Criada como uma alternativa aos métodos da medicina tradicional e cada vez mais popular, a ginecologia natural é uma terapia holística que busca ter um olhar integrativo sobre o corpo feminino. A prática procura atender a mulher em toda a sua complexidade física, emocional, energética e mental Criada como uma alternativa aos métodos da medicina tradicional e cada vez mais popular, a ginecologia natural é uma terapia holística que busca ter um olhar integrativo sobre o corpo feminino. A prática procura atender a mulher em toda a sua complexidade física, emocional, energética e mental - assim, toda a investigação sobre o corpo da paciente é feita a partir do entendimento desses quatro níveis associados.
"Tratar a mulher e não a doença certamente é um princípio da ginecologia natural. Nas terapias holísticas, olhamos para as causas, que geralmente estão ligadas a desequilíbrios emocionais, energéticos, sociais e também físicos - muitas vezes envolvendo alimentação e hormônios sintéticos", esclarece a terapeuta Cris Roseno.
De acordo com a médica e ginecologista natural Débora Rosa, o método trabalha, acima de tudo, com os princípios de autoconhecimento, autoaceitação e autoamor. O tratamento propõe que a mulher seja a ?curandeira? de si mesma através da compreensão que ela adquire sobre o seu próprio corpo, aprendendo a se autoexaminar. "Com isso, conseguimos a melhora e cura verdadeira das condições da paciente", afirma a especialista.
De onde surgiu a ginecologia natural
Segundo Débora, "a ginecologia natural existe desde que o mundo é mundo". Isso porque as mulheres ancestrais se tratavam e se curavam por meio da sabedoria que tinham sobre a natureza, usando os recursos naturais para sanarem seus corpos.
Desta forma, a prática resgata "conhecimentos ancestrais femininos de autocuidado da racionalidade médica indígena, fitoterapia, terapias energéticas, emocionais e espirituais para a prevenção e tratamento de sintomas ginecológicos", como explica a terapeuta Cris Roseno.
No Brasil, o método ficou conhecido com ajuda do livro Manual Introdutório à Ginecologia Natural, da autora Pabla Pérez, e ganhou força com movimentos feministas que encaram o corpo como um "território de resistência". "Mas a ginecologia natural em si não é um movimento - assim como o parto natural não é um movimento, mas um tipo de parto", acrescenta Cris.
Como funciona a ginecologia natural
Muitas mulheres temem tratamentos alternativos por conta de pré-conceitos que permeiam certas práticas naturais. Entretanto, as especialistas garantem que a consulta da ginecologia natural segue um formato mais tradicional, com todo o cuidado e respeito para com a paciente.
Em geral, durante o atendimento, a terapeuta holística ou naturopata analisa exames realizados, faz uma anamnese (entrevista com a paciente a fim de encontrar a causa da questão que a levou até o consultório) e, a partir daí, poderá prescrever os tratamentos necessários. A profissional poderá também fazer uso de práticas algumas, como:
- Fitoterapia
- Vaporização uterina
- Limpeza de memórias uterinas com chás, cristais, geoterapia e óvulos vaginais
- Aromaterapia
- Meditação para equilíbrio energético do útero
- Reiki
- Acupuntura
Por ser um método integrativo, não será apenas a ginecologista natural que participará do processo, mas também psicoterapeutas, terapeutas de feminino, fisioterapeutas, homeopatas e nutricionistas - ou seja, uma equipe multidisciplinar, que vai variar conforme o caso de cada paciente.
Ginecologia natural x tradicional
Ao ingressar no tema da ginecologia natural, é normal que muitas mulheres tenham dúvidas sobre as diferenças entre o método alternativo e os conceitos da ginecologia tradicional. Em resumo, enquanto a natural busca entender a causa de uma determinada doença ou condição, a tradicional visa resolver e identificar as patologias do sistema feminino.
De acordo com as especialistas, apesar de seguirem abordagens diferentes, os dois métodos podem trabalhar em conjunto. "Médicos trabalham com outro tipo de racionalidade. Do mesmo jeito que as terapeutas holísticas não podem pedir exames clínicos e receitar medicamentos farmacológicos. Então, cada um tem uma função", esclarece Cris Roseno.
É importante ressaltar que muitas ginecologistas de formação médica tradicional atuam como ginecologistas naturais, integrando ainda mais as duas áreas. É o caso de Débora Rosa, diplomada em medicina, com mestrado na área e ex-professora universitária, que acredita no olhar que a ginecologia natural traz para a mulher, sem deixar de integrar seus conhecimentos médicos às consultas.
A terapeuta Cris Roseno acrescenta ainda que, mesmo que muitas mulheres optem apenas pela ginecologia natural, faz parte da ética terapêutica não orientar o abandono do método tradicional, fazendo com que a escolha do tratamento e acompanhamento seja totalmente da paciente.
Autoconhecimento como recurso
Outro ponto é que a ginecologia natural estimula o autoconhecimento, ajudando a mulher a entrar em contato com seu corpo e sentimentos. "A gente cai na correria da vida e faz as coisas no automático, o que acaba nos desconectando muito de nós mesmas", explica Débora Rosa.
Então, a prática promove um olhar para dentro, para que a paciente possa se ouvir e entender as mensagens que seu corpo quer transmitir. "Se temos um corrimento, por exemplo, podemos passar uma pomada ou um óleo. Mas sem ir atrás da causa, não adianta. As doenças e condições vêm para nos mostrar alguma coisa, ensinar uma lição. Podemos ler esse sinal ou não. Quando não há a leitura, não há a resolução", diz Rosa.
Então, incentivar a paciente a escutar sua intuição e respeitar a si mesma, exercitando o autoamor, é essencial - fazendo com que a busca pessoal pela cura da patologia ou manutenção do bem-estar seja maior. "Muitas vezes, as mulheres adoecem por se culparem, se reprimirem, não respeitarem o ritmo do seu corpo, não se abrirem para dar e receber amor", reflete Cris Roseno.
Entre as práticas de autoconhecimento que fazem parte do processo proposto pela ginecologia natural estão:
- Mandala lunar
- Autoexame
- Escrever as sensações físicas e emocionais durante o ciclo menstrual
- "Fazer as pazes" com a menstruação
- Trocar o absorvente industrial pelo de pano ou coletor menstrual, para que haja mais contato com a menstruação
- Autoamor e aceitação
- Ouvir a intuição
- Círculos de mulheres
- Uso de plantas, óleos essenciais e cristais
- Meditação
Desse modo, os benefícios da ginecologia natural ultrapassam o lado físico. Há um bem-estar geral e profundo, causado pelo processo da mulher fazendo as pazes consigo mesma, suas emoções e como elas afetam seu corpo. Grande parte disso, inclusive, está em aceitar e entender que a menstruação não é "sujeira".
Quando procurar a ginecologia natural
Para a médica Débora Rosa, todas as mulheres deveriam conhecer a ginecologia natural, mesmo sem ter uma patologia, para garantir a manutenção da saúde e acessar um outro olhar sobre o feminino. Porém, a especialista ressalta a importância da pessoa "sentir o chamado", para ir com a mente aberta e aceitar esse tratamento alternativo, acreditando que ele irá ajudar.