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Capaz de afetar diversas partes do corpo, a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é caracterizada por uma reação negativa do sistema imunológico às proteínas do leite, que passam a ser vistas como inimigas do organismo e fazem com que o corpo produza anticorpos contra elas.
Como é mais comum em bebês e crianças, facilita muito o diagnóstico quando os responsáveis conhecem e estão sempre atentos aos sintomas da alergia. Vale lembrar que a APLV pode ser fatal em casos mais graves.
Sintomas
Conforme explica o alergista Victor Nudelman, do Hospital Israelita Albert Einstein, os pais devem comunicar ao pediatra se notarem sangue nas fezes dos filhos, cólicas muito intensas, urticária, assaduras frequentes e dificuldade em ganhar peso, além de refluxo ou regurgitações frequentes, já que tudo isso pode ser sintoma da alergia à proteína do leite de vaca.
Entre os outros sinais da doença estão constipação, diarreia, dores abdominais, vômitos, inchaço de lábios ou pálpebras, tosse seca, coriza, chiado, falta de ar, queda de pressão e desmaio.
Os sintomas podem aparecer logo após o consumo de leite e derivados, quando se classificam como imediatos, ou horas mais tarde, sendo chamados de tardios. De acordo com as partes do corpo que afetam, eles ainda são divididos em gastrointestinais, cutâneos, respiratórios e cardiovasculares.
O especialista afirma que as reações geralmente se manifestam a partir da ingestão do alimento. Em casos mais raros, no entanto, apenas o contato da pele com produtos que contenham leite, como cosméticos, pode provocar vermelhidão ou formação de placas.
Importância do diagnóstico precoce
Para melhorar a qualidade de vida de quem tem APLV, o diagnóstico precoce é fundamental. ''Quanto mais cedo se diagnosticar a alergia, menor o desconforto para o bebê e melhor a sua evolução'', destaca o médico.
Segundo ele, o primeiro passo para a identificação da doença é a desconfiança por parte dos pais a partir do momento que os pequenos apresentarem os sintomas. Depois disso, é feita a exclusão de leite e derivados da alimentação por quatro semanas, com reintrodução em seguida - estratégia conhecida como teste de provocação - para confirmar se o alimento realmente produz reações negativas no corpo da criança.
Victor Nudelman ressalta que é essencial que todas as etapas do diagnóstico aconteçam com acompanhamento de um pediatra ou alergista, porque as reações e suas consequências podem ser muito graves caso não haja a supervisão de um especialista.
Tratamento e cura
Após a identificação da alergia, o tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, com a exclusão completa do leite de vaca e derivados da alimentação dos pacientes.
O especialista lembra: ''Intolerância à lactose não é alergia''. Embora também se manifeste a partir do consumo do leite, essa outra condição surge por causa da deficiência da enzima lactase, que digere a lactose, o carboidrato do leite, no organismo. Ela envolve, então, o sistema digestório, e não o imunológico. Portanto, alimentos sem lactose, podem conter a proteína do leite de vaca e não devem ser consumidos por pacientes com APLV.
Ao contrário da intolerância, a alergia à proteína do leite de vaca tem cura natural, como conta o médico: ''As pessoas deixam de ser alérgicas de forma espontânea''. A maioria desenvolve tolerância até os cinco anos de idade.
''O ponto é que algumas das crianças que tiveram APLV podem ter outras alergias na vida, alimentares ou não'', comenta ele. Sendo assim, é importante que, mesmo após a cura, os pais fiquem de olho em possíveis sinais de outras alergias e sempre busquem consultar um especialista.