Médica Infectologista graduada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com residência médica pela Universidade...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Médico formado pela Faculdade de Medicina da USP e com doutorado em Infectologia na Universidade Federal de São Paulo (U...
iO que é Varíola?
A varíola, também conhecida como a varíola humana ou varíola comum, é uma doença altamente contagiosa provocada pelo vírus Orthopoxvirus variolae, da família Poxiviridae. Seus sintomas incluem o aparecimento de bolhas na pele, febre e dores no corpo.
Ela foi erradicada mundialmente por volta dos anos 1970 após uma campanha de imunização global sem precedentes organizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, as amostras de vírus da varíola foram mantidas para fins de pesquisa.
Vacina para varíola
A forma de prevenção da doença é por meio da vacinação. No entanto, como a condição é considerada erradicada e o risco de exposição ao vírus é baixa, a vacina para varíola é ministrada apenas em casos específicos e não faz parte do calendário regular de vacinação.
Varíola x Varíola dos macacos
A varíola dos macacos é causada pelo vírus monkeypox, pertencente ao mesmo gênero do vírus da varíola comum. No entanto, as doenças possuem características diferentes como estrutura, formas de transmissão e níveis de letalidade. Outro fator que diferencia as condições é que o vírus da varíola acomete apenas humanos, enquanto o monkeypox também pode se manifestar em outros hospedeiros.
Saiba mais: Varíola dos macacos: o que é, sintomas e como é transmitida
Causas
Transmissão da varíola
A varíola é causada pela infecção do vírus Orthopoxvírus variolae. Ele pode ser transmitido:
-
Diretamente de pessoa para pessoa: a transmissão direta do vírus requer contato direto prolongado. O vírus pode ser transmitido pelo ar por meio de gotículas que escapam quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou fala.
- Indiretamente de uma pessoa infectada: em casos raros, o vírus pode se espalhar mais longe pelo ar, possivelmente por meio do sistema de ventilação em um edifício, infectando pessoas em outros quartos ou em outros andares.
- Via itens contaminados: a varíola também pode se espalhar por meio do contato com roupas e lençóis contaminados, embora o risco de infecção a partir destas fontes seja menos comum.
Os pesquisadores acreditam que a infecção por varíola possa continuar ativa (sob as condições certas) por até 24 horas. Em condições desfavoráveis, o vírus só consegue permanecer vivo por até seis horas.
Tipos
Os tipos de varíola são classificados como:
- Varíola maior: forma mais grave da condição, em que os sintomas se manifestam com maior intensidade. Sua taxa de letalidade é de 30%
- Varíola menor: forma mais leve da doença, na qual a taxa de mortalidade é de 1%
“Outras formas graves da doença são a varíola hemorrágica, quase sempre fatal, com sangramentos pelas mucosas e na pele, e a varíola maligna, em que as lesões não formam pústulas e ficam planas”, explica a infectologista Sumire Sakabe.
Sintomas
Sintomas da varíola
Os primeiros sintomas da varíola podem aparecer de 12 a 14 dias após a infecção pelo vírus. Durante o período de incubação, que dura de sete a 17 dias, a pessoa não manifesta nenhum sintoma e também não é capaz de passar a doença para ninguém.
Após o período de incubação, no entanto, alguns sinais e sintomas característicos começam a surgir, como:
- Manchas vermelhas na pele
- Surgimento de bolhas com líquido claro (pústulas)
- Febre
- Desconforto geral
- Dor de cabeça
- Fadiga severa
- Dores nas costas
- Vômitos
As lesões também se desenvolvem nas membranas mucosas do nariz e boca e rapidamente se transformam em feridas que quebram aberto.
Diagnóstico
Se um surto de varíola ocorresse hoje, é provável que a maioria dos médicos não perceberia o que de fato está por trás dos sintomas iniciais, o que permitiria que a doença se espalhasse e evoluísse.
Para chegar ao diagnóstico preciso da varíola, seria necessário, ainda, descartar a hipótese de catapora. “As lesões (bolhas) na pele são semelhantes. A diferença é que, na catapora, as vesículas estão em diferentes fases de desenvolvimento - algumas são pequenas e outras, maiores. Já no caso da varíola, as bolhas estão no mesmo estágio”, afirma Celso Granato, infectologista do Fleury Medicina e Saúde.
Mesmo apenas um caso confirmado de varíola já seria suficiente para se tornar uma emergência internacional de saúde. Podem ser feitos testes definitivos utilizando uma amostra de tecido retirado de uma das lesões na pele da pessoa infectada.
Fatores de risco
A Organização Mundial da Saúde liderou um enorme programa de imunização, em escala global, que erradicou a varíola por volta dos anos 70. O último caso registrado da doença fora de laboratórios data de 1977, na Somália. As vacinas, inclusive, já pararam de ser ministradas para a população, pois não há mais necessidade de imunização.
Não há, portanto, nenhum fator de risco conhecido hoje para a doença. Porém, os vírus da varíola ainda existem e estão congelados no laboratório VECTOR, em Koltsovo, na Rússia, bem como no laboratório do Centro de Controle de Coenças (CDC), em Atlanta, nos Estados Unidos - o que pode preocupar alguns sobre os riscos do vírus ser utilizado como arma biológica.
Tratamento
Tratamento da varíola
Não há um medicamento específico para tratamento da varíola. Às vezes, antibióticos são administrados para quadros infecciosos. No entanto, os resultados esperados deste tipo de tratamento paliativo não são muito positivos.
Se a vacina contra a doença for administrada na pessoa infectada de um até quatro dias no máximo após a exposição, pode-se evitar a doença ou torná-la até mesmo menos severa. Uma vez iniciados os sintomas, o tratamento é limitado, os indivíduos diagnosticados e todos que estiverem em contato próximo a ele precisam ser isolados imediatamente.
Saiba mais: 5 motivos para manter sua caderneta de vacinação em dia
Medicamentos
Os medicamentos para a varíola são ministrados com o objetivo de aliviar os sintomas. Os mais usados para o tratamento de varíola são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Complicações possíveis
Varíola pode evoluir para outros problemas de saúde, como:
- Artrite e infecções ósseas
- Inchaço cerebral (encefalite)
- Infecções oculares
- Pneumonia
- Formação de cicatrizes
- Sangramento intenso
- Infecções cutâneas (nas feridas)
- Morte
- Convulsão
- Cegueira
Mais Sobre
Fotos da varíola
ATENÇÃO! A imagem a seguir é forte:
Crédito: Mayo Clinic.
Crédito: BBC.com
Lesões nas pernas causadas pela varíola:
Referências
Mayo Clinic
Manual MSD