Possui graduação em medicina pela Universidade Federal do Piauí. Mestrado em Reumatologia pela Universidade Federal de S...
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A explosão de casos de varíola dos macacos em países não endêmicos acendeu o sinal de alerta no mundo. Em julho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou emergência global para a doença e o Brasil, com mais de mil casos, já trata a situação como um surto.
No país, de acordo com o último boletim do Ministério da Saúde divulgado na quarta-feira (3), já foram registradas 1.721 ocorrências da doença, incluindo em grávidas e crianças, parte do grupo de risco. Uma morte já foi confirmada.
Diante do cenário, saber quando e como se testar para diagnosticar a doença é importante para evitar a transmissão. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já recebeu dois pedidos de registro de testes para a monkeypox. Atualmente, o diagnóstico é feito por meio de ensaios moleculares de PCR com metodologia desenvolvida pelo próprio laboratório de análise clínica, com base em protocolos validados.
Testes deste tipo já estão disponíveis no Brasil, como é o caso do exame da Roche Diagnóstica, do Grupo Pardini e da Seegene. Entenda como funciona e quando e onde fazer o teste para varíola dos macacos a seguir:
Como funciona o teste de varíola dos macacos?
O diagnóstico da varíola dos macacos acontece através do exame PCR (RT-PCR, em tempo real, ou qPCR, quantitativo), que avalia o material genético das amostras. Esse é o mesmo exame que detecta o coronavírus. Porém, em vez de as amostras serem coletadas através da nasofaringe (nariz e garganta), como acontece no teste de COVID-19, elas são coletadas pelas lesões na pele características da doença.
“O material biológico a ser coletado para o diagnóstico molecular do vírus monkeypox em paciente com suspeita é o fluido ou secreção presente nas vesículas ou nas crostas da lesão na pele”, explica Charles Heldan de Moura Castro, diretor médico responsável por análises clínicas do CURA.
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O teste é obrigatório para diagnosticar a varíola dos macacos mesmo em pessoas que apresentem sintomas típicos da doença, como lesões na pele e inchaço dos gânglios linfáticos. Isso porque essas feridas podem ser confundidas com outras doenças, como sífilis, herpes-zoster, catapora, entre outras.
Além disso, a coleta deve ser realizada por profissional treinado e devidamente protegido por equipamentos de proteção individual (EPI) em ambiente com segurança microbiológica.
Quando fazer o teste?
O exame deve ser realizado em amostras coletadas das lesões da pele do paciente com suspeita de infecção pela varíola dos macacos. Por isso, a realização da testagem é recomendada assim que as vesículas aparecem.
Tive contato com uma pessoa infectada, devo fazer o teste?
Apenas se houver sintomas da varíola dos macacos. “O exame só poderá ser realizado ao coletar o material da lesão da pele ou na cavidade oral, genital ou anal. Quando não há sintomas, não há meio de confirmar a infecção”, explica Charles.
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A varíola dos macacos é uma doença autolimitada com duração de duas a quatro semanas. Após a infecção, segundo o especialista, há um período de incubação de até duas semanas em que a doença é assintomática e no qual não há transmissão do vírus.
“Após esse período, há o aparecimento simultâneo de manchas cutâneas que podem surgir em qualquer parte do corpo e que são acompanhadas de aumento dos linfonodos e de outros sintomas, como febre, mal-estar, cefaleia, dor muscular e fadiga”, complementa Charles.
Testei negativo, devo repetir o teste?
Se ainda houver forte suspeita clínica, com sintomas persistentes, o teste pode ser repetido enquanto houver lesões na pele.
É preciso repetir o teste para sair do isolamento?
Após o período de isolamento, que dura 21 dias, não é necessário repetir o exame, já que ele só é possível quando há lesões na pele e mucosas.
Em quanto tempo sai o resultado?
O prazo para o resultado do exame pode variar de acordo com o laboratório. Em estabelecimentos privados, esse período pode variar de 24 a 48 horas. Já nos públicos, o tempo é maior, variando de 72 horas a sete dias, dependendo da região.
Onde fazer o teste?
Os testes já estão disponíveis nas redes pública e privada do Brasil. O exame desenvolvido pela Roche Diagnósticos, juntamente com a sua filiada TIB Molbiol, possui três kits: um detecta todos os tipos de orthopoxvirus, incluindo a varíola dos macacos. O segundo detecta apenas o vírus da monkeypox.
Para quem deseja obter ambos os resultados, há uma terceira opção, que detecta simultaneamente os diferentes orthopoxvirus e fornece informações sobre a presença ou não do vírus da varíola dos macacos.
Já o exame do Grupo Pardini pode ser encontrado em todos os laboratórios do grupo e em hospitais parceiros. Nele, são coletados dois tubos com amostras de duas lesões diferentes. O resultado sai em até quatro dias corridos.