Paula Molari Abdo, farmacêutica pela USP, fundadora e diretora técnica da Farmácia de Manipulação Formularium. Espe...
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Com a crescente preocupação com o meio ambiente, desde desmatamento até mudanças climáticas, novos produtos surgem para demonstrar que é possível cuidar de si e do planeta ao mesmo tempo. É o caso dos biocosméticos, também conhecidos como cosméticos ecológicos.
Os biocosméticos são produtos formulados a partir de substâncias naturais, como extratos de plantas, sem o uso de ingredientes industrializados. Por isso, sua formulação é livre de parabenos, ftalatos, BHA, silicones, álcool, parafinas e outros derivados de petróleo.
Segundo Bárbara Carneiro, médica dermatologista pela Faculdade de Tecnologia e Ciência em Salvador, esses produtos também contam com critérios rigorosos de produção, que obedecem aos princípios de respeito ao meio ambiente, desde a seleção da matéria-prima até a chegada ao consumidor final.
Em função disso, o processo de produção e a embalagem são ecológicos e com enfoque em sustentabilidade. “Existe uma forte preocupação não somente com os benefícios dos produtos em si, mas um cuidado com a sustentabilidade e com o meio ambiente”, explica Paula Molari Abdo, farmacêutica pela Universidade de São Paulo.
Quais os tipos de biocosméticos?
Existem algumas classificações de biocosméticos, mas os conceitos mais utilizados são os que se originaram das certificações existentes. Segundo Paula, são eles:
- Cosméticos orgânicos: são aqueles que contêm quase que totalmente matérias-primas orgânicas certificadas (95% ou mais) e o restante somente materiais naturais;
- Cosméticos veganos: não contêm matérias-primas de origem animal, como lanolina, colágeno, gelatina, mel, cera de abelha e outras. Também devem ser cruelty-free (livres de crueldade), cosméticos que não são testados em animais;
- Cosméticos biodinâmicos: além de todo rigor da origem natural e sem aditivos das matérias-primas, exige-se um respeito aos ciclos da natureza, como fases da lua e estação do ano; assim, a intervenção é menor e contribui para a sustentabilidade.
Conforme destaca Paula, as matérias-primas consideradas orgânicas são necessariamente obtidas sem o uso de agrotóxicos e outros agentes químicos na sua produção.
“Algumas certificadoras são bem conhecidas (Ecocert, Natrue, entre outras) e é comum encontrarmos um selo garantidor. Embora existam cosméticos naturais, estes não são biocosméticos, pois não obrigatoriamente atendem aos requisitos de sustentabilidade”, afirma a especialista.
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Como identificar um biocosmético corretamente?
Checar o rótulo e os ingredientes do produto é a primeira coisa que o consumidor deve fazer para verificar se ele é, de fato, natural. Selos de certificação também podem ajudar a distinguir um biocosmético verdadeiro de um cosmético tradicional.
As empresas responsáveis por conceder a certificação, especialmente de produtos orgânicos, são a Ecocert, o IBD, a Natrue e a USDA. Já produtos veganos devem conter o selo da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVD), do Certificado Vegano da Organização Veganismo Brasil ou da Vegan Society.
Benefícios dos biocosméticos
Como são feitos sem conservantes sintéticos e as matérias-primas utilizadas são cultivadas sem agrotóxicos, os biocosméticos possuem uma formulação menos agressiva e apresentam uma menor chance de causar alergias e irritações.
Conforme explica Bárbara Carneiro, 60% dos produtos químicos usados na produção dos cosméticos tradicionais são absorvidos pela microcirculação sanguínea presente na pele, couro cabeludo e no cabelo — como o dioxano, uma substância com potencial carcinógeno capaz de desencadear câncer de mama, pele e fígado. Em função disso, o principal benefício associado aos biocosméticos é que eles não trazem riscos à saúde.
Da mesma forma dos cosméticos comuns, os produtos naturais ainda apresentam as mesmas aplicações, como melhorar a aparência da pele, ter a função reparadora, protetora e outras.
Existem contraindicações de uso?
A principal contraindicação para qualquer biocosmético é para pessoas com sensibilidade a algum componente presente na formulação. Além disso, segundo Paula, há casos específicos em que existem substâncias vegetais contraindicadas no caso de exposição solar.
Por isso, embora seja um produto considerado seguro para uso, é importante consultar um dermatologista antes de incluí-lo na rotina de cuidados. Somente um especialista desta área poderá indicar os melhores biocosméticos para cada tipo de pele e o tratamento específico.
Gestantes podem utilizar biocosméticos?
Os biocosméticos são produtos seguros, todavia, alguns não são indicados para gestantes. Tudo vai depender dos extratos vegetais presentes na formulação. Por isso, a melhor orientação é a futura mamãe verificar a composição e conversar com um especialista. Geralmente essa informação consta na embalagem do produto.
Crianças podem utilizar biocosméticos?
Os mesmos critérios de aplicação de cosméticos comuns em crianças devem ser respeitados na utilização de biocosméticos, conforme explica Paula. Elas têm grande absorção através da pele, portanto, mesmo um biocosmético deve ser utilizado com precaução. A informação de segurança deve estar clara na embalagem do produto e é essencial buscar orientação de um dermatologista.
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