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Sintomas de esquecimento e de dificuldade em completar ou executar tarefas rotineiras são normalmente associados com a demência, o Alzheimer e o Parkinson. Contudo, ainda que tais indícios façam parte destas doenças, a Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN) apresenta sinais similares.
Caracterizada por dificuldades em caminhar, demência, declínio nas habilidades de pensamento e incontinência urinária, a Hidrocefalia de Pressão Normal é um distúrbio neurológico em que o excesso de líquido cefalorraquidiano se acumula nos ventrículos cerebrais.
Conforme explica Adriano Svaff, especialista em neurocirurgia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, o distúrbio acomete homens e mulheres, sendo mais comum após os 60 anos.
Quais os sintomas da Hidrocefalia de Pressão Normal?
A HPN é caracterizada pela tríade clássica de demência, distúrbio da marcha e incontinência urinária. Assim, quando uma pessoa apresenta esses três sintomas típicos, médicos podem cogitar o diagnóstico.
Porém, nem todas as pessoas com hidrocefalia de pressão normal apresentam todos os três sintomas. "No início do distúrbio, o paciente pode apresentar sintomas menores, como tontura leve, dificuldade em se levantar ou em realizar alguns movimentos e dificuldade em caminhar", explica o neurocirurgião.
A perda do controle da bexiga e a incontinência urinária tendem a aparecer um pouco mais tarde, conforme o distúrbio avança e os sinais se tornam mais perceptíveis.
Hidrocefalia de Pressão Normal e sintomas psiquiátricos
Dentre os sintomas psiquiátricos da Hidrocefalia de Pressão Normal estão:
- Demência leve: perda de interesse nas atividades diárias, esquecimento, dificuldade em completar tarefas rotineiras e perda de memória de curto prazo
- Declínio nas habilidades de pensamento: concentração reduzida, dificuldade em compreender ou expressar ideias, apatia, planejamento e tomada de decisões prejudicados
- Mudanças na personalidade, de humor e comportamentais
- Dificuldade em interpretar o ambiente.
Como esses sintomas são semelhantes aos da doença de Alzheimer ou da demência, a HPN costuma ser esquecida ou diagnosticada incorretamente.
Porém, o diagnóstico pode ser feito através de exames de imagens - como a ressonância magnética ou a tomografia computadorizada -, que irão analisar a estrutura do cérebro e detectar o aumento dos ventrículos.
"Para um diagnóstico mais preciso, é importante que o paciente procure ajuda especializada e seja avaliado por um neurologista com vasta experiência na avaliação de distúrbios cerebrais", enfatiza Adriano Svaff.
Tratamento
Diferente de alguns outros distúrbios neurológicos, a hidrocefalia de pressão normal pode ser controlada ou revertida com tratamento.
O tratamento mais utilizado para a HPN é o shunt ventricular, um dispositivo médico que é implantado no cérebro para drenar o excesso de líquido espinhal, buscando aliviar a pressão causada pelo acúmulo do fluido.
Porém, o neurocirurgião Adriano Scaff esclarece que a cirurgia pode não ser uma opção para todos. Para ele, ainda são necessários mais estudos a fim de compreender a prevalência do distúrbio, a relação entre o líquido espinhal e os sintomas e o tratamento com a inserção do shunt ventricular.