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Quem nunca pensou que câncer de mama é tudo igual? Mas essa percepção é enganosa, afinal, ele pode ser dividido em quatro subtipos principais. Entender essa separação é muito importante para o tratamento, afinal, é através de exames específicos que os médicos conseguem obter mais informações sobre a doença e direcionar a pessoa para a terapia mais adequada.
Hoje sabemos que existem algumas nomenclaturas que diferenciam os tipos de câncer de mama, como: Luminal A, Luminal B, HER2+ e basaloide, sendo este último predominantemente composto por triplos-negativos,1que não apresentam receptores de estrogênio, progesterona ou proteína HER2.1 Nessa classificação, chamada molecular,2 leva-se em consideração a presença de proteínas capazes de estimular a divisão celular e o crescimento do tumor.1
Mais comum em mulheres jovens e de ascendência africana2, o câncer de mama triplo-negativo é conhecido como o mais agressivo3 por ter maior chance de reaparecer em outras partes do corpo (metástase) e conter células cancerígenas que se multiplicam bem rápido.1 Por isso é essencial fazer exames de rastreamento anualmente, já que a detecção precoce de qualquer tipo de câncer aumenta as chances de sucesso no tratamento.
E é importante saber disso: todos os subtipos de câncer de mama têm tratamento.4 O triplo-negativo, no entanto, possui menos opções de procedimentos para a cura4, sendo tratado na maioria das vezes com quimioterapia.5 Para saber qual é o tratamento ideal para cada caso, é importante consultar um médico.
Fatores de risco
A doença surge a partir de alterações genéticas em células normais.6 Em 5 a 10% dos casos, elas podem ser atribuídas a heranças familiares.7 A partir de testes genéticos, já é possível identificar essas mudanças nos genes BRCA1 e BRCA2,8 que são supressores tumorais.9 Eles são indicados para as pessoas que têm mais chance de desenvolver câncer de mama, como aquelas com histórico pessoal de:10
- Câncer de mama diagnosticado antes dos 45 anos
- Câncer de mama triplo-negativo diagnosticado aos 60 anos ou menos
- Câncer de mama masculino
- Câncer de ovário
- Qualquer tipo de câncer e ancestralidade judaica ashkenazi
- Dois ou mais tipos de câncer.
O histórico familiar do paciente também afeta na indicação do teste genético, levando em consideração a existência de parentes com identificação de:
- Câncer de mama antes dos 50 anos
- Câncer de mama masculino
- Câncer de ovário
- Câncer na juventude
- Mutação nos genes BRCA1 ou BRCA2
- Dois ou mais casos de câncer de mama, próstata ou pâncreas em qualquer idade.
No entanto, a grande maioria (90%) dos casos de câncer de mama não está relacionada ao risco familiar e tem seus fatores de risco associados ao estilo de vida.11 Entre os motivos que podem aumentar a chance da doença estão tabagismo, obesidade, sedentarismo, alcoolismo, uso de hormônios por tempo prolongado e exposição frequente à radiação ionizante devido a radioterapia ou exames diagnósticos.12
O câncer de mama ainda é mais frequente em mulheres que começaram a menstruar muito cedo (antes dos 12 anos) ou chegaram à menopausa tardiamente (após os 55 anos).12 O avanço da idade continua sendo um dos mais importantes fatores de risco para a doença, já que cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos.12
Exames de rastreio são fundamentais
A detecção precoce do câncer de mama reduz o risco de morte pela doença e aumenta as opções de tratamento.13 Por essa razão, as mulheres devem fazer mamografia anualmente a partir dos 45 anos de idade.14
Já para as mulheres com alto risco de desenvolver a doença, como quando há um histórico familiar de câncer ou alterações nos genes BRCA conhecidas na família ou no próprio paciente, não há um padrão de recomendações definido.15 O Ministério da Saúde pede que os médicos avaliem as particularidades de cada caso para definir os procedimentos que serão adotados,15 por isso é fundamental consultar um médico com regularidade.
Vale destacar que, nos casos em que a pessoa ou um familiar é diagnosticado com alterações nos genes BRCA, o acompanhamento com um médico geneticista (ou oncogeneticista) é imprescindível, pois ele fará o aconselhamento genético, além orientar estratégias de rastreio e prevenção personalizadas.
O autoconhecimento, por sua vez, segue como uma dica importante para a identificação de nódulos ou outros sintomas suspeitos nas mamas.16 Quando o paciente perceber algo estranho no seu corpo, ele deve procurar um médico.
Principais sintomas
A manifestação mais conhecida da doença é o nódulo mamário fixo e geralmente indolor.12 Entre os outros sintomas estão mudanças no bico do peito; pequenos nódulos nas axilas ou pescoço; saídas de líquido anormal das mamas; e transformação da pele da região em avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja.12
Diante de tais sinais, que podem até estar relacionados a alterações benignas das mamas,17 é preciso procurar um médico para investigar o caso16. E, mesmo que eles não estejam presentes, os exames anuais de rastreio devem ser mantidos.
Diagnóstico
A mamografia é recomendada por ser capaz de mostrar alterações suspeitas antes mesmo de o tumor ser palpável.18 Um em cada três casos de câncer de mama são detectados nesse exame antes de serem percebidos pelo toque.19 Para investigar algum nódulo suspeito na região, ainda podem ser usadas a ultrassonografia e a ressonância magnética.18
O diagnóstico, porém, é confirmado somente por meio de biópsia.12 Nesse procedimento, um fragmento da lesão é retirado com agulha ou uma pequena cirurgia para análise mais detalhada em laboratório.12
A realização de exames é fundamental para que o especialista consiga prever a resposta da doença a tratamentos específicos, que podem envolver, por exemplo, hormonioterapia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo molecular ou cirurgia16 de acordo com a extensão do câncer e as características do tumor.20 Quanto mais cedo o tratamento começar, maiores são as chances de sucesso.20 E, vale ressaltar, todo esse processo se inicia no diagnóstico precoce. Por isso, programe-se para visitar um médico anualmente e conversar a respeito.
