Sou Neurologista e Neuropediatra, Diretora do Headache Center Brasil, primeiro centro de tratamento integrado da dor de...
iRedatora especializada na produção de conteúdos sobre saúde, beleza e bem-estar.
Sentir uma dor de cabeça um dia sim e outro não é normal para você? Muitas pessoas podem acreditar que sim, afinal, é só uma "dorzinha" que cessa sozinha ou após um analgésico. Mas, ter dores de cabeça, mesmo que sejam leves, não deve ser algo rotineiro, pois a dor é um sinal de que algo não vai bem.
Além disso, como explicou a neurologista e cefaliatra Thais Villa durante o Minha Vida Ao Vivo, é importante saber que mesmo as dores de cabeça esporádicas e não incapacitantes podem ser, na verdade, um quadro de enxaqueca, por isso merecem atenção e investigação médica.
Patrocinada pela Libbs Farmacêutica, como parte campanha Enxaqueca Não, a transmissão ao vivo contou ainda com a participação da atriz e humorista Mariana Santos, que compartilhou como foi seu diagnóstico de enxaqueca, como ela lida com as crises e o que faz para aliviá-las.
Quer saber mais sobre como foi essa conversa? Confira as principais perguntas e respostas abaixo ou clique aqui para assistir na íntegra!
1. Minha Vida: qual a diferença entre uma dor de cabeça normal e uma enxaqueca?
Thais Villa: dor de cabeça não é normal! Nenhuma dor é normal! Se pensarmos: estou com dor nas costas, dor de dente, dor na perna, procuramos o médico rapidinho. Porém, nesse mito de que a dor de cabeça é normal, as pessoas não procuram nenhuma ajuda médica.
A dor de cabeça é um sintoma e a enxaqueca é uma doença, na qual a dor de cabeça é um sintoma muito importante, se não o mais conhecido. Mas a enxaqueca é muito além de uma dor de cabeça, ela é uma doença neurológica, de base genética-hereditária, ou seja, tem hereditariedade de predisposição, e além da dor, tem um monte de outros sintomas que incapacitam muito quem tem enxaqueca.
2. Minha Vida: como é feito o diagnóstico da doença?
Thais Villa: conversando e conversando. Uma consulta de alguém com enxaqueca tem que ser longa porque temos que conversar, saber desde a infância da pessoa, período no qual a enxaqueca já pode começar, saber todos os sintomas que a pessoa tem até o estado atual, quando ela chega a consulta.
Uso de medicamento de crise, tratamentos anteriores, sintomas da doença, gatilhos - que são aquilo que provoca todos esses sintomas. Então são muitas coisas para a gente conversar e, além disso, não tem nenhum exame que realmente traga esse diagnóstico.
As pessoas ficam até frustradas, elas falam "eu passei no neurologista, ele me pediu uma tomografia, uma ressonância e veio tudo normal" e as vezes parou nisso. Mas o esperado na enxaqueca é que o exame seja normal, mas a história é longa e tem um monte de coisa para saber, então é o que chamamos de anamnese, a história médica de cada um.
3. Minha Vida: Mari, você teve um diagnóstico médico? Como você sentiu que era o momento de buscar ajuda?
Mariana Santos: então, eu nunca tinha tido dor de cabeça, era muito raro. Assim, a gente tem a vida toda e acha que é normal, então vamos acostumando com a dor. Só que eu acho que a dor vai deprimindo a gente. Quando uma dor de dente está muito significativa, você vai deprimindo e a dor de cabeça também.
Teve uma vez, quando eu tinha 28 anos, e lembro muito disso porque foi uma catástrofe na minha vida. Comecei a me sentir meio mal, uma dorzinha de cabeça e não dei muita importância. Mas essa dor foi aumentando, era pulsante na região das têmporas e foi aumentando, aumentando... a minha cabeça ficava latejando.
Lembro que eu estava no quarto deitada, mas ia no chuveiro, colocava água quente, gelada, bolsa de gelo, um monte de coisa até que fui internada com essa dor de cabeça alucinante.
Era tão alucinante que minha mãe chamou uma ambulância e me levaram ao hospital. Então me deram um soro, um remédio na veia e eu pedia para me internarem. Eles decidiram me internar porque eu não conseguia nem falar direito, mas, enfim, conclusão: fiquei uma semana internada com essa dor alucinante, tomando um monte de medicação na veia e não passava.
Fizeram todos os exames possíveis porque suspeitavam de aneurisma, tumor ou algo grave. Depois me mandaram de volta para casa, cheguei muito cansada e dormi. Mas lembro de acordar a noite com uma dor ainda pior, então liguei para uma amiga enfermeira e ela me levou carregada para o hospital, e lá me deram remédio sublingual, mais soro, e enfim passou essa dor.
Porém, o médico da emergência desse hospital pediu para eu procurar o neurologista e procurei apavorada porque não passava a dor. Então ele me falou que eu tinha tido uma crise de enxaqueca, que meus exames não tinham dado nada e eu questionei porque eu nunca tive isso na vida. Foi quando ele explicou: você pode ter uma crise e nunca mais ter, você pode ter crises constantes, agora vamos ter que observar ao longo dos anos como você vai se sentir.
4. Minha Vida: o que uma crise de enxaqueca e quanto tempo elas duram?
Thais Villa: nós temos o pico de uma crise, realmente muito incapacitante, com essa severidade toda e aí isso chama nossa atenção. Mas, temos que tomar cuidado porque podemos ter dores pequenas e moderadas a vida toda, e não estamos prestando atenção nisso. E aí falamos: de onde veio uma crise tão severa?
Thais Villa: falando com uma metáfora, a crise de enxaqueca é quando pegou fogo na casa toda. Isso é fácil, isso chama a atenção de cara porque: como eu vou apagar esse fogo? Como eu vou dar um jeito?
Mas e aquela brasa que fica ali o tempo todo ou muito frequentemente? Dali sim, em um gatilho que você possa ter tido, seja hormonal - o mais comum -, ou em um período de estresse mais longo, faz aquela dor pequena, que muitas vezes já existe com frequência, as vezes até diária, explodir!
A enxaqueca não é só a crise severa. Porque se a pessoa pegar só a crise severa, isso pode ser esporádico. O problema é: você fica sem dor? Essa é a pergunta que faço para o meu paciente: você sabe realmente, indo desde a cervical até a região das têmporas, se é totalmente sem dor? Nessa, muitos falam que estão sempre com um peso, que a região está sempre dolorida.
Isso já pode ser a enxaqueca, porque quando ela vira uma doença crônica ela varia de intensidade, pode ser essa dor pequena, que aparece ao pentear o cabelo, ao usar máscara, ao usar óculos, e aparece porque está inflamado. E se está inflamado, a doença está acontecendo. Portanto, pode ser o tempo todo, mas em menor intensidade, aí vem um gatilho hormonal e explode uma crise, então não vem do nada. Ela vem, na verdade, de um quadro crônico e as pessoas acostumam.
Até aqui entendemos que a enxaqueca é uma doença grave e merece atenção, não é? Mas se você quer conferir o conteúdo na íntegra, clique aqui.