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Um levantamento feito com mais de 35 mil participantes, entre mulheres cisgênero e pessoas transgêneras que menstruam, sugere que a vacinação contra a COVID-19 pode alterar o fluxo menstrual.
Segundo o estudo, publicado na revista Science Advances na sexta-feira (15), 42% das pessoas entrevistadas apresentaram um aumento na menstruação nas duas semanas após a aplicação do imunizante. Em contraponto, 44% não perceberam alterações no fluxo menstrual e 14% não notaram um sangramento mais intenso.
Além disso, a pesquisa apontou que pessoas que não menstruavam mais, devido à menopausa ou por tratamento hormonal, com anticoncepcionais ou terapia hormonal em pessoas transgêneras, tiveram sangramento espontâneo pós-vacinação.
Segundo o levantamento, metade das mulheres na pós-menopausa observou sangramento de escape enquanto um terço das pessoas transgêneras relatou o mesmo.
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Os dados da pesquisa mostram, ainda, que as alterações na menstruação são temporárias e que estão associadas a determinados fatores desencadeantes, como: idade, efeitos secundários relacionados à vacina (febre ou fadiga), histórico de gravidez e partos, entre outros.
Como o estudo foi feito?
O levantamento é assinado pelas pesquisadoras Katharine Lee, da Universidade de Tulane, e Kathryn Clancy, da Universidade de Illinois Urbana-Champaign. Kathryn relatou a própria experiência em uma rede social, comentando que a sua menstruação havia chegado mais cedo e estava com um fluxo de sangramento maior do que o normal. Outras mulheres relataram que passaram pelo mesmo.
"As pessoas que menstruam, e as que antes menstruavam, começaram a comentar que tinham um sangramento inesperado depois que era administrada a vacina, no início de 2021", comentaram as autoras. Esse é um efeito adverso que acabou sendo ignorado nos testes clínicos das vacinas.
Para o estudo, as pesquisadoras elaboraram um questionário com perguntas que incluíam perfil demográfico, status vacinal e ciclo menstrual. Foram excluídas pessoas que tiveram diagnóstico ou suspeita de COVID-19, que pode trazer alterações no fluxo menstrual, e aquelas que tinham de 45 a 55 anos, para evitar confusão com a menopausa ou com outras mudanças hormonais.
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Além disso, as pessoas participantes precisavam ter tomado uma dose de alguma vacina contra a doença há, pelo menos, 14 dias de quando o questionário foi respondido. O estudo considerou imunizantes de diversas fabricantes, como Pfizer e Moderna.
Mais estudos precisam ser feitos
Apesar dos resultados terem apontado para uma possível associação entre o maior fluxo menstrual e a vacinação contra a COVID-19, ainda é preciso entender essa relação com maior profundidade para firmar uma casualidade entre os fatores.
Para as autoras, uma possibilidade é investigar por que o sangramento mais abundante foi visto nas pessoas que relataram febre e cansaço após a aplicação do imunizante. Uma hipótese é entender o efeito que a resposta imune do organismo, após a vacinação, traz ao ciclo menstrual.
Apesar disso, as pesquisadoras ressaltam que a vacinação segue sendo uma das melhores formas de prevenir a COVID-19, a internação e a morte pela doença.