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A laceração perineal é um ferimento que rasga o períneo - região entre a entrada da vagina e do ânus -, durante o parto normal. Esse corte também pode acontecer em outras partes da vagina, como perto da uretra, do clitóris ou dos grandes lábios.
"Trata-se de um rompimento não intencional da pele e outras estruturas do tecido mole nas mulheres, que separam a vagina e o ânus", simplifica Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU.
A laceração acontece durante a descida do bebê pelo canal do parto, antes do nascimento. Quando a dilatação do colo uterino acontece, a cabeça e corpo do bebê vão descendo pela vagina, e é nesse momento que o ferimento pode surgir. Isso porque as estruturas da pele - músculos e mucosas -, se dilatam para acomodar o bebê, e podem se romper durante esse processo, causando a laceração.
O corte também pode surgir por manipulação excessiva no períneo durante o trabalho de parto. "Esses ferimentos não são regulares e, em cada paciente e em cada região da vulva, aparecem de uma maneira diferente", explica o ginecologista Rodrigo Ferrarese.
A laceração também é muito confundida com a episiotomia, por ambas acontecerem durante o parto. No entanto, a episiotomia é um corte cirúrgico no períneo para aumentar o diâmetro da saída do canal de parto, feito instantes antes da passagem do bebê. Já a laceração é um ferimento natural que ocorre durante essa passagem.
Tipos de laceração
A laceração no parto pode ocorrer em quatro graus:
1º grau - É o mais superficial, atingindo apenas a mucosa vaginal e o tecido subcutâneo. Na maioria das vezes, não precisa de ponto, pois cicatriza sozinha.
2º grau - Um pouco mais profundo, esse tipo de laceração atinge as camadas musculares do períneo. Normalmente necessita de ponto para se recuperar.
3º grau - É uma lesão que caminha em direção ao ânus, acometendo o esfíncter anal - o anel muscular que mantém o ânus fechado.
4º grau - Assim como a de 3º grau, essa se estende até o ânus, atingindo a mucosa retal. Esse é o quadro mais grave de laceração.
"Ao ultrapassar as camadas musculares, as lacerações são consideradas graves. A partir do 2º grau, todas as lacerações precisam de correção cirúrgica sob anestesia", explica a ginecologista Marcella Marinho.
Como cuidar de uma laceração?
De acordo com os ginecologistas, para tratar de uma laceração pós-parto é preciso:
- Realizar higiene local com água e sabonete neutro no banho e sempre depois de urinar ou evacuar, enxugando com toalha de algodão de uso próprio
- Usar calcinha de algodão ou ficar sem calcinha por longos períodos
- Evitar o uso de papel higiênico
- Aplicar compressas frias no períneo para aliviar a região
- Respeitar o período de 40 dias para fazer sexo após o parto
- Não usar pomadas cicatrizantes sem orientação médica
- Comer fibras e tomar bastante água para evitar qualquer esforço ao evacuar (em alguns casos, é autorizado utilizar medicamentos laxantes por via oral - não é permitido usar clister ou enemas retais).
Cicatriz da laceração
Quando ocorre uma laceração, não é preciso retornar ao médico para retirada dos pontos. Afinal, grande parte do fio utilizado na sutura é absorvida pelo organismo, e a outra parte, onde estão os nós do fio, cai sozinha.
O tempo de cicatrização varia de acordo com o grau e cuidados com o ferimento. As lacerações de 1º e 2º grau - que são as mais comuns -, levam, em média, duas semanas para cicatrizar. Já as de 3º e 4º grau podem levar meses para recuperação completa das estruturas.
Como evitar a laceração no parto normal
Não dá para prever em quais casos irá ou não acontecer uma laceração, então, não é possível evitar completamente a laceração, mas existem alguns cuidados que ajudam a reduzir as chances do ferimento acontecer. Como:
- Fazer fisioterapia pélvica
- Praticar exercícios físicos durante a gravidez
- Realizar exercícios com balão inflável dentro da vagina durante a gestação para aumentar a resistência da musculatura do períneo
- Colocar compressa quente na região perineal antes do parto
- Fazer massagem perineal pré-natal
- Realizar o parto na água
- Evitar a instrumentalização dos partos vaginais (uso de fórceps e vácuo extrator)
- Não manter a paciente muito tempo em posição que pode causar edema na vagina, por exemplo, ficar muitas horas na banqueta de parto
- Evitar um parto muito rápido, controlando a saída da cabeça e dos ombros.