Redatora especialista na cobertura de conteúdos sobre saúde, bem-estar, maternidade, alimentação e fitness.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou no sábado (23) que o surto de varíola dos macacos é uma emergência sanitária global. A decisão foi tomada ante a expansão da doença e do potencial de risco de contaminação. Já são mais de 16 mil casos confirmados em 75 países, sendo mais de 600 registrados no Brasil.
Na prática, a decisão do órgão solicita que governos federais intensifiquem ações de monitoramento da doença. O objetivo é aumentar a coordenação entre países e reforçar os mecanismos de busca ativa de casos e a implementação de medidas para conter a circulação global do vírus.
Para o secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a declaração também ajuda a acelerar o desenvolvimento de vacinas. Isso porque as agências sanitárias de cada país baseiam suas decisões nas avaliações e recomendações do órgão mundial de saúde.
O que muda com a emergência sanitária global?
A classificação de emergência global de saúde para a varíola dos macacos é o alerta mais alto que a OMS pode emitir. Esse status obriga agências sanitárias pelo mundo a aumentarem medidas preventivas para a transmissão da doença.
A organização também passou a emitir recomendações para estimular os países a proteger grupos que estão em maior risco de contaminação pelo vírus. "Este é um surto que pode ser interrompido com as estratégias certas nos grupos certos", disse Tedros.
Pandemia x emergência global: qual a diferença?
Além da varíola dos macacos, existem, atualmente, outras duas emergências de saúde consideradas globais: a pandemia de COVID-19 e o esforço contínuo para erradicar a poliomielite. Mas qual é, de fato, a diferença entre emergência global e pandemia?
Na prática, elevar um surto de uma doença a uma emergência global não quer dizer que ela é uma pandemia. Na realidade, ela alerta para um risco de a doença se espalhar por ainda mais países e que, por isso, é necessária uma resposta internacional coordenada.
Já a pandemia é o nome dado para uma epidemia de âmbito global. Esse é um status determinado pela OMS através de critérios técnicos, como haver transmissão ativa em pelo menos três continentes, e é uma categoria usada com cautela.
Quando a pandemia de COVID-19 foi anunciada, em março de 2020, Tredos ressaltou que “pandemia não é uma palavra para ser usada de maneira leviana” e que “se mal utilizada, a palavra pode causar medo irracional ou aceitação de que a luta acabou, resultando em mortes e sofrimento desnecessários”.
Varíola dos macacos: o que é, sintomas e como é transmitida
A varíola dos macacos é uma doença causada pelo vírus monkeypox, que pertence à mesma família do vírus transmissor da varíola humana. A transmissão acontece através do contato prolongado com uma pessoa infectada, por via respiratória, por gotículas de saliva ou através do contato com as lesões na pele, típicas da doença.
Os sintomas da varíola dos macacos são parecidos com os da varíola humana, incluindo:
- Linfadenopatia (inchaço nos gânglios linfáticos);
-
Febre;
-
Dor de cabeça;
-
Dores musculares;
-
Dor nas costas;
-
Arrepios;
-
Exaustão;
-
Erupções cutâneas.
O diagnóstico deve ser confirmado por meio de um teste PCR, que detecta o vírus nas lesões de pele. Segundo o Ministério da Saúde, há testes disponíveis no Brasil para todas as pessoas que suspeitam de estarem contaminadas. No sábado (23), a pasta também anunciou que articula com a OMS a compra de vacinas para combater a doença.
"O Ministério da Saúde também tem articulado com a OMS as tratativas para aquisição da vacina varíola dos macacos, de forma que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) possa definir a estratégia de imunização para o Brasil", diz comunicado. "Com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, o Brasil está preparado para enfrentar a varíola dos macacos", completa a nota.
Na sexta-feira (22), a Agência Europeia de Medicamentos declarou que vai usar a vacina da varíola para imunizar as pessoas contra a varíola dos macacos. A decisão foi justificada pela semelhança entre os vírus transmissores.