Redatora de conteúdos sobre beleza, família e bem-estar.
Diferente do que se imaginava até então, o Parkinson pode ser duas doenças e não apenas uma - é o que sugere um novo estudo elaborado por cientistas da Dinamarca. A pesquisa foi publicada no último dia 21 de setembro, no periódico científico Brain, e pode contribuir para o avanço no tratamento do distúrbio, que não tem cura.
De acordo com o levantamento, a doença de Parkinson pode se apresentar em dois quadros distintos e com origens diferentes: uma começando no cérebro e outra nos intestinos. Por esse motivo, os pesquisadores se referem aos tipos de Parkinson como "primeiro o corpo" e "primeiro o cérebro" (body-first e brain-first, nos termos em inglês, respectivamente).
Essas terminologias foram usadas para diferenciar a origem do Parkinson nos pacientes. No caso de pessoas que se encaixam no quadro relacionado ao corpo, a doença está ligada a um contexto desencadeado por uma microbiota intestinal diferente daquela de pessoas saudáveis - um aspecto do Parkinson ainda sem compreensão para os cientistas.
"Agora que somos capazes de identificar os dois tipos de doença de Parkinson, podemos examinar os fatores de risco e possíveis fatores genéticos que podem ser diferentes para cada um. A próxima etapa é examinar se, por exemplo, a doença pode ser tratada com métodos específicos, com o transplante fecal ou de outras maneiras que afetem o microbioma intestinal", diz o professor Per Borghammer, um dos autores do estudo, em comunicado publicado no site da Universidade de Aarhus.
O acadêmico também afirmou que a descoberta sobre o Parkinson associada estritamente ao cérebro, por outro lado, é um desafio maior. "Esta variante da doença é relativamente livre de sintomas até que os sinais do distúrbio do movimento apareçam e o paciente seja diagnosticado com Parkinson. A essa altura, a pessoa já perdeu mais da metade do sistema de dopamina e, portanto, será mais difícil encontrar pacientes com tempo o suficiente para retardar a doença", diz Borghammer.
Tratamento do Parkinson
Segundo o professor, até o momento, o Parkinson era visto como uma doença única e relativamente homogênea, definida apenas pelos sinais clássicos de falta de coordenação motora. O estudo, dessa forma, pode ajudar a comunidade científica a ter uma melhor compreensão do que é o distúrbio, como ele se desenvolve no corpo humano e as possibilidades de tratamento.
Na elaboração da pesquisa, os cientistas contaram com técnicas avançadas de PET e ressonância magnética para examinar pacientes com a doença de Parkinson. Além disso, avaliaram pessoas que ainda não foram diagnosticadas, mas apresentam alto risco de desenvolver o distúrbio - como no caso de indivíduos com diagnóstico de síndrome do comportamento do sono REM.
"Com esse novo achado, os diferentes sintomas fazem mais sentido e é também nessa perspectiva que as pesquisas futuras devem ser vistas. Estudos anteriores indicaram que poderia haver mais de um tipo de Parkinson, mas isso não foi demonstrado com clareza até este estudo, projetado especificamente para esclarecer essa questão. Agora, temos conhecimento para oferecer esperança para um tratamento melhor e mais direcionado para pessoas que serão afetadas pela doença de Parkinson", explica Per Borghammer.
Como lidar com o Parkinson
8 hábitos para tratar os sintomas do Parkinson
Parkinson: 11 sintomas além dos tremores
Equipamento que reduz sintomas do Parkinson é criado no Brasil