Redatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
Embarcar em desafios que se tornam virais na internet pode ser perigoso, especialmente quando trazem riscos à saúde e ao bem-estar. Após o uso indevido do Roacutan ter viralizado na rede social TikTok, a nova febre consiste em ingerir uma colher ou mais de suplemento em pó pré-treino sem diluir a substância na água.
A prática, chamada de dry scooping challenge (ou desafio da colherada seca, em tradução livre), ergueu um alerta sobre os riscos graves da ingestão do suplemento sem prescrição e orientação de nutricionistas ou médicos. Nos vídeos também há a mistura do pó com substâncias como energéticos e álcool.
O suplemento, que contém ingredientes como a cafeína em sua composição, pode causar a elevação da pressão sanguínea e do batimento cardíaco, levando a problemas no ritmo do coração - e até a ataques cardíacos.
Foi o que ocorreu com a dançarina de 21 anos, Briatney Portillo, que compartilhou sua experiência em seu perfil no TikTok. "Peguei uma colher com pré-treino 'seco' porque vi isso virar tendência no TikTok. Acabei no hospital porque tive um ataque cardíaco", escreveu ela.
Além de Briatney, outro perfil na plataforma também relatou ter sofrido problemas cardíacos após o desafio. Todavia, esse não é o único distúrbio que pode ser acarretado pelo uso indiscriminado do suplemento. Arritmia cardíaca, complicações digestivas e elevação da temperatura corporal podem ocorrer.
Riscos do suplemento à saúde infantil
Nos Estados Unidos, país em que o dry scooping se tornou viral, pesquisadores da American Academy of Pediatrics (AAP) ressaltaram a preocupação com crianças e adolescentes em um estudo intitulado: "Dry scooping e outros métodos perigosos de consumo pré-treino: uma análise quantitativa".
Segundo o estudo, o suplemento pré-treino conteria substâncias não recomendadas a crianças. Além disso, de acordo com o autor do estudo, Nelson Chow, o dry scooping facilita a ingestão de doses maiores do que as recomendadas, a inalação acidental e o engasgo com o produto.
"Pode ser difícil para os médicos identificarem novas tendências que podem representar riscos à saúde entre os jovens", afirma Chow, que também é pesquisador da Universidade de Princeton, em um comunicado da academia. "Às vezes, a investigação de plataformas não ortodoxas como o TikTok pode render resultados valiosos."