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Além da radiação solar, a poluição é um dos principais fatores ambientais que podem trazer danos potenciais à saúde da pele. Assim, para as pessoas que vivem em cidades grandes, os cuidados contra esse agente devem ser redobrados ? afinal, a pele é o maior órgão do corpo e também o primeiro a ser exposto aos poluentes presentes na atmosfera.
São diversos os impactos da poluição na pele, mas, em destaque, está sua capacidade de levar à perda da homeostasia cutânea, que consiste no processo de equilíbrio do organismo para que a barreira de proteção consiga cumprir o seu papel. Diante disso, a bioquímica e cosmetologista do Instituto Olivan, Heloisa Olivan, lembra que existem diferentes tipos de poluição e cada um exerce um determinado efeito na pele.
A poluição ambiental, por exemplo, libera compostos químicos (como mercúrio e chumbo) que não são produzidos pelo organismo humano, de modo que são capazes de causar efeitos tóxicos em qualquer nível de exposição. Já a poluição eletromagnética, conhecida como electrosmog, é emitida por todo tipo de aparelho eletrônico, como celulares, rádios, televisões e wi-fi.
"Atualmente, com a rotina online e full time cada vez mais presente na vida de todos, não é de se espantar que a poluição eletromagnética aumentou em níveis exponenciais, trazendo um impacto negativo para a cútis até de quem não costuma sair muito de casa", esclarece a especialista.
Ainda de acordo com Heloisa, engana-se quem pensa que a poluição encontra-se apenas do lado de fora de casa. Um dos poluentes mais agressivos à pele é o PM 2.5, que também está associado a problemas como hipertensão e doenças neurológicas. Ele é proveniente de diversas fontes, incluindo combustíveis, fumaças, queimadas e até frituras feitas em casa.
Desses diferentes tipos de poluição, as principais alterações cutâneas que ocorrem devido à sua exposição, conforme explica a cosmetologista, são:
- Aumento significativo de radicais livres
- Redução de proteínas estruturais (sendo o colágeno a principal delas)
- Aumento da produção de mensageiros pró-inflamatórios
- Modificação da transcrição gênica
- Diminuição da regeneração celular
- Aumento da secreção de melatonina
Em razão dessas alterações, o resultado seria o envelhecimento precoce e o encurtamento dos telômeros, que são fundamentais no controle da divisão celular. Porém, é possível evitar (ou pelo menos reduzir) esses efeitos indesejados no organismo através de alguns cuidados simples no dia a dia.
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Ação dos cosméticos antipoluição
Devido à promessa de proteger a pele dos danos causados pela poluição eletromagnética, atmosférica e doméstica, os produtos antipoluição vêm ganhando cada vez mais adeptos ao redor do mundo - especialmente da indústria cosmética.
"Para serem eficientes, esses produtos devem incorporar níveis adequados de antioxidantes, propiciar ação de limpeza suave, equilibrar os níveis naturais de oleosidade, oferecer barreira de proteção, possuir propriedades hidratantes e normalizar o pH da pele", esclarece Heloisa Olivan.
Os antioxidantes, principais componentes dos dermocosméticos antipoluição, agem na proteção das mitocôndrias, que são a principal fonte de renovação celular e combate aos radicais livres. Dois dos antioxidantes mais conhecidos são as vitaminas C e E. Além deles, há também o betacaroteno, o resveratrol, a melatonina, o ácido ferúlico e o licopeno.
Outro mecanismo de atuação dos produtos envolve a formação de proteção sobre a pele, agindo como um escudo contra os agentes nocivos. "Cremes, géis, séruns ou loções que contenham ingredientes desta classe fazem um efeito de blindagem na pele, impedindo a entrada de poluentes e diminuindo a perda de água através dos poros", atesta a especialista.
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Existem contraindicações?
Os cosméticos antipoluição não tendem a causar irritação ou sensibilidade cutânea na maioria dos casos, de modo que todos os tipos de pele podem se beneficiar de seus efeitos. Porém, como todo produto de uso dermatológico, a cosmetologista Heloisa Olivan aconselha fazer um teste de contato em uma pequena região do corpo, a fim de avaliar o aparecimento de possíveis reações alérgicas.
"Gestantes e lactantes também devem estar atentas a tudo que forem utilizar. Uma grande parte dos ingredientes não possui dados científicos que garantam a segurança do bebê em gestação. Portanto, é fundamental ter o aval do médico obstetra antes de utilizar qualquer coisa", advertiu Heloisa.
Skincare e bons hábitos são aliados da pele
Todos os dermocosméticos utilizados nos cuidados diários com a pele podem contar com ativos antipoluição, incluindo produtos de limpeza, tonificação, hidratação e fotoproteção. Assim, aliando skincare com bons hábitos alimentares, o resultado é uma pele saudável, bonita e protegida contra quaisquer agentes agressores.
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Ademais, existem diversos procedimentos estéticos que podem ajudar a amenizar os sinais de uma pele agredida por poluentes. Segundo Heloísa, os peelings, por exemplo, atuam nas diversas camadas da pele, remodelando as fibras de colágeno e elastina, removendo as células mortas, reduzindo o tamanho dos poros e melhorando a saúde e qualidade geral da pele.
"A questão é que muita gente enxerga o skincare como vaidade, algo que irá apenas retardar o envelhecimento. No entanto, os benefícios de uma rotina de cuidados adequada e bem feita vão muito além disso e envolvem proteção, saúde, qualidade de vida e recuperação de autoestima" finaliza a especialista.