,1 mL de colostro materno cru em cada face interna da bochecha do bebê, de três em três horas, durante 7 dias, a partir de suas primeiras horas de vida. Mesmo o recém nascido estando em dieta zero, a colostroterapia é realizada.
Depois, a alimentação do recém-nascido é realizada via intravenosa. Isso é capaz de suprir todas as necessidades diárias do bebê, e pode ser realizada tanto no hospital, quanto em domicílio de acordo com as recomendações médicas.
Em seguida, começa a introdução gradual do leite. Ele pode ser ordenhado à beira do leito pela mãe, que tira o leite e oferece ao filho na hora por sonda.
Em outras situações, é usado o leite humano pasteurizado. Ele é resultado de doações ao banco de leite humano, onde é pasteurizado para que possa ser oferecido ao bebê em horários que a genitora não esteja na unidade.
Como cuidar de um bebê prematuro de casa
O bebê pode ser levado para casa quando conseguir manter sua temperatura corpórea estável, apresentar respiração regular e ganhar peso. Esse momento geralmente acontece após atingir dois quilos, quando o bebê está perto das 40 semanas de idade gestacional corrigida.
Ao levá-lo para casa, alguns cuidados são imprescindíveis para manter o bebê saudável e longe de possíveis complicações. Entre esses cuidados, as especialistas apontam:
- Inicialmente evitar visitas
- Manter a alimentação em horários regulares conforme recomendação médica
- Evitar o contato do bebê com pessoas doentes
- Atualizar o calendário de vacinas
- Manter em dia o acompanhamento do pediatra e equipe multiprofissional
Possíveis complicações no futuro
Mesmo com os cuidados, o parto prematuro pode resultar em alguns déficits devido ao fato do desenvolvimento de alguns órgãos (ou sistemas) terem sido interrompidos, trazendo alguma sequela ao bebê.
Em alguns casos, isso pode significar atraso no desenvolvimento da criança, déficit de atenção e estresse. Em outros, o parto prematuro pode deixar sequelas neurológicas, respiratórias, motoras, problemas de audição, complicações visuais e até mesmo cegueira.
Dessa forma, o acompanhamento com o pediatra e a equipe multiprofissional (composta por médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos) é fundamental para garantir melhor desenvolvimento e segurança ao bebê.
Motivos que causam a prematuridade extrema
O nascimento até a 28ª semana da gravidez, resultando na prematuridade extrema, pode acontecer por diversos fatores. Entre eles, as especialistas apontam:
- Infecções no trato urinário que não são devidamente tratadas
- Diabetes
- Hipertensão
- Obesidade
- Gravidez Múltipla
- Uso de drogas, fumo e álcool
- Intervalo de uma gestação para a outra entre 6 e 9 meses
- Idade materna inferior a 17 e superior que 35 anos
- Síndrome de HELLP
- Ruptura de membranas
- Fertilização in vitro
- Malformação fetal
Qual parto é mais indicado nessa situação?
O método mais indicado para casos de partos prematuros vai variar de acordo com o quadro clínico apresentado pela gestante.
Em casos de deslocamento de placenta, eclâmpsia, posição invertida do recém-nascido ou apresentação pélvica, a gestante é conduzida para o parto cesariana. Entretanto, se o recém-nascido estiver em posição cefálica e a gestante não estiver apresentando riscos, a melhor opção será de parto natural.