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Um novo estudo de revisão publicado na revista Audiology Communication Research indicou que traumas mamilares, como escoriações, fissuras e vermelhidão estão entre as principais dificuldades enfrentadas nos primeiros dias de amamentação após o parto, quando a mãe e o bebê estão no alojamento conjunto - um sistema hospitalar em que ambos passam 24 horas por dia juntos, até a alta.
O estudo, realizado por pesquisadoras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi realizado após as autoras revisarem artigos científicos publicados entre 2010 e 2019 em outros idiomas, procurando por palavras-chave nas plataformas PubMed, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e SciELO.
A pesquisa teve como objetivo entender as dificuldades enfrentadas pelas puérperas amamentando até 72 horas após o parto, a fim de evitar o desmame precoce. O leite materno está diretamente relacionado à diminuição da mortalidade infantil, além de proteger o bebê de alergias em geral, doenças respiratórias, desnutrição e muitos outros problemas.
Já as puérperas que amamentam apresentam menos sangramento pós-parto, recuperação de peso mais rápida e menos risco de câncer de mama, ovário e endométrio. Segundo a revisão, a prevalência de mulheres que conseguiram amamentar na primeira hora após o nascimento variou de 43.9% a 77.3%. O momento, chamado de golden hour, aumenta as chances de sucesso de todo o processo e ajuda a mãe a ter leite mais rapidamente.
"Esperávamos encontrar que a fissura mamilar é uma das maiores dificuldades enfrentadas no aleitamento materno exclusivo e no artigo identificamos que, realmente, as maiores dificuldades referem-se a problemas relacionados aos traumas mamilares, que engloba a fissura. Estas lesões estão associadas à pega incorreta e à presença de dor, que podem causar a interrupção da amamentação", explicou Carine Vieira Bicalho, coautora do estudo.
Entendendo o processo de amamentação
Segundo Carine Bicalho, os dados fornecem informações importantes para fonoaudiólogos, que são os profissionais mais indicados para avaliar o padrão de sucção do bebê. A partir dos resultados, é possível desenvolver orientações e intervenções específicas para as puérperas que encontrem problemas na hora de amamentar.
A pesquisa ainda analisou outros fatores que influenciam a experiência do aleitamento materno exclusivo, como a dificuldade de conexão afetiva entre a mãe e o recém-nascido e a falta de conhecimento sobre a amamentação, a anatomia e a inflamação do mamilo. Fatores que não são somente fisiológicos, mas também socioculturais e psicológicos, necessários para entender todo o processo.
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