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Pode relaxar: você não é a única pessoa a falar com voz fina e de maneira cantada com bebês. Segundo um estudo publicado recentemente na Nature Human Behavior (Comportamento Humano Natural, em tradução livre), a “parentese”, conhecida também como “língua dos bebês” é uma linguagem universal.
Para chegar a essa fofa e curiosa conclusão, mais de 40 cientistas reuniram e analisaram 1.615 gravações de voz de 410 mães e pais em seis continentes. Foram áudios feitos em mais de 18 idiomas de diversas comunidades, desde as rurais e isoladas, até as urbanas e cosmopolitas, incluindo populações sem acesso à internet.
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Os pesquisadores conseguiram constatar que mães e pais falavam com seus bebês de maneiras diferentes da que faziam com adultos, o que se repetiu nos diferentes grupos estudados.
Jogo indica semelhanças de vibrações na fala e nas músicas
Para testar se as pessoas tinham consciência da diferença entre a forma como os adultos conversam com bebês e entre si, os pesquisadores criaram, também, um jogo chamado “Quem está ouvindo?”, que foi jogado on-line por mais de 50 mil pessoas de 199 idiomas diferentes de 187 países.
Os participantes foram questionados se uma música ou uma fala estava sendo direcionada para um bebê ou para um adulto. Do total, 70% conseguiram responder com precisão quando os sons eram dirigidos a recém-nascidos, mesmo quando a língua e a cultura eram diferentes da que eles estavam acostumados.
“O estilo da música era diferente, mas a vibração dela, por falta de outro termo científico, parecia a mesma. A essência da comunicação está lá”, comenta Caitlyn Placek, antropóloga da Ball State University, de Indiana, que ajudou a coletar gravações dos Jenu Kuruba, uma tribo da Índia.
Língua dos bebês pode ajudar no desenvolvimento
Essa não é a primeira vez que cientistas argumentam que a forma como os humanos falam com seus bebês pode servir para várias funções importantes de desenvolvimento. Afinal, outras espécies do reino animal fazem o mesmo: diferentes sons são usados para indicar perigo, felicidade, atração sexual, entre outras emoções entre os animais.
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De acordo com o psicólogo Samuel Mehr, diretor do The Music Lab (Laboratório de Música) dos Laboratórios Haskins, que conceberam o novo estudo, os sons que fazemos ao falarmos com bebês os ajudam a sobreviver, além de apresentá-los à comunicação. “Bebês humanos solitários são muito ruins em seu trabalho de permanecerem vivos”, afirmou o especialista em entrevista ao The New York Times.
Os resultados da pesquisa sugerem que a fala e a música para bebês têm uma função independente das forças culturais e sociais. Portanto, o estudo pode servir como um ponto de partida para futuras pesquisas com bebês.