Redatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
Com a grande mudança de hábitos e na rotina causada pelo isolamento social em decorrência da pandemia da COVID-19, muitos pacientes podem ficar confusos quanto a continuidade de tratamentos e cuidados com a saúde, mas é importante saber que continuar cuidando da saúde cardiovascular é indispensável.
Se necessário, fazer contato com um médico para entender melhor sobre o tratamento e a necessidade de fazer novos exames também pode ser uma alternativa, como explicou o cardiologista Sergio Timerman durante o Minha Vida Ao Vivo patrocinado pela Amgen.
Para esclarecer dúvidas sobre a relação entre a saúde cardiovascular e a pandemia do novo coronavírus, clique aqui e assista a entrevista na íntegra ou veja as principais perguntas abaixo!
Minha Vida: O que é o colesterol e para que ele serve?
Sergio Timerman: O colesterol é super importante para o nosso organismo. Ele é produzido pelo nosso fígado e está em praticamente todas as nossas células. Ele é fundamental para uma série de hormônios e vitaminas. Muitas vezes nós acabamos alterando esse colesterol pelo nosso estilo de vida - e agora nosso estilo de vida está muito alterado - ou também por fatores genéticos.
Minha Vida: Quais são os tipos de colesterol?
Sergio Timerman: Ele se divide em vários tipos, mas os mais conhecidos da população são o bom colesterol, chamado de HDL - lipoproteína de alta densidade - e o LDL, chamado de ruim, que é o colesterol de baixa densidade. Há outros, como os triglicérides, mas o HDL e o LDL são os mais importantes e que têm muito a ver com a saúde, para o bem ou para o mal.
Minha Vida: Por que é importante controlar os níveis de colesterol?
Sergio Timerman: É fundamental controlar os níveis de colesterol. Do mesmo jeito que o colesterol é importante para o metabolismo das células, de vitaminas e de vários hormônios, se nós tivermos um desbalanço, um problema hereditário ou fatores do nosso estilo de vida que aumentem esse colesterol ruim (LDL) e diminuam o colesterol bom, isso pode levar à doenças cardiovasculares, podendo resultar no que a gente chama de aterosclerose, que aumenta a obstrução das artérias do coração e de todo o organismo. É fundamental, então, que a gente mantenha nosso colesterol em dia por meio de uma boa qualidade de vida e, quando necessário, que a gente introduza fármacos para melhorar os níveis de colesterol.
Minha vida: Existe alguma meta? Existe algum nível seguro para manter o meu colesterol?
Sérgio Timerman: Quanto menor o LDL, melhor para as pessoas que têm alto risco, para quem já teve algum evento cardiovascular. Mas, a meta do LDL colesterol é sempre baixa.
Antigamente, os níveis mundiais e o brasileiro era um LDL abaixo de 50 em pessoas de alto risco. E o que é uma pessoa de alto risco? É alguém que já tenha tido um evento cardiovascular anterior, como infarto ou derrame; que tenha diabetes; que tenha, obviamente, um colesterol alterado e tem hipertensão.
Pessoas que têm o risco moderado, ela tem uma meta um pouco menos agressiva, mas, de qualquer maneira, quanto menor o LDL, menos possibilidade de termos um novo evento cardíaco. E, as medicações que diminuem hoje que diminuem o colesterol LDL são extremamente seguras, o perfil é seguro e não tem nenhuma reação com a COVID-19.
Minha vida: Quais são os sintomas de um evento cardiovascular, como infarto ou acidente vascular cerebral (AVC)?
Sérgio Timerman: Nós temos os sintomas clássicos: dor no peito, como se apertasse, e que pode irradiar para o braço e para o pescoço. O infarto pode ser acompanhado de um cansaço, uma falta de ar, sudorese e mal-estar. Existem, muitas vezes, sintomas totalmente atípicos, uma pessoa que começou a ter um cansaço que não tinha antes, que tem uma dor, não essa dor forte comentada antes, mas no peito, na região do estômago.
E o acidente vascular cerebral? Se começou a ter uma alteração na fala, alguma fraqueza de membro, uma alteração na musculatura do rosto, é importante ter atenção. E o tratamento dessa doença é tempo-dependente. Quanto mais tempos nós demorarmos em procurar ajuda, maior a possibilidade de falecimento ou de termos uma sequela muito grave.
Minha Vida: Qual é a relação entre o colesterol, a doença cardiovascular e a COVID-19?
Sérgio Timerman: O colesterol exerce um papel fundamental na doença cardiovascular. A aterosclerose nada mais é do que a inflamação que acontece dentro da artérias do nosso organismo, sendo que essa doença é multifatorial. Há várias outras razões que levam a isso - e o colesterol exerce um importante papel nesse problema.
Quando a pessoa está com os níveis alterados de colesterol ruim, há um aumento da aterosclerose, esse entupimento das veias que pode acarretar problemas cardíacos, problemas cerebrais - o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC) - que são doenças que, até então, eram as que mais matavam no Brasil.
Fazendo um link com a COVID-19, obviamente há pessoas que precisam se tratar que, além de mudar seu estilo de vida, precisam de medicamentos para baixar esse colesterol. Existe, hoje, uma relação de quanto maior os níveis de colesterol ruim, maiores são as possibilidades de você ter um infarto e um AVC. Se medidas de cuidados, como exercício físico e alimentação não conseguirem baixar o colesterol para níveis que são importantes, essa pessoa pode estar em risco de ter problemas.
Fazendo relação com a COVID-19, muitas pessoas estão em isolamento social, o que é muito importante para achatar a curva. No entanto, muitas vezes - infelizmente - essas pessoas estão se esquecendo de cuidar da saúde mental e física, e esquecendo até mesmo do tratamento para evitar doenças cardiovasculares.
Já tem sido demonstrado no mundo que nós temos tido o maior número de pessoas que estão morrendo de infarto e AVC independentemente da COVID-19. Já sabemos que a COVID-19 provoca uma agressão direta ao coração, então é fundamental que a gente faça com que as pessoas cuidem não só da parte mental, mas mantenha o tratamento preconizado pelo médico e também sua atividade física. É fundamental que a gente se preocupe em não ter a COVID-19, mas também de não termos problemas cardiovasculares.