Referências
1 - Dent R, Hanna WM, Trudeau M et al. Pattern of metastatic spread in triple-negative breast cancer. Breast Cancer Res Treat. 2009;115(2):423-8. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10549-008-0086-2. Acesso em 29 de setembro de 2021.
2 - Barreto-Neto NJ, Pinheiro AB, Oliveira JF et al. Perfil epidemiológico dos subtipos moleculares de carcinoma ductal da mama em população de pacientes em Salvador, Bahia. Rev. bras. mastologia. 2014;24(4). Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-782263. Acesso em 30 de setembro de 2021.
3 - Li S, Zhou J, Wang Z et al. Long noncoding RNA GAS5 suppresses triple negativebreast cancer progression through inhibition of proliferation and invasion bycompetitively binding miR-196a-5p. Biomed Pharmacother. 2018;104:451-457. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0753332217364016?via%3Dihub. Acesso em 29 de setembro de 2021.
4 - Vikas P, Borcherding N, Zhang W. The clinical promise of immunotherapy in triple-negative breast cancer. Cancer Manag Res. 2018;10:6823-6833. Disponível em: https://www.dovepress.com/the-clinical-promise-of-immunotherapy-in-triple-negative-breast-cancer-peer-reviewed-fulltext-article-CMAR. Acesso em 29 de setembro de 2021.
5 - Schmid P, Adams S, Rugo HS et al. Atezolizumab and Nab-Paclitaxel in Advanced Triple-Negative Breast Cancer. N Engl J Med. 2018;379(22):2108-2121. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1809615. Acesso em 29 de setembro de 2021.
6 - Instituto Nacional de Câncer (INCA). Como surge o câncer? Disponível em: https://www.inca.gov.br/como-surge-o-cancer. Acesso em 29 de setembro de 2021.
7 - Apostolou P, Fostira F. Hereditary breast cancer: the era of new susceptibility genes. Biomed Res Int. 2013;2013:747318. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/bmri/2013/747318/. Acesso em 4 de outubro de 2021.
8 - Alemar B, Gregório C, Herzog J. BRCA1 and BRCA2 mutational profile and prevalence in hereditary breast and ovarian cancer (HBOC) probands from Southern Brazil: Are international testing criteria appropriate for this specific population? PLoS One. 2017;12(11):e0187630. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0187630. Acesso em 30 de setembro de 2021.
9 - Amendola LCB, Vieira R. A contribuição dos genes BRCA na predisposição hereditária ao câncer de mama. Rev. Bras. Cancerol. 2021;51(4):325-30. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/revista/index.php/revista/article/view/1927. Acesso em 30 de setembro de 2021.
10 - Mayo Clinic. BRCA gene test for breast and ovarian cancer risk. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/brca-gene-test/about/pac-20384815. Acesso em 7 de outubro de 2021.
11 - Instituto Nacional de Câncer (INCA). O que causa o câncer? Disponível em: https://www.inca.gov.br/en/node/640. Acesso em 29 de setembro de 2021.
12 - Instituto Nacional de Câncer (INCA). Tipos de Câncer: Câncer de mama. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama. Acesso em 29 de setembro de 2021.
13 - American Cancer Society. Breast Cancer Facts & Figures 2019-2020. Disponível em: https://www.cancer.org/research/cancer-facts-statistics/breast-cancer-facts-figures.html. Acesso em 29 de setembro de 2021.
14 - American Cancer Society. American Cancer Society Guidelines for the Early Detection of Cancer. Disponível em: https://www.cancer.org/healthy/find-cancer-early/american-cancer-society-guidelines-for-the-early-detection-of-cancer.html. Acesso em 7 de outubro de 2021.
15 - Ministério da Saúde. Câncer de mama. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/cancer-de-mama. Acesso em 29 de setembro de 2021.
16 - Instituto Nacional de Câncer. Detecção precoce. Disponível em: https://www.inca.gov.br/en/node/1208. Acesso em 29 de setembro de 2021.
17 - Ministério da Saúde. Câncer de mama: sintomas, tratamentos, causas e prevenção. Disponível em: https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/cancer-de-mama. Acesso em 29 de setembro de 2021.
18 - Couto HL. Dia Nacional da Mamografia: SBM esclarece dúvidas sobre o exame. Disponível em: https://sbmastologia.com.br/dia-nacional-da-mamografia-sbm-esclarece-duvidas-sobre-o-exame/. Acesso em 30 de setembro de 2021.
19 - Pereira RO, Silva BB. Critical imaging analysis of suspicious non-palpable breast lesions. Rev Assoc Med Bras (1992). 2020;66(12):1610-1612. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/D8KnSDNShN43yyhs6pHDS5H/?lang=en. Acesso em 07 de outubro de 2021.
20 - Instituto Nacional de Câncer (INCA). A situação do câncer de mama no Brasil: síntese de dados dos sistemas de informação. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/situacao-do-cancer-de-mama-no-brasil-sintese-de-dados-dos-sistemas-de-informacao. Acesso em 7 de outubro de 2021. Material destinado ao público geral.
Este material informativo não substitui a conversa com um médico, pois apenas esse profissional poderá orientá-lo(a) sobre a prevenção de doenças e o uso adequado de medicamentos. Não tome nenhum medicamento sem ter recebido orientação médica.
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