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A COVID longa, manifestação persistente dos sintomas de COVID-19 mesmo após o fim da infecção aguda, pode afetar crianças de todas as idades, inclusive bebês. É o que indica um novo estudo publicado na revista The Lancet Child & Adolescent Health.
O trabalho, realizado na Dinamarca, serve para evidenciar que os efeitos prolongados da infecção por coronavírus podem acometer não somente adultos com ou sem comorbidades, mas também crianças de diferentes idades.
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Para o estudo, foram avaliados dados de 44 mil crianças dinamarquesas com idades entre zero e 14 anos, das quais 11 mil tiveram diagnóstico de COVID-19, confirmado por PCR, entre janeiro de 2020 e julho de 2021.
Foram comparados dados das crianças que tinham sido infectadas com as que não tiveram a doença. Ambos os grupos tinham semelhanças entre idade, sexo e prevalência de comorbidades preexistentes.
Resultados variam de acordo com a faixa etária
Os resultados do estudo mostraram que houve diferença nos sintomas e na prevalência da COVID longa de acordo com cada faixa etária. Segundo os pesquisadores:
- Crianças entre zero e três anos: 40% tiveram ao menos um sintoma após dois meses ou mais de infecção, como alterações de humor, erupções na pele e dores de estômago, contra 27% do grupo controle;
- Entre quatro e 11 anos: 38% apresentaram sintomas prolongados, como dificuldade na memória e na concentração, além de lesões na pele e alterações de humor, contra 33,7% do grupo controle;
- Entre 12 e 14 anos: 46% apresentaram sintomas prolongados, como fadiga, alterações de humor, dificuldades de memorização e de concentração, contra 41% do grupo controle.
Segundo os autores do estudo, apesar de esses sintomas serem comuns mesmo sem a infecção por COVID-19, as crianças que receberam o diagnóstico de infecção pelo coronavírus foram mais propensas a terem esses sintomas associados à COVID longa.
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Estudos anteriores já indicavam a possibilidade de crianças desenvolverem sintomas persistentes de COVID-19. Um deles, realizado pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, mostra que quatro em cada 10 crianças e adolescentes continuavam com os efeitos prolongados da COVID-19 nas 12 semanas seguintes à infecção.