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Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, 44 casos de hepatite de causa desconhecida estão sendo investigados no Brasil. Até a última semana, 47 casos suspeitos foram notificados no país, mas três deles já foram descartados.
Os casos que estão sendo monitorados foram notificados por nove estados: São Paulo (14), Minas Gerais (7), Rio de Janeiro (6), Pernambuco (3), Santa Catarina (3), Rio Grande do Sul (3), Mato Grosso do Sul (2), Paraná (2) e Espírito Santo (1).
Para apoiar a investigação e permitir um levantamento de evidências para identificar as possíveis causas, o Ministério da Saúde montou na última sexta-feira (13) uma “Sala de Situação”. O ambiente irá funcionar diariamente e contará com a participação de técnicos do Ministério, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e de especialistas convidados.
O objetivo é fazer um monitoramento constante e direcionar ações e decisões sobre o surto de forma rápida e coordenada, conforme informou Gerson Pereira, secretário de Vigilância em Saúde substituto do Ministério da Saúde, em comunicado.
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Além do monitoramento, a sala vai padronizar as informações e orientar os fluxos de notificação e investigação dos casos para todas as secretarias estaduais e municipais de saúde e para os Laboratórios Centrais e de Referência de Saúde Pública.
No último dia 10, o Ministério da Saúde participou de reunião com grupo de especialistas junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) e com representantes de oito países (Reino Unido, Espanha, EUA, Canadá, França, Portugal, Colômbia e Argentina) nas áreas técnicas de emergências em saúde pública, infectologia, pediatria e epidemiologia para discutir as evidências disponíveis até o momento.
O que já se sabe sobre os casos de hepatite misteriosa no mundo?
Até a última terça-feira (10), foram registrados 348 casos prováveis de hepatite de causa misteriosa em crianças e adolescentes de 20 países, segundo a OMS. Outros 70 casos em 13 países estão pendentes de classificação e esperam a conclusão de testes.
Tudo começou no Reino Unido, onde os primeiros casos foram registrados em janeiro deste ano. Atualmente, são mais de 160 casos registrados no país. Em abril, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) anunciou casos em outros países da Europa.
Na última sexta-feira (13), os Centros para Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) afirmaram que há 109 casos em investigação no país, dos quais foram notificadas cinco mortes. A Indonésia também já registrou três mortes de crianças em decorrência da doença.
Entre os principais sintomas da hepatite de origem desconhecida, listados pela Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, estão:
- Icterícia (pele amarelada);
- Urina escura;
- Dores nas articulações e dores musculares;
- Perda de apetite;
Principais teorias já levantadas para as causas da hepatite
A causa para esses casos de hepatite ainda é desconhecida. Isso porque nenhum deles apresentou infecção pelos vírus que causam hepatite viral aguda (de A a E). Entre as principais teorias está o adenovírus, um vírus de transmissão respiratória.
"Esse é um vírus que, como qualquer outro, tem capacidade mutante. O que tem sido dito é que pode ter surgido uma nova cepa que tenha tropismo (fenômeno biológico que orienta o crescimento de um organismo) pelo fígado, gerando um quadro de hepatite", comentou Marcelo Neubauer de Paula, infectologista e médico acupunturista do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA) em entrevista anterior ao Minha Vida.
Outra hipótese levantada é que a inflamação do fígado esteja sendo causada pela COVID-19. Porém, especialistas argumentam que é uma realidade pouco provável, já que os casos seriam mais numerosos devido ao grande potencial de circulação do coronavírus. Além disso, não há relação conhecida entre COVID-19 e alterações hepáticas.
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Também foi descartada a possível relação com a vacinação contra a COVID-19 porque, segundo os órgãos oficiais que investigam o surto, as crianças infectadas não estavam vacinadas com imunizante contra a doença.