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Em meio à tentativa de controle da COVID-19 e a descoberta da nova cepa Ômicron, nas últimas semanas o aumento de casos de gripe no Rio de Janeiro causou um alerta sobre as transmissões respiratórias por influenza A (H3N2), chegando a contabilizar mais de 23 mil casos.
A influenza A é uma cepa frequentemente associada a temporadas de gripe mais severas e conhecida por sofrer mais mutações.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a gripe H3N2 também está circulando no estado de São Paulo, onde já provocou um aumento significativo no número de atendimentos nos prontos-socorros, bem como no número de internações.
Além de São Paulo e Rio de Janeiro, outros estados e capitais também alertaram para um aumento incomum de casos de gripe associados ao vírus H3N2, já tendo sido confirmado um óbito pelo vírus em Salvador.
O que é a gripe H3N2?
Conforme explica Bernardo Almeida, infectologista e chefe médico da Hilab, de tempos em tempos o influenza sofre pequenas mutações que mudam sua conformação e geram novas cepas, chamadas drifts.
"Essas mudanças fazem com que essas novas cepas consigam escapar em parte do sistema imune gerado por infecções prévias ou vacinação. Isso aumenta a suscetibilidade populacional e aumenta as chances de novas ondas", esclarece o médico.
Porém, embora a H3N2 tenha sido descoberta pela primeira vez em humanos em 1968, uma nova mutação do vírus foi identificada recentemente na Austrália, batizada de Darwin, em referência à cidade em que foi sequenciada.
"Ela possui uma capacidade um pouco menor de complicações comparado ao H1N1, porém, ainda suficiente para gerar ondas de internamentos e óbitos anualmente, frequentemente no período de inverno".
A vacina da gripe protege contra o vírus H3N2?
De acordo com os especialistas, apesar de a vacina contra a gripe usada no Brasil já ter em sua composição a H3N2, ela não abrange a variante Darwin, responsável pelo atual surto.
Ainda segundo Edson Aparecido, secretário municipal de Saúde de São Paulo, as vacinas aplicadas até então no estado foram para enfrentar especificamente o vírus H1N1. Dessa forma, para o vírus H3N2 que circula atualmente é necessário outro imunizante.
Por meio de um comunicado feito nesta quarta-feira (15), o Instituto Butantan anunciou que vai começar a atualizar a vacina contra a gripe a partir de janeiro, respeitando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os sintomas da gripe H3N2 podem ser mais graves entre aqueles que não se vacinaram?
"Apesar de a última vacina ser constituída para proteger de outras cepas, é esperado que ocorra alguma proteção cruzada. Se isso se confirmar, há menor chance de infecção, internamento e óbitos causados pela infecção", elucida Bernardo Almeida.
O infectologista Bernardo Almeida explica que caso essa nova cepa passe a ser dominante, entrará na constituição da próxima vacina a ser produzida, aumentando assim a proteção contra o vírus.
Sintomas da gripe H3N2
Os sintomas da gripe H3N2 são semelhantes aos sintomas causados por outros vírus da gripe sazonal. Os sintomas geralmente aparecem de repente e podem incluir:
- Tosse e forte dor de garganta
- Coriza ou nariz congestionado
- Dor de cabeça e dores no corpo
- Febre
- Fadiga
- Diarreia.
Quais cuidados tomar com a gripe H3N2?
"O vírus influenza, de uma forma geral, é transmitido predominantemente por gotículas. O contato próximo - de aproximadamente dois metros - entre um indivíduo transmissor e outro suscetível é suficiente para que uma transmissão potencial ocorra", revela Bernardo Almeida.
Dessa forma, o número de contatos próximos com outros indivíduos se correlaciona diretamente com a chance de exposição.
Segundo o infectologista, o uso de máscaras, idealmente cirúrgicas ou superiores - como a PFF2 -, durante uma interação ajuda a diminuir a chance de transmissão.
Além disso, frequentar ambientes pequenos, mal ventilados e com muitas pessoas no interior aumenta a chance de transmissão.