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Crianças que praticam, exclusivamente, esportes individuais, como ginástica, tênis, natação, corrida e luta livre, estão mais propensas a sofrerem com depressão ou ansiedade do que as que não se exercitam. Esse é o resultado de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual da Califórnia, nos Estados Unidos.
Em contrapartida, esportes coletivos, como basquete, futebol e vôlei, têm efeito protetor da saúde mental, já que as crianças apresentaram menos sintomas de ansiedade, depressão e retraimento do que aquelas que não praticam atividade física.
Segundo os pesquisadores, a participação de crianças em esportes coletivos foi associada a 10% menos risco de ansiedade e depressão, 19% menos chances de retraimento, 17% menos incidência de problemas sociais e de pensamento e 12% menos problemas de atenção em comparação às crianças que não se exercitam.
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Já as crianças que competem exclusivamente em esportes individuais apresentaram risco 16% maior de desenvolverem ansiedade e depressão, 14% maior de isolamento, 12% maior de dificuldades de socialização e 14% maior de problemas de atenção em comparação com as que não se exercitam.
Em relação às crianças e adolescentes que praticam ambos os tipos de esporte, não houve diferenças significativas em termos de problemas de saúde mental em comparação com aquelas que não praticam esportes.
Como o estudo foi feito?
O estudo, publicado na revista científica Plos One, foi realizado a partir da análise de dados de 11.235 crianças entre nove e 13 anos que fazem parte de um outro estudo maior, o Adolescent Brain Cognitive Development (ABCD).
O ABCD foca em estudar o desenvolvimento social, emocional e cognitivo de crianças dos Estados Unidos. Para isso, o trabalho, que está em andamento há dez anos, coleta dados em 21 locais do país a cada dois anos por meio de questionários, jogos, amostras de saliva e exames de ressonância magnética.
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Para o novo artigo, os pais/responsáveis das crianças receberam uma lista com atividades esportivas e foram solicitados a indicar o envolvimento de seus filhos em cada uma delas. Para serem qualificadas, as crianças tinham que praticar pelo menos um esporte individual ou coletivo que envolvesse prática formal, tivesse regras, fosse treinado por um líder adulto ou jovem e tivesse caráter competitivo.
Com isso, foram analisados, no novo estudo, dados de 3.348 crianças ou adolescentes que praticam esportes coletivos, 2.366 que fazem esportes individuais e 1.750 que competem em ambos. Os resultados foram comparados com um grupo controle de crianças que não praticam nenhum tipo de esporte.
O que os pesquisadores concluíram
Os resultados do recente artigo estão alinhados com pesquisas anteriores que destacam os benefícios da prática de esportes coletivos para a saúde mental de crianças e adolescentes.
Do ponto de vista dos autores do estudo, é possível que jovens que competem em modalidades esportivas em grupo experimentem uma sensação de proximidade e de união com seus colegas de equipe, o que pode ser benéfico para a saúde mental e para o desenvolvimento de habilidades sociais.
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Por outro lado, crianças e adolescentes que competem em esportes individuais podem sofrer de estresse relacionado à pressão para um bom desempenho, já que os resultados na competição dependem exclusivamente deles próprios. Porém, os autores sugerem que mais investigações sejam feitas para confirmar os resultados do recente artigo.